28 de dezembro de 2008

O encontro de Natal - sob os olhos de sua avó

Antes que eu pensasse em escrever aqui sobre o nosso Natal, sua avó já o fez. Chegou em BH ontem à noite, sábado, e mandou um texto que eu abri hoje durante o plantão. Não são só as histórias, mas as impressões que ela teve de uma reunião pouco comum, entre famílias que se uniram por causa de um mesmo homem: seu pai. Fica então por conta dela um resumo da ceia e alguns comentários sobre relações humanas.



"Filhinha,

estou aqui escrevendo logo após por os pés em minha casa, depois de voltar do Natal em SP...
Vejo como você é nobre e generosa quando se relaciona com a família de sua enteada e acho que as coisas dão certo neste casamento principalmente pela maneira como você lida com os afetos que as pessoas que estão em volta de seu marido nutrem por ele. Gostaria de dizer um pouco de você e acho que meu depoimento deveria ser publicado, para que as pessoas que circulam a vida desse casal, possam admirá-la um pouco mais.

O Natal foi muito bacana e estivemos juntos em torno do jantar magnífico do Marco, esforço que ele faz para ver as pessoas felizes. De seu lado estavam seu pai, Pedro, eu e infelizmente o Alexandre não pôde estar conosco ai. Estavam também neste dia a avó, a mãe, a tia e o irmão da Fernanda, além de um casal de amigos (o Berni e a Tuca) que eu já conhecia muito de nome.

Todos tivemos o carinho de comprar um presente para quem estivesse conosco para demonstrar nossa alegria neste dia. Percebi que todos se sentem muito a vontade em sua casa, de maneira que se apropriam dela sem constrangimentos. O fato é que não existe donos e convidados, estão todos no mesmo nível. Se isso é bacana e acontece em sua casa é justamente porque os donos são generosos e não se incomodam de deixar todos livres para se expressarem da maneira como lhes é habitual.

Depois de um dia inteiro por conta da confecção da ceia, o Marco ficou servindo as pessoas e nem se sentou para comer. Viu as pessoas se comportarem como se estivessem em sua própria casa e em hora nenhuma se incomodou com isso. Confesso que não é fácil ser assim e admiro as pessoas que são capazes disso.

Posso dizer que esta não é uma atitude comum, porque os seres humanos são muito narcísicos e por isso reconheço no Marco alguém que gosta de proporcionar o prazer aos outros, como se isso o fizesse existir.

Torço para que ele possa se sentir retribuído a altura de sua generosidade e que não se frustre com o fato de que a maioria dos seres humanos não costumam reconhecer a gentileza, tomando-a como algo que lhes é de direito. As pessoas precisam saber que ser generoso não é uma “obrigação”, pois há pessoas que não o são! Os generosos sempre são vistos como pessoas que precisam mais do outro e por isso deixam de serem reconhecidos como as pessoas valiosas que são.

O Marco é valioso em sua generosidade, mas precisa se cuidar para não se magoar sendo assim, pois ninguém pede que ele o seja...

Eu vejo que você retribui a generosidade quando deixa-o a vontade para ser um pai ultra dedicado e solícito (e até empresta seu carro para a filha não ficar a pé), quando não se incomoda com a demanda que lhe fazem os outros e quando não vê fantasmas de sua vida anterior àquela que está construindo com você. Vejo o quanto você enfeita a vida dele, não somente com a sua beleza física e juventude, mas com o seu amor sincero, sua maturidade e companheirismo...

Eu admiro você por isso, porque sei que poderia ter escolhido qualquer homem neste mundo e você o escolheu, sem temer seu passado, nem os vestígios de vidas conjugais anteriores, vendo e reconhecendo nele as suas qualidades. Isso só é possível pelo amor que você tem por ele, amor que os românticos insistem em fazer existir com o esforço de suportar as diferenças mutuas e ver sentido na vida a dois. Acho que isso você aprendeu comigo, pois eu acredito no amor e, se ele não existe para muitas pessoas, é porque elas não são capazes de fazê-lo existir, pois amar não é para quem quer, mas para quem tem competência para se doar, sem se perder de si, sem deixar de se amar também...

Esta sua forma de viver sua vida com o Marco, fará com que você seja respeitada pelas pessoas que já estão na vida dele há muito tempo, pois você o faz ser bonito...

Você ainda ensinará às pessoas que o circundam o que é ter autoestima, já que é condição sine que non para você permanecer tranqüila, mesmo vivendo com um homem maduro e que tem amigos maduros. Você deixará que percebam a confiança que tem em si mesma, sem nunca demonstrar arrogância e convencimento além da medida, pois aÍ perderia seu mistério. Acho mistério se mover neste clima sem se deixar abafar, mas eu sei que em alguns momentos você deve se impor e deve mostrar sua bravura, mas isso é só quando abusam de sua paciência.

Agora você está “preparando outra pessoa” e terá como desafio educá-la e isso filha não chega perto de nada que você já viveu!!! Sei que uma mãe é sempre “coruja”, mas você é de “prova” que eu nunca deixei de dizer-lhe o que penso, mesmo quando sabia que a coisa não seria muito boa de ser escutada, porque a minha “corujice” tem limites. Eu acredito que a verdade sempre deve ser dita e que é ela que dá o tom da consciência do que se tem de bom e do que se precisa melhorar para viver nesta vida que não é fácil, mesmo quando as mães querem proteger os filhos.

Confesso que depois de viver este Natal em sua casa, não vejo como alguém dali possa colocar um defeito sequer em você, sem estar com o cotovelo doendo...

Acho que tenho que aprender com você muita coisa, porque eu nunca viverei uma festa de Natal com a família da “ex” de maneira tão singela e despreocupada. É como você diz: "meu marido não me dá nenhum motivo para que eu esteja intranqüila!" Mas digo-lhe: isso é importante mas não seria o bastante se você também não fosse generosa, pois do contrário nem estaria casada com uma pessoa como é o Marco, que gosta de se fazer necessária ao outro.

Desejo a vocês e toda a extensão da família de seu marido, muita saúde na passagem de ano e em 2009 para que possamos curtir a vinda de nosso querido Rafael. Dê a todos os meus votos para que saibam de minha lembrança, principalmente a D. Nair.

Mamãe." (vovó Paula)

mamãe e papai

Deus abençoe tanta fartura

seu pai e a irmã

mamãe e vô Marcos

papai e tio Pedro

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