21 de junho de 2014

Fefel leitor


"Mãe, como escreve chuteira?" "Chu, com c-h...Te-i-ra", ajudei. "E Lionel?", ele continuou. "Li-o-nellll, fazendo o som do L". Pouco depois, estava pronto o recado, na página de um catálogo que recebi: "Minha chuteira é igual Lionel Messi". 
Mamãe está há exatamente um ano devendo esse texto para ela mesma! Foi quando você começou a ler, aos 4 anos e 4 meses. 
Antes disso, já estava arriscando umas sílabas. Daí, um belo dia, leu o nome do pacote de bolachas integrais que a mamãe estava comendo. Não me lembro do nome, claro, mas era algo com vogais e consonantes e você leu direitinho. Foi lindo! Desde então, tô pra escrever sobre essa conquista.
De lá para cá, você só tem progredido, claro. 
Lê placas de ruas, pergunta sobre abreviaturas... Ex.: "P-c-a (Pça) é o que, mãe?". "E C. Branco? "... "E Des.?" Difícil é passear numa rua sem que você veja ou leia a placa. Acho demais. Muitas vezes faço caminhos com você por onde ando com frequência e você vê informações que eu mesma nunca tinha visto. É incrível. 
No boletim que recebemos do Santa, a nova escola, na quarta-feira, uma semana antes do fim das aulas do primeiro semestre, as professores dedicam um trecho para dizer que você tem um desempenho extraordinário na leitura. E que, mesmo assim, continua estimulado. Adora ouvir histórias, se interessa por novas palavras, quer saber o significado e agora "está empenhado em saber a diferença entre o C e o S e o AN e o Ã". Acho o máximo. Disseram também que você tem colaborado bastante, lendo para a turma e ajudando outros colegas. Que orgulho! 
Em casa também é assim. Quer ler tudo. Se arrisca no jornal, nos recados que traz da escola de Esportes, do colégio... Outro dia tentei te gravar lendo o bilhete do encerramento das atividades no clube. Super bonitinho. Na parte em que eles pedem para criança levar algo para comer, você leu assim: "Seu filho deve trazer A) doce B) salgado. Com as letras, das opções. Bacana demais, isso, gente! 
Além disso, toda semana arrisca escrever uma cartinha. No dia das mães, escreveu uma dando os parabéns. Depois de alguma briga, escreve vários recadinhos. Num deles, dizia: "Mãe mi disculpi pelo que eu fis". 
O último, de quarta-feira, 18/06, foi assim: "Gaby não (com ~, certinho) qer (quer) escovar os dentes!", porque me ouviu falar que todo dia era uma luta com ela que chora e dá o maior trabalhão nessa hora. hahahah! 
Mamãe guarda quase todos!

PORTUGUÊS E INGLÊS ?
Desde o ano passado, no último ano da Beacon, já estava lendo em inglês. A professora Christine passou uns dois meses mandando livrinhos práticos, de palavrinhas que rimam, para gente ler com você. Aliás, pra você ler para gente. Historinhas do tipo: "I LIKE TO COOK", said the pig. "I like to cook, said the chicken"... Passando por vários animais até que todos dizem juntos: "We like to cook!". Outros do tipo: "Mat the fox has a box!'. E você estava lendo tudo. Só que quando avisei que você foi sorteado e trocaria de escola, ela simplesmente parou de mandar os livrinhos e de te ensinar também. Isso foi uma das coisas que me deu até aperto no coração de te trocar de escola. Estava indo tão bem... cantando musiquinhas em português e inglês. Curtindo aprender, sem esforço. Mas tudo bem. Ainda é novinho, vai ter muito tempo pela frente!
Hoje em dia, ainda arrisca umas leituras em inglês. Outro dia fui te buscar na aula e você tinha levado um livro por conta própria. A professora, Kathy, disse: "He read to us. It was nice!". rs!
Que maravilha, filho. Isso só te fará bem. Que a sua curiosidade e a leitura te façam desbravar o mundo! 
Deus te abençõe, sempre! 
21/06/2014


28 de dezembro de 2013

Só na vida boa


"Mãe, já tomei cinco picolés! Agora quero o sexto, o sábado e o domingo!", exclamou assim que me viu entrando na brinquedoteca do clube, já por volta das 18h30. Achei o máximo. 
E o pior é que o calor que fez hoje - uns 33 graus - foi mesmo de querer passar o dia tomando sorvete, dentro da piscina. 
No nosso primeiro dia de folga depois do plantão de Natal, resolvemos passar a tarde no clube. Gabi e mamãe ficaram no parquinho até o sol baixar. Você, só brincando na piscina com os amigos e a Bia, filha da Letícia e do Lúcio. Tomou os dois primeiros picolés na minha presença, depois de pedir pra ganhar. Os outros três - se é que aconteceu mesmo - foram consumidos enquanto eu estava no salão. Seu pai ficou cuidando de você e da Gabi, sozinho. Rs! 
Agora já são 22h12, do dia 28/12/2013. Gabi dormiu e você, depois de se esbaldar com o seu pai tomando banho de mangueira do quintal, comendo churrasco noturno e planejando a equipe do circo que você vai montar (com todos os amiguinhos da Beacon na trupe), agora já não dá mais sinais. Deve ter apagado no sofá. Também, foram quase 15 horas ligado hoje (das 7h45 às 22h). Haja pilha! 
Viva o verão, viva a folga, viva a família. Que venham os sextos, os sábados e domingos... picolés e tudo mais.

obs.: Seu pai veio me contar morrendo de rir que te encontrou no banheiro masculino tomando banho sozinho, com a toalha do clube separadinha do lado. Ele perguntou quem tinha te dado a toalha e você respondeu: 
- Eu aluguei!
- Como alugou?
- Eu assinei lá!, você explicou. 
Daí ele, surpreso, disse: 
-Mas você não sabe escrever, meu filho!
E você arrematou: 
- Eu escrevi meu nome!
Dito e feito. Estava lá, seu nome na lista dos que alugam toalhas. A conta vai chegar, com certeza. Mas o melhor de tudo foi o seu pai dizer, sem se aguentar: "Esse daí não passa apertado. Ele consegue tudo!" 
Ó o perigo!

13 de dezembro de 2013

18 de novembro de 2013

Perfil para nova escola. Rafael é...



Quase meia noite e acabo de preencher a anamnese da escola nova, que começa em 2014. Depois de revirar toda a sua vidinha escolar e a sua personalidade, filho, mamãe se deparou com a surpresa: DESCRIÇÃO DA CRIANÇA. 
Delícia ter tantas coisas boas para dizer. 
Ficou assim: 
"Rafael é um menino muito ativo. Corporal, articulado, curioso, habilidoso, inteligente, coordenado, corajoso, ousado. Desafia limites - os próprios e os impostos. Adora ajudar. E ainda se vê maior do que é.
Fala bem, fala alto, fala grosso. Adora livros, sabe ler. Em Português e também em Inglês (nível iniciante). Ama música, gosta de tocar instrumentos e tem ritmo. É talentoso. 
É aguerrido, adora desafios. Determinado, quase não desiste. Gosta de liderar e, por isso, tem dificuldade em se subordinar.
Ama fazer conta. Acompanha o calendário, conhece os meses, sabe os dias da semana. Quer entender o relógio... Tem noção de tempo. 
Perguntador, não fica sem assunto. Filho de jornalistas, entrevista qualquer um. 
Neto de ex-atletas, ama esportes de paixão. É competitivo. Gosta dos desafios e busca superá-los."
Não consegui resistir. Tô cheia de coisas que quero registrar da sua irmãzinha linda. Mas como essa aqui já estava escrita - era um compromisso - não aguentei! Tive que deixar no seu mundo. 

14 de junho de 2013

Rafael, THE brave!




Hoje me enchi de orgulho de você num momento em que tive de me segurar pra não fraquejar. Nós encaramos juntos mais uma despedida com bravura, meu querido. E a Gabi, que só tem cinco meses, estava conosco. 
Foi-se mais uma babá para quem você se doou completamente. Se entregou, aprendeu a gostar em dois palitinhos, como sempre fez, e a colocou em boa parte dos seus planos. Gentil, que só você, pensava nela até na hora de comprar os desejados chicletes. Voltava sempre falando que ia "dar um pra Regiane." Mas, vítimas da imaturidade e da ilusão, certamente, acabamos tendo que vivenciar mais uma despedida. 
Nem vale a pena gastar tempo e espaço - este aqui precioso - com detalhes, mas pra todos os efeitos, ela saiu porque já não suportava a saudade da família. Foi o que ela disse... E, pra você, é essa a história que vale.

O QUE FAZER?

Passei as duas últimas semanas, até dispensá-la, sem saber o que te dizer porque não conseguia assimilar que você ia encarar mais uma partida. Como é difícil também pra gente, Fefel... Mas, ao mesmo tempo que fico triste com as "perdas", preciso confessar que sempre tive prazer com as chegadas. 
E tenho tido a prova de que você só se fortaleceu. Certa de que também sente que o que há de mais rico - a relação familiar - continua como uma rocha entre nós. Amém.
Pois então, depois de ouvir a vovó Paula, decidi te contar hoje mesmo - o último dia dela - que ela não voltaria. Deixei você à vontade com ela enquanto amamentava a sua irmãzinha. Quando voltei, você estava todo encolhidinho no colo dela. Eu fico me perguntando: "Como alguém que escolhe ser babá põe a perder uma relação dessas?" Falta de capacidade para pensar, agir e ser diferente, na certa!
Bom, eu queria transformar a saída num momento leve, sem drama. Por isso, resolvi ligar pro tio Pedro. Mas não tinha ninguém em casa. Vô Marcos também não estava. Tio Du! Tio Du, pensei. Já estaria de volta em casa na sexta-feira. Foi ótimo. A vó Nair atendeu, mas disse que era urgente e que depois explicava. Você pegou o telefone, entrou numa conversa e, de repente, a agora ex-babá passou pela sala. Eu falei pra você se despedir - também tenho orgulho de mim! - e quando vi o seu bracinho e mãozinha envolvendo as costas dela, dei um suspiro! Nessa hora foi duro. Ao mesmo tempo que pensei na pena que era a partida, tive a certeza de que você é o menino mais especial do mundo. Pode ter igual, mas melhor é impossível!
Agora emocionada, de novo, deixo registrado aqui: você é a nossa riqueza! Agora está dormindo, mas acabo de sair do seu quarto onde fiz uma oração no pé do seu ouvido. Além de agradecer a Deus por você existir, eu te disse e repito: "Sorte de quem puder cuidar e conviver com você." 
Você é único, meu amor! E a sua irmã querida também. Ô nenem fofa! Pode procurar por aí que também não tem. Deus nos abençõe.

(14/06/2013)

2 de junho de 2013

Inteligente e... levado!






Fomos convocados, como todos os pais, para reunião de fim de semestre na escola. Oportunidade de saber sobre o desenvolvimento de cada criança. Bem, fomos no dia 29, véspera do feriado de Corpus Christi. Tinham avisado que as coordenadoras participariam mas, chegando lá, só tinha a professora na sala mesmo. Tudo bem. 
O começo foi um prazer! Christine encheu a boca para dizer que você gosta e tem um desempenho notável em matemática. Fica fascinado, responde aos estímulos e tem conhecimento acima da média. Palavras dela. Deu exemplo: "São 13 crianças na classe. Duas faltaram... Quantas vieram?" Segundo ela, a maioria tem de visualizar a foto das que estão lá pra fazer as contas... Você não. É capaz de fazer a subtração de cabeça e responder: Onze! "Rapidamente", completou. Baseado nisso, ela tem dado atividades extras para você e disse que vai trazer coisas inclusive que não são do currículo da escola. E reforçou que isso vai ser essencial para o seu futuro escolar, porque você está construindo bem essas bases. Nem precisa dizer que ficamos orgulhosos, né, filho?! Orgulhosos e felizes de saber que você tem esse dom e que o quanto gostar de aprender e ter facilidade pra isso será bom pra sua vida! Deus te abençõe. Não acabou por aí. 
A professora falou que você ama histórias. Coisa que a gente já sabe... E que na parte da alfabetização já reconhece letras e costuma dizer: "Essa letra tem no nome da minha mãe... Ou, no do meu pai!". É a coisa mais linda do mundo. Antes mesmo de fazer quatro anos - agora tem 4 e 3 meses - já reconhecia muitas letras. De repente, passou a conhecer todas. As placas de carro que você a-ma ler, ajudaram. O papai é o responsável por esse "esporte". Foi ele quem começou a te estimular a ver placas. Começou com os números e, de repente, você já estava nas letras. Sabe todas, até Q, K, W. E já que o papai deu o ponta pé, a mamãe gosta de te estimular a pensar nas palavras. "Q de queijo, filho! Q de quero, de que, de por quê?". Tem vezes que a gente fica um tempão falando palavras. 
Obs: Enquanto escrevo, agora 13h34 de um domingo, escuto você lá embaixo perguntar pra Marilene, a nossa folguista: "Amanhã é dia de escola?" Depois de responder que sim, ela perguntou se você gostava da escola. E você disse: "Eu a-mo! Eu amo matemática!"Hahhahahah!!! Só porque eu acabei de te contar que estava aqui escrevendo sobre a reunião na escola para o "seu Mundo", como você costuma chamar o blog.
Bom, daí a Christine explicou como ensina as letras. Disse que é pelo som em inglês e não pelo nome de cada uma. Ex: J não é Jey. É "je"... pelo som em Jam, Jar, Jello... Foi ótimo saber porque daí não corro o risco de atrapalhar o processo achando que você se confundiu. Delícia, isso. 

LEVADO. OU, LE-VA-DÍSSIMO!






Da parte boa, passamos para os B.Os. (boletins de ocorrência! rs.). Ela disse que você tem um comportamento que oscila muito e que não dá para dizer que houve progresso (de março para cá, quando fomos na primeira reunião). Você está sempre querendo chamar a atenção. Também, palavras dela. Pra gente é duro, porque já estamos há algum tempo trabalhando para te mostrar que tem de seguir as regras, tem de se comportar. Mas agora estou atacando a teimosia, estimulada pela informação constante, em todos as atividades, de que você desobedece. Como bem te disse seu pai: "Se todo mundo reclama, alguma coisa tá errada, né?!"
A professora disse que acreditava que trazer você pro lado dela, pro colo, e te dar mais atenção, fosse ajudar. "Como deu certo com outras crianças em outros anos", disse. Mas, pra surpresa dela, não funcionou. Pelo discurso, eu percebi que ela também tem tido trabalho para buscar caminhos. A experiência que ela mesmo fez questão de mencionar ainda não foi suficiente para conseguir administrar a sua energia e controlar a personalidade. Sendo assim, nos contou que decidiu fazer "algo diferente". Antes de nos dizer, disse que conversou antes com a coordenadora sobre o que estava pensando. Na verdade, avisou que tinha pedido o aval. E disse: "Agora eu tenho o colocado pra fora de sala. Quando ele insiste em não se comportar, eu digo: Rafael, leave the classroom!" Ela disse que já fez isso umas três vezes. Ela relatou que percebeu que antes, em qualquer situação, estava era te colocando em evidência! Agora, quando você sai, pergunta para onde deve ir. E ela responde: "Doesn't matter!". Eu disse que achei interessante. Falei ainda que em casa também tenho tomado atitudes para me distanciar e para não dar tanta importância para o que você faça. Quando mais me incomodo, pior fica. 
Ah, também tive a noção de que a nova forma parece até tratamento com adolescente. Na conversa com a vó Paula, ela achou a medida válida, mas ficou intrigada. Disse que queria saber o que passa na sua cabeça nessa hora fora da classe. Afinal, ficou contido. A vovó também reforçou que temos de dar um voto de confiança para professora que também está trabalhando para te impor limites. "Vocês pagam por uma escola cara, ela tem experiência e está buscando formas... Vamos torcer pra dar certo!", exclamou.
Na minha interpretação, você ficou quieto e aceitou o castigo sem transgredir porque ficou "apagado". E, pro menino que é, nada pode ser pior que isso. Gostar de aparecer é justamente o contrário de ser anulado com uma coisa tão simples, né?! 
Mamãe tá escrevendo e pensando: "Quando você puder e quiser ler isso, já teremos superado essa fase de ensinar limites. Já terá aprendido que além de ser obrigação, tem de saber respeitá-los pelo bem da própria vida. Pela segurança, pela saúde, pelo futuro!". Então, meu filho, o registro é também uma forma de demonstrar orgulho, preocupação e amor por você. Que Deus nos ajude nesse caminho. 

obs.2: O termo "levado" ficou por conta do vô Marcos. Contei sobre o bom desempenho e quando disse "Mas...". Ele logo completou: "...é levado!" Pensando assim fica até mais fácil de lidar. É um pouco da suavidade que a mamãe precisa pra não levar tudo tão a sério e te ajudar a ser mais levinho também. Eu te amo!

25 de abril de 2013

Queria mais irmãos, mas...


Essa história não é de agora... Foi conversa de um mês atrás, pelo menos.
Você, filho, estava em casa planejando quantos outros irmãos queria ter:
- Quero mais três irmãos. Cinco, ao todo.
- Filho, mas onde eles vão dormir?
- Comigo e com a Gabi...
- Você não vai se importar de dividir o quarto?
- Não, cabe!
- Como eles vão se chamar?
- Rodrigo, Gabriel e Isabella...
E aí, o ponto chave da conversa:
- Filho, pensando bem, como você vai fazer com o seu ciúme?
E a ficha cai:
- Ah, é... Tinha me esquecido disso!
Ou seja, pensando no quanto é difícil ter que dividir a atenção, preferiu então ficar só com a irmãzinha que já nasceu mesmo.
Não foi demais isso?!

15 de abril de 2013

Todo mundo tem bexiga?


Estávamos na clínica para as vacinas do segundo mês da Gabi. Você queria ver tudo, até a hora H. Quando percebeu que vinha a injeção e previu que ela fosse chorar, saiu correndo. Disse: "Não quero ver!". Achei lindo, não posso negar. 
Daí, pediu para fazer xixi. E eu, toda preocupada de perder a vacina. Insisti para o seu pai ir para estármos os dois juntos, de repente, eu perco? Só faltava...
Bom, te levei correndo no banheiro e acabei aproveitando para fazer xixi também depois de você. 
Daí começou o diálogo daqueles que eu não podia deixar de registrar:
- O meu xixi estava no meu pipiu... e o seu, na sua iéié!
Eu disse que o xixi ficava na bexiga. E você: 
- Na bexiga? Todo mundo tem bexiga?
Respondi que sim. E surgiu a próxima dúvida: 
- Até Deus tem bexiga?
Pensei, pensei e respondi rapidamente que também. Aí você ficou intrigado:
- E onde é que ele faz xixi? 
Boa, filho! Nessa hora saí da parte prática e fui pra lúdica: 
- No céu... é por isso que chove! 
E a história terminou aí, sem mais perguntas. 
Voltei a tempo para a vacina e você foi brincar.

15 de março de 2013

O ciúme



Por que ninguém fala abertamente dele, né?!
Mamãe voltou para análise depois de quase três meses. Feliz com o fato de termos conseguido - eu e o papai - contornar a fase mais difícil do seu comportamento depois da chegada da irmã. As duas primeiras semanas de fevereiro foram duras! Vovó Paula já tinha ido embora, papai voltou a trabalhar. Sobramos eu e a antiga babá para ficar com você, que ainda não aguenta ficar um minuto sozinho. Tá sofrendo... mas já com menos intensidade.

AVATAR 
Contei na sessão do "tiroteio" que você armava em casa, o tempo todo, pra todo canto. E disse que tive que recolher todos os objetos que serviam para ataques: espadas, corda e a maldita flecha que seu pai te deu ainda quando a mamãe estava na maternidade. Todo mundo foi atacado, literalmente! Uma das primeiras observações da analista foi sobre a flecha, claro: "Muito interessante, né?!, uma flecha!". O seu pai certamente não pensou na conotação quando atendeu seu pedido pelo presente. Quem pensaria?
Daí contei que um dia te falei: "Filho, nós não estamos em guerra! Isso aqui não é Pandora!", já desesperada. E aí veio a pergunta ou afirmação, não me lembro ao certo, que clareou o meu pensamento e tirou de mim a imagem de você estava terrível porque não sabia se controlar: "Mas para ele era uma guerra, né?!". Meodeos! 
A mamãe já sabia que você, como qualquer criança que ganha um irmão, estava sofrendo de ciúmes. Mas não enxerguei que a sua reação - o tempo todo! - era típica de quem estava enfrentando uma guerra! Ao me dar conta disso, pude perceber que você agia como se estivesse defendendo o seu espaço constantemente. Pra nós, que te amamos e queríamos cuidar de você, só parecia uma reação descontrolada. 
Enxergar me permitiu ver tudo de um jeito diferente e agora me ajuda a mudar a minha reação quando algo não vai bem.

CIÚME - ELE EXISTE E É PRECISO NOMEÁ-LO 

A analista perguntou: "Vocês já falaram disso com ele?". Na hora entendi que era preciso falar. Desconcertada, contei que um dia, logo no começo, te perguntei se estava com ciúme da babá, Elisa. "Elisa?", ela rebateu com estranheza. Também não precisou de mais nada para eu entender que o ciúme era de mim. Ou da irmã, mais provável. Expliquei que você tinha ficado muito agressivo com ela. Mas entendi que apesar da agressividade ter sido mais forte contra a babá, não era dela que você sentia ciúme.
Conversando com seu pai sobre a descoberta do quão importante era falar sobre isso com você, me dei conta de que a coisa parece tão natural que, por isso, não damos nome aos bois. Todo mundo pergunta sobre ciúmes, todo mundo fala sobre ciúme, mas ninguém conversa diretamente com quem sente. Ou seja, nós já sabíamos que você sentiria, sabíamos que você estava sofrendo e tentávamos fazer de tudo para amenizar esse sofrimento. Ficamos quase dois meses trabalhando para tentar fazer você não se sentir preterido. Mas não nos demos conta de que falar abertamente com você era o mais importante. Descoberto isso, no dia seguinte já te falei: "Filho, você não precisa ter ciúme da sua irmã!". E você perguntou imediatamente: "Por quê?". Fiquei impressionada com a pureza da pergunta. Ou seja, é tão óbvio sentir ciúme que você quis saber porque não precisava ter. 
E eu respondi que, com a chegada dela, nada mudou no que sentimos por você, que te amamos do mesmo jeito. Que ela só veio tornar a nossa família mais bonita e bacana. 
No dia seguinte, depois de levar quatro chutes de tae kon do na perna, fiquei brava. Confesso que até revidei com um. E, mesmo indignada, resolvi perguntar sem muita certeza: "Filho, você está com ciúme da sua irmã?". Na bucha veio um: "Tô!" e explicou que queria ter uma babá só para você. Isso porque a novata, que só contribuiu para essa fase mais tranquila, tinha acabado de subir para preparar o banho da neném, enquanto a mamãe a segurava no colo. Você se sentiu deixado e eu não tinha percebido! Logo expliquei que não dá para ter duas babás, que todas as famílias tem uma só para cuidar dos irmãos e dei exemplos. Em menos de 1 minuto, você já estava querendo segurar a irmãzinha no colo. OU SEJA: constatei que falar sobre o ciúmes é como tirar uma nuvem negra de cima com a mão! Tudo muda!  Incrível! 

É LEGÍTIMO 
Comentei com a tia Gá por mensagem sobre as descobertas, sobre as conversas com você e ela disse: "Sobre afetos, o único viés é a palavra. Falar, falar até esvaziar... Legitimar, nomear e, então, encontrar caminhos da solução. Ele se sente compreendido e, consequentemente, amado!"
Que coisa maravilhosa isso, gente!  Aprender, sem receitas, o caminho para melhorar a nossa relação e fazer as coisas serem mais fáceis para você. Mamãe entende que você sentirá ciúme muitas vezes. Mas quer torná-lo menos sofrido e está feliz de ter encontrado o caminho. Nós te amamos, preto!

27 de fevereiro de 2013

Meu mundo


"A Gabi também tem um MUNDO? O dela é Rosa?", perguntou pra ter certeza do que via na tela do computador. 
Eu ouvi de longe e achei o máximo! O pai, que estava postando fotos, confirmou. 
Depois, o melhor: "Eu quero ver o meu MUNDO, azul!" 
Não é que você já sabe que as historinhas da sua vida, que adora ouvir de noite antes de dormir, estão todas nesse canto lindo que a gente criou, o "Mundo de Rafael"?! Que orgulho!

Gabi goleira?


"Mãe, olha como ela agarra a minha mão!", exclamou Rafael impressionado com a força da pequena Gabi, que estava em cima da banheira depois de um banhozinho. E completou: "Ela é forte! Vai ter que jogar futebol!". 
Eu logo emendei: "Futebol, filho?! Não sei se ela vai querer...". 
Daí, a sentença: "Ela vai ter que jogar no gol, porque é boa em agarrar!". 
Maravilhoso!

22 de fevereiro de 2013

Fefel, o irmão apaixonado

Foi uma boa surpresa a reação do irmãozão com a chegada da pequena Gabi. Ele se apaixonou logo de cara!
Fico pensando e acho que pra ele também deve ter sido importante vê-la nascer. Afinal, ele estava lá o tempo todo, junto com os avós, espiando o parto da janela. As fotos não me deixam mentir e uma delas revela ainda a sensibilidade da enfermeira que levou a irmãzinha enroladinha bem perto dele, para apresentá-la a quem de mais importante ela terá na vida a não ser os pais, o irmão.
 









NA MATERNIDADE
Foi um misto de carinho e agitação. Como tem sido desde o início, aliás. Assim que ela chegou no quarto, ele estava lá. Subiu logo no sofá para ficar na altura do bercinho e fazer carinho na cabecinha. A coisa mais fofa! Mas o amor não contém a energia, claro. No hospital mesmo, as visitas dele tinham de ser muito breves. No segundo dia, ai jisuis, Rafael "incendiou" o quarto. Era chegar, tirar o sapato e começar a abrir a geladeira e querer pegar todos os suquinhos de caixinha que estavam dentro. Depois, se escondia no armário, subia na pia do banheiro para lavar mãos e até os pés, levava o banquinho do banheiro para perto do álcool em gel, que passava o tempo todo na mão para tocar na irmãzinha, apertava os botões da maca, fazendo descer e subir o tempo todo, fuçava nos botões na parede da cabeceira e, não bastasse tudo isso para deixar a gente de cabelo em pé, ainda encontrou no apoio de ferro do soro uma espécie de skate! Inacreditável! Subia na base descalço e, segurando no suporte,  lá ia ele de um lado para o outro se deslizando nas rodas... Confesso que quase morri de cansaço! Só de pensar no sufoco já fico podre de novo! A vó Paula era a que mais tentava por ordem na coisa também, coitada. Era o tempo todo falando: "Rafael, meu filho, não faça isso!". Ou dando corda para brincadeira no armário, a mais tranquila. Era ele falando: "Vovó... vem me procuraaaar!" E ela: "Cadê você?! Será que saiu?!", para mantê-lo mais quieto! Depois desse dia super agitado, os seguintes foram de visitinhas mais curtas. Chegava, sentava na cama, me dava beijos e logo queria pegar a irmã no colo. Eu, orgulhosa, fazia questão de deixar.

ORGULHO
Não tem nada que me faça mais feliz do que vê-lo carinhoso com a irmã. Adoro quando ele quer se acomodar perto da gente, quando ela está mamando. Só temos que dosar a forma, porque senão ele se empuleira junto da almofada de amamentação e até atrapalha.
Diante de tanto amor, as frases de admiração e paixão não cessam mais. São tão preciosas que tenho anotado algumas desde o início, para não correr o risco de esquecer. A mais marcante e constante é: "Você é linda. Eu te amo!". Ou, falando dela pra mim: "Ela é linda!", com jeito de profunda admiração.
Ele fala espontaneamente, quase todas as vezes que se aproxima do rostinho para dar os beijinhos, que eu fico vigiando para não ficar muito perto da boquinha e nem sufocar.


Nas primeiras semanas, Rafael soltou várias frases de efeito, que anotei pra nunca mais esquecer:

-"Essa menina é uma benção, vovó!" Não precisa de mais nada, né?!

Falando pro pai, olhando a irmã no bercinho: "Eu queria tanto ter uma irmã assim... Ela é tão linda. E agora eu tenho!"

-"Ela é tão linda!", admirado.

Quando ouve um resmunguinho: "Mãe, ela quer mamar! Ou: "Ela quer peito!"

Outro dia, ouviu o choro lá de baixo. E falou pra babá: "Deixa que eu resolvo!". Saiu correndo feito um louco e quase ganhou dela na corrida. Sorte que ela conseguiu alcancá-lo porque a gente não sabe se ele ia ou não querer pegá-la do berço! rs.

-"Como é que eu posso ajudar?"- falava o tempo todo no começo. Mas só queria o filé mignon. Quando pedíamos para jogar fralda no lixo ou para parar de fazer barulho, nada feito. Um dia ouviu da avó que a gente ajuda do jeito que precisa e não do jeito que quer. Pouco depois, repeti isso. E perguntei: "Quer limpar o cocô?", só para tirar um sarro. Não é que ele quase topou?! Respondeu com um: "Tá bom!", quase que dizendo: já que não tem outro jeito, né?!  

-"Eu quero pegar ela no colo!" Sempre que dá, ponho. Acho fofo ele sentado na cadeira de amamentação com a almofada e ela no colo.

Fazendo muito barulho na sala, ouve: "Filho, não faz barulho, sua irmã está dormindo!" Ele: "Eu não queria ter essa irmã, ela só dorme!". Até entender que demora mesmo para interagir, vai tempo... hahaha!

No ouvido da irmã, que mama: "Te amo e você é linda!" Quem aguenta um apaixonado desses? Ela vai ou não ser fã do menino?

- "Que linda!", ao ver a irmã chegar na porta do quintal toda enfeitada de lacinho branco, enquanto ele pegava acerola com o pai no pé. Conquistador natural!

- "Nem acredito que eu tenho uma irmã com esse quarto lindo! Que legal... Uhhh!" Essa é maravilhosa! E se eu não tivesse registrado, já teria me esquecido.


O CIÚMES
Apareceu, claro.  Com a vovó em casa e o papai de férias, ele sempre tinha alguém à disposição. Mas de vez em quando ficava choroso pelos cantos. Um dia, a empregada pegou ele na cozinha
passando requeijão no biscoito. Ela perguntou o que ele fazia e ele respondeu: "Tô aqui me virando sozinho..."( com jeito de lástima). Fala sério! Como se ele tivesse ouvido alguma orientação do tipo ou como se alguém tivesse se recusado a ajudá-lo.
Descontou um tanto na babá que deixou de cuidar só dele e fez loucuras agressiva nas duas primeiras semanas de fevereiro. Estava se achando o próprio Avatar (viu o filme entre dezembro e janeiro umas 25 vezes!).  Mas não se deu conta que não estávamos em guerra. E o Carnaval logo no início do mês veio pra prejudicar ainda mais a situação. Achei que ia pirar! Mas, graças a Deus, e à nossa atuação imediata, conseguimos contornar as ocorrências em duas semanas. Agora as coisas estão bem melhor, ufa! Daria pra dizer que nos B.Os atuais só tem travessura.

A gente sabe que pra ele tem sido duro, afinal, era único, podia muita coisa, tinha muito poder... Como diz a vovó, a chegada da irmã transformou tudo.  Eu e o pai sentimos e fazemos de tudo para dar o carinho que ele precisa, sem fraquejar na imposição de limites. As coisas estão caminhando e temos orgulho da família que estamos construindo a base de muita disposição, coragem e trabalho.

MAKING OFF
Ainda no hospital, tivemos a oportunidade de nos divertir com ele no penúltimo dia, durante uma caminhada pelo corredor. Ele sabia que em todas as portas havia plaquinhas com os nomes. Daí, pediu: Vovó, lê pra mim?! E lá foi ela... De repente, a placa: Joaquim Manoel. Quando ela leu, ele disparou: "Joaquim Manoel?! Que nome esquisito!" Quase morri porque não conseguia conter as risadas, andando cheia de pontos! Uns três caras que estava no corredor também se divertiram com ele. Ai, ai... que menino! Que Deus abençõe, proteja e guarde o caminho dessas duas joias raras, Fefel e Gabi! Amém.



3 de janeiro de 2013

Boa praça


Você é um menino muito articulado mesmo. Em novembro, foi entregar o carro da irmã, operada, com o papai na casa dela e voltaram de táxi. Daí, o motorista falou, segundo o papai: "Tô com muita fome!"
Não pensou duas vezes e fez: "Vamos comer lá em casa então. Tem uma carninha gostosa!".
Seu pai conta que o taxista achou graça. 
Também, não é fácil encontrar um cliente boa praça desses por aí. 

30 de novembro de 2012

O tal do besouro




O nome do bicho é horrível e eu nunca podia imaginar que isso ia virar assunto para destacá-lo na escola, filho: "Besouro Rola Bosta". Quem inventou isso, gente?!
Hoje (29/11) fui te levar e a professora de português, Miriam que você adora, me pegou na piazza, o pátio comum perto das salas de aula: “Que memória privilegiada seu filho tem, hein?!”.
Eu disse: “Por falar em memória, você não imagina como ele é jogando memória... Ganha de mim e do pai sem a gente deixar!”. Pura verdade! Você se lembra dos lugares onde estão peças que apareceram no início do jogo, muito tempo depois. Ficamos os dois boquiabertos, sempre.
Bom, daí a professora fez: “Ele sabe o que é o besouro rola bosta!” Hahahahhaha!
Coisa do vô Marcos, que te apresentou o nome e o bicho no feriado de 15 de novembro, aqui no quintal.
Ela contou então que a outra professora, se não me engano a Dani, falou impressionada: “Miriam, adivinha quem conhece esse besouro? O Rafa!" E disse ainda que a outra só conhecia o inseto porque tinha ouvido falar uma vez, mas ficaram as duas impressionadas de ver que você conhecia o bichinho, só de bater o olho! Eu contei que foi o vovô que o apresentou.
A Miriam me disse ainda que morou em casa com jardim, mas nunca tinha ouvido falar no tal besouro. Daí, concluiu: “Depois dessa, agora sempre que a gente quer saber de uma coisa a gente fala: mostra pro Rafa!”.
Ai, ai... chega a ser curioso porque na hora que eu ouvi o vô Marcos te ensinar o nome do bicho – sem desconfiar que pudesse ser conhecido por mais alguém – quase morri! Com um sobrenome desse, ia cair no seu gosto, claro! Só que logo pensei na estranheza que isso ia causar em quem te ouvisse falar... Mas, ao contrário, causou foi boa impressão! Que beleza, filho!