11 de dezembro de 2011

A Rosa e a Céu

Filho do céu, esse é um registro rápido só porque também não dá para passar sem isso. Ontem, na festinha da amiga Maria Tereza, descobri que a mãe de outra coleguinha, a Rosa, é a Céu, cantora. Agora fala sério, como eu não sabia? Estou aqui colocando inúmeras músicas dela para você ouvir e pra mim também, claro. Algumas eu já tinha ouvido, outras nunca. Já ouvi quase tudo que tem disponível no youtube e não é que você está cantando a que talvez seja a mais conhecida delas: "Menino bonito, menino bonito ai...".
Quando me dei conta, fiquei sem jeito, porque até ontem ela era a "Mãe da Rosa". Como eu, que sou a "Mãe do Rafael". A gente custa a descobrir e guardar os nomes das mães, uma coisa horrível. E não é que tem alguns que eu provavelmente ainda não sei?! Tirando isso, o nome dela é bastante conhecido, apesar dela ter dito "Eu não sou muito famosa!", quase que me desculpando pelo mau jeito. E eu, nessa coisa louca de ficar só lendo notícia de política, economia e cidades e de ficar ouvindo CBN e quase não assistir outra coisa em TV a não ser jornais, não me dei conta do quão importante ela é, pela voz linda, pelo repertório e por ser uma das cantoras revelação da música brasileira dos últimos anos. Eu sempre a achei linda nos encontros na porta da escola ou nas situações em que estivemos juntas na escolinha, mas confesso que não associei a voz da cantora com a imagem. É, porque já tinha ouvido algumas músicas dela na rádio Eldorado, mas nunca tinha a visto na TV. Sem contar que, na porta da escola e até ontem mesmo, quando conversamos mais, não daria nunca para associar a voz da cantora com a voz da mãe. Foi uma surpresa grande e, apesar do constrangimento, fiquei bem feliz de saber que a coleguinha é a filha dela. E olha que a gente já falou bastante dessa amiguinha aqui em casa, principalmente na fase em que você deu trabalho na escola. Não me esqueço do dia que te levei no jardim, fiz você pegar numa flor para te explicar o quanto a rosa é delicada. Eu dizia: "É como a Rosa, sua amiga.", para tentar te fazer entender que você não podia fazer maldade.
Bom, se é que ela ainda não é "famosa" como será, eu já tive o prazer de descobrir. Além dela ser uma simpatia é, acima de tudo, mãe da sua coleguinha. E parceira de algumas festinhas (risos) como as outras mães.

os amiguinhos da primeira turminha - G2

3 de dezembro de 2011

Kotschão!

"Kotschão!" Foi assim que você terminou o dia chamando o amigo do pai, conhecido nacionalmente como um dos maiores repórteres da imprensa brasileira. Eu achei o máximo, afinal, é a maior comprovação da intimidade que você conseguiu criar com ele. Poderia ter sido com qualquer outro bom companheiro de viagem, mas foi ele que nos acompanhou hoje até o sítio do outro amigo, Heródoto, uma personalidade também.
Sua mãe fica feliz em poder deixar registrado um momento que poucos terão a chance de viver. Se você não pode se dar conta disso, pela pouca idade, eu faço questão de deixar guardado, porque também é parte da sua história. Quando você estiver com a minha idade (33 anos), se tiver interesse pela profissão do seu pai e da sua mãe, vai ter a chance de saber que você conviveu com pessoas brilhantes, muito admiradas por nós. Vamos ao início, como a mamãe sempre faz.

O INÍCIO
Você voltou da pracinha para gente ir à feijoada de fim de ano que a equipe do seu pai e do Heródoto resolveu fazer para comemorar o ano bom, de estreia de um novo jornal, um novo formato na TV, que quem assiste já identificou. Criação do seu pai, filho, que também é admirável!
Assim que chegou em casa percebeu que tinha gente diferente. Era ele, o Kotscho (risos). Você chegou desconfiado, mas ele foi logo te receber. Te apresentei, disse que ele era amigo do seu pai, que trabalham juntos. Ele te cumprimentou, contou que tem três netos e foi para o quintal enquanto a gente se arrumava. Eu fiquei conversando com você e resolvi te contar que Kotscho era como o seu Nascimento, mas que todo mundo o chamava assim. Aí você fez: "Kot-scho?" Pronunciando certinho! Eu achei bonitinho porque você gostou da sonoridade e ficou repetindo depois. Daí, estávamos comendo abacaxi e você reclamou que estava difícil partir. Eu falei: "É porque você só tem dois anos, filho!" E você começou a perguntar: "E você?" Trinta e três. "E meu pai?" Cinquenta! (50). Aí, veio a seguinte, que não poderia faltar: "E seu avô?", apontando para o Kotscho. Respondi, rindo: "Não filho... ele é avô, mas não é o meu. É dos netos dele!". Aí fui contar que você perguntou as idades e ele respondeu: "Eu tenho 63!". Você logo repetiu: "Sessenta e três?". Começou aí a boa interação.

NO CAMINHO
Conseguimos sair de casa um pouco depois. A feijoada foi num sítio, a 1h30 de SP, no caminho de Bertioga, no litoral paulista. Ele foi de co-piloto e eu, atrás com você. Já previa o seu tédio, mas esqueci de levar brinquedos. Já na saída de SP, começou: "Mãe, quero fazer cocô!", insistentemente. Pra resumir, por causa dele, que conhece muito o caminho do litoral, soubemos que tinha um posto próximo. Mas chegando lá, você só enrolou. Comeu biscoito de polvilho, que ganhou de presente, e só parou de amolar quando te dei um chips. Até dormiu. Mas antes, foi uma novelinha que nós, seus pais, conhecemos. Mas ele nunca esteve conosco, em família, e administrou superbem. Nada de estresse. Contou até das histórias com a família, a viagem para Disney em pleno fim de ano - "Nunca façam isso! É uma coisa horrível... O mundo inteiro vai pra lá nessa época. Tem fila de duas horas para os brinquedos. Eu odiei a Disney!" (risos). E não é que valeu o conselho?!

O DIA
Chegamos lá com você dormindo - apagou uns 10 minutos antes. Mas logo acordou. Passou o dia brincando, se divertindo com os filhos de outros amigos. Todo crescidinho, com se tivesse mais do que 2 anos e 10 meses, quase. Tomou garoa, andou de trator, pediu para ver as vacas, andou por todo lado... até ir de Kombi - a famosa! - para a casa principal do sítio, no meio da mata. Eu achei uma loucura você ir com a turma sem mim e o seu pai. Mas foi ele que te autorizou a entrar no carro sem a gente. E eu insisti na prática do "abstrair". Senão vou passar a vida me estressando com coisas que deveriam ser uma preocupação comum. Aproveitei que outras amigas do seu pai - Maria e Andrea - estavam indo para pedir para as duas cuidarem de você. Acho que foi isso que me ajudou! No fim, deu tudo certo. Fefel e os Fraguinhas (Daniel, Carol, Gabi e Kadu)

Mas uma hora a gente pegou o carro para ir atrás e ver como você estava. Chegamos lá, você estava todo, todo, brincando com os Fraguinhas - filhos de outro amigo, o Fraga, da TV. Fraguinhas só no apelido porque os quatro já estão enormes. Você se deu bem com todos. Ficou lá sendo adulado e paparicado. Ê vidão! De tanta alegria e entrosamento nem foi fazer xixi. Eu, que já tinha perguntado uma vez, acabei deixando de lado... tempo demais, e aí, vazou. Te troquei e você continuou lá. A notícia é de que, na hora H, saiu dizendo: "Não aguentei segurarrrrrrrrrrrrr!", tirando onda. Na hora de ir embora, não queria de jeito nenhum. Pediu: "Fraga, fica mais um pouquinho!" E conseguiu. Saímos já eram quase 18h30.

A VOLTA
Na volta, nós quatro de novo. Em vez de dormir, passou um tempão brincando com o Kotscho, jogando a cordinha do roupão na cabeça dele, que estava na sua frente. Ele entrou na brincadeira. Amarrou na cabeça, tipo samurai, devolveu, conversou. Sem preguiça da brincadeira. E você conversando. Daqui a pouco, graças a sua insistência do "quero fazer xixiiiiii!", paramos de novo. Ele falou: "É até bom, assim a gente toma uma água!" Desceu e já te perguntou: "Quer um suco, Rafael? De laranja?" Você quis na hora. Pegou bala e suco. No carro, eu te contei que foi ele quem tinha te dado. Você não agradeceu como eu, mas registrou a informação. Cantamos um pouco e, de repente, caí no sono. Seu pai e ele ficaram conversando com você e eu nem vi o resto da viagem passar. No fim, quando passamos perto da decoração de Natal da Paulista, despertei. O Kotscho já tinha sido deixado em casa e eu nem vi. Daí seu pai começou a contar as histórias... Foi um tal de Kotschão para lá, Kotschinho para cá... Seu pai conta que você topou cantar as músicas dos animais dos Saltimbancos. Primeiro a da galinha, depois do cachorro, depois do jumento e, finalmente, da gata. Seu pai está dizendo aqui: "Cantou inteirinhas!" O que fez o Kotscho afirmar: "O Rafael está muito adiantado para a idade dele... Sabe música de cor, sabe contar até vinte!" "Rafael, você é muito esperto. Vamos ver se você encontra o Decão - neto dele - na praia", sugeriu. Agora fala que não é muito bacana alguém como ele, um dos primeiros autores que eu li ainda na faculdade, estar entre nós com tanta simpatia?! São coisas da nossa vida, da nossa profissão, que são muito bacanas. É gente que fez história na história da gente.

24 de novembro de 2011

Rafael e a escolinha

Que orgulho é esse que a gente sente de filho quando as coisas andam bem? Tô assim, hoje! Efeito da reunião de fim de ano na escolinha. Fomos hoje, eu e seu pai.
Chegamos lá sabendo que teríamos de dar a notícia que nem você sabe ainda: vai mudar de escola, coisa que eu decidi e que está partindo o meu coração. Mas isso ficou para o fim.
Passamos boa parte do tempo ouvindo sobre o seu perfil, seu comportamento, suas atividades, suas provocações com a querida Maria Tereza, tadinha! Regiane, professora, disse que você é participativo, se envolve nas atividades e gosta de determinar para que as coisas saiam do seu jeito. Disse ainda que você é prestativo ao ponto de tirar de alguém a função que foi pedida para o outro. Ex.: "Valentina, traz isso pra mim!", a professora diz. Você vai lá, corre, pega da mão da colega e traz para professora. Aí não pode, né, filho?! Mas a Cilene, que se antecipou à chegada da coordenadora, já havia dito que toda criança dessa idade - 2 anos - é egocêntrica. E a escola é importante para que vocês percebam que as coisas não são apenas como vocês querem, que há outros desejos e vontades diferentes também. Pra quem tem personalidade forte, como você, é ainda mais difícil de lidar. Coisa que elas não verbalizaram, mas a gente sabe.
Simone, coordenadora, disse que você é uma criança completamente diferente do primeiro semestre. Que hoje é possível te ver paradinho, numa atividade. Disse que você é um desafio, porque toda hora elas tem de propor algo diferente. Não existe achar que você vai ficar muito tempo numa atividade específica, monótona, que exija ficar quieto, parado... Que você exige coisas diferentes, senão perde o interesse. Ela perguntou se a gente te leva bastante no teatro, porque você adora... fica com os olhos brilhando, prestando atenção. Eu contei que tem fim de semana que você diz algo do tipo: "Mãe, hoje vai chover pra gente ir no teatro, né?!" Imagine, fruto de uma única vez que eu disse que teatro é para dia chuvoso, de tempo ruim... quando faz sol a gente vai para o clube.
Isso também apareceu no discurso. "Para o Rafael, uma única vez é suficiente para ele nunca mais esquecer!", disse a coordenadora. "Ele capta as coisas muito rapidamente, faz associações e tem uma memória incrível!" Deu um exemplo: outro dia estavam ela e a professora falando do tempo, que parecia que ia chover. Você escutou e disse: "Lá na minha casa também choveu!" Numa outra vez, pediu para a professora assistente contar a história do cabrito que fazia sei lá o que... você já contou aqui, mas eu me esqueci. E elas disseram que você lembrava detalhes depois de ouvir uma única vez. É assim também com músicas. Foi quando a coordenadora disse o que nós da família já percebemos, mas eu nunca tinha ouvido da escola: "Ele tem uma inteligência alta, acima da média. Precisa de desafios o tempo todo. Como pega as coisas muito rapidamente, ele também cansa muito rápido. E pra mantê-lo interessado não é preciso quantidade e sim qualidade. São pequenas coisas que podem despertar a atenção dele e que representem uma coisa nova, desafiadora." A descrição perfeita sobre você!
Elas contaram ainda que você conta tudo da sua vida, que foi pra Monte Verde, que lá tem o cavalo Campeão, que fala da Dorinha, divide as experiências e que todas as suas vivências têm muita importância para você. Nessa hora eu fiquei muito feliz, porque é a comprovação de que você tem uma vida bacana e de que você é feliz, como seu pai sempre diz.
Bom, no fim, quando elas foram falar do ano que vem, que o trabalho é para manter pelo menos uma pessoa que já é uma referência para as crianças, chegou a hora da gente dizer. Eu comecei a falar, seu pai completou e eu disse que ainda não tinha tido coragem de te falar, porque você ama a escola. Ela disse que era melhor mesmo, porque ia despertar uma ansiedade desnecessária. A minha decisão foi tomada num período de frustração. Eu acreditava que tinha progredido mais do que os outros no trabalho com você. Mas depois isso passou e, já há algum tempo, acho até que você pode querer voltar pra lá depois de pouco tempo na nova escola - que é encantadora, mas não é a que você já ama. A coordenadora foi bacana. Me surpreendeu até. Disse que você já se adaptou a muitas mudanças - como a troca de babás - e que ela acha que você vai se adaptar sim, mas que a escola estará sempre aberta para te receber. Saí um pouco triste, confesso. Mas, como diz seu pai, ouvimos muita coisa que fortalece a escolha de uma escola que parece ter muitos componentes para captar o seu interesse. É um lugar muito bacana também. E, se o afeto não vir, a gente tá pronto para voltar atrás. Porque você filho vai extrair o melhor de onde você estiver. Como disse a Simone: o trabalho com você precisa ser artesanal. Pode ser uma coisa simples, mas tem de ser interessante. É o que a gente busca em tudo na nossa relação com você. Foi um orgulho! Você é o nosso orgulho.

11 de outubro de 2011

QUIZ DOS ANIMAIS - Dois anos e oito meses!

Passou rápido, viu?!
Hoje acordou na minha cama, porque eu abri o precedente no fim de semana ao te permitir dormir comigo. Também, a carne aqui foi fraca. Sem o seu pai em casa e apaixonada por você, calculei que não teria tanto problema, já que durante a semana quem te põe para dormir é a babá. Mas durante a madrugada você acordou e foi bater na minha porta.
Bom, te levei para o clube cedo para brincar, porque ficar em casa ninguém merece. Depois do almoço, estava escovando seus dentes para ir para a escola. Aí, ainda no banheiro, fui te colocar no chão, depois de lavar o seu bumbum e você caiu subitamente. Eu, surpresa, suspirei: "Filho!". De repente, você responde: "Caí de maduro!" E eu, na risada, claro. CAÍ DE MADURO foi demais, gente! Achei muito engraçado. Como se apropria dos termos, ainda que eles não sejam pronunciados com tanta frequência? Brinco com você, às vezes, dizendo que caiu de maduro, quando tropeça... mas você dizer isso foi novidade. E foi assim, sem pensar. Saiu. Passei o dia lembrando com gosto da história.

PRESENTE do DIA DAS CRIANÇAS
Te deixei na escola e corri para o shopping para comprar. Você já havia encomendando um patinete. Já tinha uns dias que vinha pedindo insistentemente. Isso e uma fantasia do Buzz. Mas essa o papai deve trazer do México. Bom, acabei comprando o único da loja, que é uma graça. Acho que você vai amar. Aí, caí na besteira de ligar depois da sua escolinha e contar: "Filho, comprei seu presente!" Pra que? Você pirou, claro. Aí, fui obrigada a contar o que era depois da sua insistência. Falei: "Adiviinha!" E você: "Pa...". Eu: "Ti...". Você: "Ne-te!", dividindo as sílabas. rs! Só não conseguiu me esperar para ganhar hoje. Ainda bem. Tomara que não acorde à noite querendo.
Detalhe que, durante a semana, eu vinha dizendo que você precisava merecer, porque senão não ia ganhar presente. Você me respondeu: "Vou sim, é dia das crianças!" Ô menino! E nem fui eu quem falou da data, hein!

ÍMPAR
Quando cheguei, fui conversar sobre você com a Dorinha. Ela disse que você contou para o porteiro da escola que ia ganhar presente. Aí, o seu Adaílton perguntou o que você ia dar para ele. A resposta veio logo também: "Você não é criança!". Só sei que no fim, ele insistiu e você disse que ia dar um boné do São Paulo. Como assim, São Paulo? A babá disse que você sabe que ele é sãopaulino!

QUIZ DOS ANIMAIS

Dorinha me contou ainda que, depois da escola, na hora do seu banho, ficou brincando com você sobre masculino e feminino dos animais. Vamos ao registro:
Já no primeiro, a surpresa. Ela diz: "Qual é a mulher do cavalo?" Você: Égua!, pra surpresa dela, claro.
Depois:
- Jacaré...
JACARÉIA!!! Ela: "Não!" Você: JACAROA!!! Boa, filho! Como sabe que as terminações no feminino costumam ser assim? Que feeling!
- Boi...
BÓIA! ahahhaa. Essa eu tenho absoluta certeza que foi um sarro! Quem sabe égua sabe vaca, ainda mais você!
E a brincadeira continuou.
- Macaco...
MACACA, rachando o bico, segundo a Dorinha.
- Cachorro...
CACHORRA, respondeu, dando risada.
- Girafa...
GIRAFO!
- Tigre...
TIGRO! Difícil essa. Mas vai aprender rapidinho, já até sei.
E ainda teve o ZEBRO... para ficar nos mais difíceis e engraçados, segundo o relato.
Achei o máximo. Tinha que registrar!

7 de outubro de 2011

DECOLANDO

"Vamos deco-lar!", exclamou a babá hoje cedo, na saída da garagem, a caminho do clube. Você, imediatamente: "Não! Aqui não tem asa!", mostrando o carro. "Ó, não tem asa... não é avião!", completou. Agora me explica, como pode essa noção exata das coisas aos 2 anos e 7 meses? Ok, faltam cinco dias para fazer dois e oito, mas ainda assim é muita esperteza para uma cabecinha só.
De novo, isso me faz pensar no tanto que você não depende dos estímulos de uma escola para criar. Essa história de decolar aí apareceu nos nossos voos para BH... Mesmo assim, confesso que estou tomada pela dúvida com relação à escola. Fica onde está, na escolinha que gosta e que já tem os coleguinhas, do lado de casa? Ou vai para a que a mamãe e o papai ficaram inebriados, um pouco mais longe, mais cara e mais surpreendente? Ô dúvida! Com o papai no México, tá difícil prosseguir nesse assunto.
Vou pensando... sozinha mesmo, porque já descobri na análise que tenho inúmeros motivos para estar nessa "luta" interna com relação à escola. Tem a ver até com o meu jeito certinho de ser, que não me permite arriscar tanto quanto eu gostaria. Por isso, o trabalho aqui continua, porque uma hora eu ainda encontro mais um caminho bacana, graças a você. Aliás filho, graças a você eu estou DE-CO-LANDO!

17 de setembro de 2011

Declaração de amor

"Mãe, você é linda!", repetiu mais uma vez depois de ter feito a mesma declaração para mim e para o pai outras vezes durante o dia. E teve mais: "Eu tenho duas mãos... pra fazer carinho", disse enquanto me acariciava no rosto e a você mesmo deitado, agora há pouco, antes de dormir. Um jeito lindo de terminar um dia que foi muito gostoso.

SÁBADO DE SOL E UM FRIOZINHO

Tudo certo, familinha unida, tempinho bom, todo mundo no clube. Ficamos lá durante a tarde, porque demorei muito para sair de casa. E não fiquei nem um pouco preocupada, olha que maravilha?!
Você filho encontrou com os amiguinhos mais velhos e reviu a Nicky, irmã do Juan que foi colega do playbaby durante todo o ano de 2010. Há muito tempo não se encontravam e o carinho daquela época permanece. Ela cuida de você e você fica colado nela. Ficaram lá no tanquinho de areia um tempão, numa boa...
Jogou bola com o Fernando, cinco dias mais novo...E aceitou tranquilamente dar uma bala para as crianças que estavam por perto. O pacotinho da frutella de morango - lembro da minha adolescência no Pitágoras, em BH, quando essa bala foi lançada - sumiu rapidinho.
Na volta, apagou no carro como prevíamos. Dormiu comigo na nossa cama umas duas horas - fim de semana durante o dia pode, sem que isso tenha sido instituído assim - e depois desceu para ficar com o pai enquanto ele fazia um Carrè de agneau maravilhoso. Jantamos juntos, assistimos um pouquinho de Discovery Kids e deu a hora do banho... tarde, tarde. Já eram 22h20, mas é mais uma constatação da minha flexibilização. Tem sido assim, filho. Mamãe está, aos poucos, se tornando mais levinha, menos preocupada, mais tolerante, mais compreensível com o seu comportamento. Continuo atenta, rígida, empenhada na educação, mas estou conseguindo me libertar da preocupação constante com tudo: a energia ligada no 220, a roupa de frio, a reação com as outras crianças quando é contrariado, a briga com um xixi ou um cocô fora do lugar para chamar a atenção. Tô dando duro na análise para conseguir isso, mas tá valendo a pena, porque as coisas estão ficando mais leves e o resultado com você é maravilhoso. Hoje você foi nota mil. Nós também! Você é lindo.

11 de setembro de 2011

Ai, perdeu o sotaque mineirinho..."apaulistanou"!


Começou no dia 28 de agosto, cerca de 15 dias depois de você completar dois anos e meio. Eu reparei logo de cara. Era um sábado de folga e você falou: "Mãe, vamos ver Três PoRIquinhos!" PoRIquinhos?! Ai, meu Deus! Depois, falou gaRIfo (garfo) ... e eu tive certeza: não tinha mais jeito, estava mesmo perdendo o sotaque da mamãe, que predominou desde o início da sua fala. Sotaque que fez até você ser chamado de "mineirinho" pela primeira professora na escola, a Dinha. Logo gritei: Marco, você percebeu isso?!" Meu coração ficou pequeno porque adorava que você falasse do meu jeito, com o R mineiro. Na verdade, só tive consciência disso quando você "apaulistanou". Quando me dei conta, disse: "Filho, você é paulistano!" Sabe a resposta? "Não, mãe. Eu sou Corinthians!" Ai, Jesus! Rs. Aí fui explicar que paulistano é quem "sai da barriga da mãe em São Paulo". E que eu era belohorizontina, porque saí da barriga da minha mãe em Belo Horizonte. Você, tentando reproduzir ficou dizendo "bilorizongo!" rs. Bem, naquele primeiro fim de semana o R paulistano ainda estava difícil. Tinha um som muito nítido de I depois do R. Ainda era a transição... mas agora, dois fins de semanas depois, você já incorporou totalmente, perfeitamente. "Porta, quarto, short, Marco, garfo, tudo tudo tudo é com o R que você bem expressou no começo, como se tivesse som de RI. Só que agora flui naturalmente. Quem ouve, não percebe que você está mudando a forma. Detalhe: toda vez que eu te imito, aí você corrige para o R mineiro, dando sinal claro de que percebe a diferença quando repito. E meio que tentando se corrigir, como se o jeito novo não fosse certo. Eu só repito porque é surpreendente que tenha sido tão rápida a transição. Você não precisa mais se esforçar para falar como os coleguinhas, a professora e todo mundo mais por onde você anda, afinal, filho, você é paulistano!

OBSERVAÇÃO: Fez dois anos e sete meses hoje, 11 de setembro. No meio da tarde fomos à Playland com a Tia Lidi e Sarinha e tia Laura, Lucas e Daniel. Eu não acreditei que ela estava com os dois, mas foi bacana.

Você era o mais ativo, corria o tempo todo, para todo lado... mas foi uma delícia. Afinal, estar com eles é sempre uma maravilha. Pena que a gente não consiga mais se ver como era na época das nossas primeiras barrigas, grávidas juntas. Na despedida, fotos (feitas com a máquina da prevenida Tia Laura) e muitos abraços.

A impressão que tenho é de que, até entre vocês, é como amizade antiga. Podem ficar um tempão sem se encontrar que quando se veem é como se estivessem sempre juntos. Tem as brigas, claro, mas rola afinidade. Isso é uma delícia.

23 de agosto de 2011

Fa-la-ção!


Hoje me dei conta de que tinha de parar para escrever um pouco sobre você, que está im-pos-sível! Que você não me ouça! Digo isso porque até na análise cheguei à conclusão de que gasto energia escolhendo as palavras para você não se prender às características que elas carregam. É duro gastar energia com isso, mas não quero que seja sempre impossível, então, evito falar. Mas a verdade é que você está da pá virada, de "tirar picapau do oco", como diz seu avô Agripino. Ou de tirar picapau do "roco", como vc diz. Muitas vezes eu tenho mesmo vontade é de dizer que você é do "cu riscado", para usar uma expressão cômica que ouvi da Aline, minha prima, numa ida a BH. Ela falava de outra pessoa, mas foi engraçado. Bem, a motivação agora são as suas novas conquistas verbais. Vamos começar por hoje.
Partindo da dificuldade que tem sido te fazer vestir roupa adequada para esse frio polar que atinge SP. Gente do céu - até suspiro -, como isso cansa! Toda manhã é o mesmo desgaste, a mesma chateação, porque você já acorda dizendo: "Vou colocar um short e uma camiseta!" Já disse que a gente tinha de morar na linha do Equador! Ou na Bahia... na viagem de julho foi uma delícia. Mas aqui, desde o começo do inverno eu insisto que não vai ficar com roupa de verão nos dias frios... e, dois meses depois, você só me provoca. Como? Tô na rua e você bem vestido em casa, depois de dar trabalho, claro. Até com a babá insiste pra ficar com roupa de verão. Antes, conseguia...mas agora a gente tá na batalha juntas - ela ainda é mais tolerante. Bom, aí eu apareço e você, do nada, lança a frase-flecha: "Mãe, vou colocar um short e uma camiseta!" Eu já reagi de todas as maneiras possíveis. Tem horas que ignoro. Em outras, parto para a luta. É... aliás, era uma luta. Hoje resolvi colocar em prática uma sugestão da minha fisioterapeuta, Ariane. E não é que funcionou?!
Foi assim: enquanto me vestia para ir ao trabalho estou ouvindo você falar com a babá: "Eu vou colocar um short!", de novo isso. Aí ela disse algo do tipo: "Não Rafael..." E você: "Eu não vou discutir com você!" Haahahahhahahahaha! hahahahhaha! "Eu não vou discutir com você" foi ótimo. Uma reprodução perfeita do que eu te digo quando a gente começa a falar de roupa! Daí, quando vi que você estava de cueca, andando pela casa, querendo arrumar confusão, fiz: "O que foi? Ponha uma calça!" Aí você foi na gaveta - como sempre faz - para escolher. Estávamos querendo te fazer dormir, já que eram quase 15h e eu não te mandei pra escola por causa da gripe que você pegou nessa ladainha. Aí você pega uma calça jeans e diz: "Vou por essa!" Ô mania de trocar de roupa, gente!!! Ficamos eu e a babá tentando te fazer mudar de idéia, até que resolvi: "É o seguinte: você vai colocar esta calça mole (de moleton). Mas você pode escolher! Quer à força ou por vontade própria?", escondendo o medo de que não desse certo. Ai, meu Deus, tinha que dar! Você ainda arriscou, só para me testar: "À força!" Eu repeti: "Tem certeza, à força?" Até que você cedeu, rapidamente: "Não, própria, própria!" Foi cômico! Eu até nem aguentei, mas tentei fingir que não era risada e sim um espirro! Entreguei a calça na mão e, segundos depois, ela estava vestidinha! Ai que benção! Essa foi linda! Já estou torcendo para pegar. O "vou contar até três!" já funciona para muitas coisas. Foi uma conquista!

FALA DE TUDO

De tudo mesmo! No teatro, no domingo, na peça do Chapeuzinho Vermelho, dizia, sentado entre mim e o papai: "Eu não tô com medo! É um homem fantasiado de lobo... É uma mulher fantasiada de Chapeuzinho!", assim mesmo! Inacreditável! Hoje pediu para ver as fotos dos "atores". Aí disparou: "A vovó era a mãe!" Para confirmar, perguntei: "O que? Como você sabe que a vovó era a mãe?" Achei que você não tivesse percebido que a mesma atriz fez os dois papéis. Aí você completou, com perfeição: "É... era a mãe. Depois ela se vestiu de vovó!" Gente, gente, gente! "Se vestiu" foi demais pra mim. Nem eu acredito que você fala tão certinho, apesar de te estimular e corrigir com delicadeza seus erros, assim: "Filho, não é assim que fala. É assim...", e explico. Hoje Dorinha, a babá, estava dizendo: "As crianças não falam plural. Ele fala direitinho... "Os papéis", deu o exemplo. Betânia, a empregada completou: "A moça que trabalhou aqui dizia que a dona Priscilla deveria levá-lo para televisão!" Elas insistem para eu te levar para fazer comercial, porque você vai falar tudo. Seria engraçado... mas a mamãe não tem tempo! E está feliz com o seu desempenho entre os conhecidos mesmo, sem precisar te exibir na TV. Rs!

MAIS

Outro dia, ouviu o pai falar um "Ai!!!" alto e fez: "Dramático!" Ouve tudo!
De vez em quando fala comigo: "Calma mãe!" hahahaha.
Vira e mexe se gaba: "Eu sou esperto!" rs.
Sobre os peixinhos em Morro de São Paulo, na piscina natural, que escaparam de você, que tentava insistentemente segurá-los, reproduz: "Eles fugiram... eles são espertos!" E já chegou a dizer: "São mais rápidos do que eu!", exatamente como eu te expliquei.
Você tem uma capacidade de reter informações e vocabulário incrível. Por isso, até a gente se surpreende. Na escola, outro dia, a filha da dona, que também trabalha na coordenação disse: "Ele tem cada argumento! Você vai sofrer!" Como se eu não conhecesse, né?!
Ah, e as relações? Sabe quem é mãe de quem, quem é pai de quem, sobrinho, neto, tio, etc... Ex: "O que você é do tio Pedro?". A resposta: "Sobrinho!". Ou então, quando está contando uma história, diz: "O seu pai fez tal coisa... ", se referindo ao avô, meu pai! É engraçado!
No mais é isso. Fiquei lembrando dos primeiros registros sobre falação, antes dos seus dois anos de idade... Quem diria agora, com dois anos e meio, recém completos. Você tá que tá!

3 de julho de 2011

"Você é mãe daquele menino? Ele é um barato!"


Mais uma da série O QUE FALAM DE VOCÊ. Estava eu, no taxi, sexta-feira, dia 01/06, indo para o trabalho. Chamei um do ponto da esquina, já que o meu carro estava na oficina. (Foi consertar a mega batida de ré no portão de casa, graças ao freio de mão mal puxado na quarta-feira, véspera do Corpus Christi, quando cheguei voando em casa para tentar te pegar acordado por causa da febre). Bom, aí fui dizer para o taxista do ponto que eu não o conhecia, mas que achava até estranho já que conhecia quase todos. Foi quando disse: “Até o meu filho de 2 anos conhece todo mundo!” Daí ele disparou a frase título deste post: "Você é a mãe daquele menino? Ele é um barato!” Não lembrava o seu nome, mas disse que quando você aparece na rua, todos dizem: “Olha ele lá, vamos ver o que ele vai aprontar hoje!” E eu rindo, já de início. Daqui a pouco ele, que se chama Júnior, conta que te veem no skate, tentando se equilibrar e ficam tensos… achando que vai cair. Mas que você fica lá, se mostrando, mais ou menos assim: “Ó, tô no skate!". Ele disse ainda que você chega no ponto e canta aquela música, nas palavras dele próprio: “Quero não, posso não, minha babá não deixa não! “ e ria… Aliás, ríamos! Foi engraçado! Ele contava as coisas surpreso. Dizia que você era demais, que falava tudo… que como podia cantar essa música? Que todo mundo não se aguenta, que você é diversão garantida. Acho que essa música é da época da babá Gisele, que ouvia rádio sem parar, inclusive na sua companhia. Mas eu já sabia que você conhecia a tal música porque uma vez emendou um trecho no que o Lúcio, repórter amigo do seu pai, estava cantando no clube. Foi engraçado.


Depois, ao falar do skate, ele dizia: Gente, imagina o que esse menino apronta em casa… ou algo assim. E eu, toda levinha, pós-sessão de análise, feliz da vida com o meu novo Rafael e com a minha nova versão mãe. Estamos os dois muito melhores. Enquanto ele contava, eu enchia o peito de orgulho e de reflexão: “Que coisa, olha como o Rafael é mesmo um menino conhecido, simpático, que marca presença, de quem as pessoas gostam, que faz amizade fácil, falante, conversador, contador de história, cantor, dançarino, skatista!” Só conseguia ver as coisas boas da sua personalidade durante todo o caminho até o trabalho. Essa capacidade coincidiu com a minha alegria de mais cedo, ao contar na sessão que você estava mais amoroso, mais calmo, menos agressivo, menos mandão. Que o feriado na casa da vó Nair, vô Agripino e tio Du, com tantos primos e tios, tinha sido só alegria. Bom, ainda tem tudo isso de forte na sua personalidade, mas o trabalho que eu tenho feito – na análise e com você – tem dado bastante resultado. Eu estava contando que tenho conseguido rir de algumas coisas, que me estresso menos com outras, que dou palmada no bumbum sempre que acho que merece, principalmente porque descobri e não tenho vergonha de admitir que não sou zen budista e nem pretendo me tornar! Mais: tenho consigo me expressar melhor na hora de te tentar fazer perceber que você só tem 2 anos, ao contrário do que você sente. Tenho te chamado de “Meu pequeno”, “Meu nenem”… coisas que você não gosta, mas que, como bem disse a psicanalista, “não reage com agressividade!”Nessa hora, que te trato dessa forma, somos um brincando com o outro. Verdade! Você faz que não gosta ou, pelo menos, tenta resistir, mas eu continuo e você nem bravo fica. Depois, tenho tentando insistentemente não demonstrar tanta admiração pelas suas capacidades motoras e verbais. Descobri que essa admiração aparente, minha e do seu pai, mais evidente ainda – já que ele, como um Nascimento legítimo, te acha incomparável e fora de série – faz com que você se sinta maior do que você é. Você é uma criança esperta, mas igual a todas as outras espertas. Articulada, mas igual às articuladas. Coordenado e igual aos coordenados, só que gosta de skate e isso impressiona. Estou trabalhando para que você saiba que ainda é pequenininho, que está crescendo, que não é grande. Por que? Porque é reconhecendo que é pequeno e vai aceitar que não sabe tudo, que vai respeitar hierarquia, que vai respeitar ordens, que não vai bater de frente com qualquer adulto por aí, se sentindo um gigante! Com você, que tem mania de grandeza, tem de ser assim.


TIJOLO E AREIA
Tudo agora é uma construção. Não tem nada de receita pronta na nossa relação. Nada de regra, de revista. Eu, inclusive, nem quero que me venham com receitas. Estou dando duro para encontrar um caminho nosso… que dê certo para gente. E descobri que estou conseguindo. Disse até na sessão que morri de rir quando soube, na quinta-feira, dia 30 de junho, que você tinha levado uma mordida na escola. Eu fiz: “Gente, como eu quis que ele levasse uma mordida quando eu estava desnorteada, querendo que ele parasse de morder. Para ver se, levando e doendo, parava de fazer nos outros. E agora, que tive de dar tudo, sofri, me reinventei, me aparece a mordida?! Não podia ter vindo antes, para ajudar?” Talvez tivesse sido mais fácil, mas a consciência que eu tenho hoje me faz perceber que não teria sido tão rico. Foi duro, mas é rico saber que eu sou capaz de construir caminhos para fazer de você um menino legal… um menino admirável. E ter orgulho de dizer, como uma vez ouvi da Letícia, mulher do Lúcio, ao falar da filha: “Isso daqui – mostrando a filha – teve um trabalho danado. Eu tenho orgulho!” Você também deu e ainda dá um trabalho danado. Mas agora, muito menor. E o resultado é um prazer. Como disse ao seu pai, descobri que tenho pós, mestrado, doutorado e estou fazendo pós-doutorado em você! Filho do céu, como bem falou o taxista, “você é um barato!”

3 de junho de 2011

"Rafael, o famoso!"


Foi o que ouvi hoje da tiazinha, sócia-fundadora da escola, ao te entregar, no início da tarde. Fui embora achando engraçado e feliz da vida, porque lá, depois de tantas mordidas, você se transformou num menino bacana. Mas a fama que fez com que ela fizesse a afirmação foi causada pelo seu amor ao microfone. Bom, pelo menos foi esse o comentário que o sobrinho e funcionário, Paulo, fez. Explico: todos os dias, no fim do turno, a Silvia, funcionária e filha da dona, anuncia o nome das crianças quando os pais chegam, para subir a rampinha, em direção à saída. Como você não vai se lembrar mesmo disso quando crescer, achei bacana deixar registrado.
Bem, eu, que só te busquei duas vezes, desde o início do ano, já ouvi o seu nome ser chamado e sei como é prazeroso ver o filhote aparecer na rampinha. Na sexta-feira passada, quando fui te pegar, quase morri de alegria ao te ver subir, puxando a mochilinha. Na verdade, não sei quem estava mais feliz, eu ou você! Nesse dia, seu nome foi anunciado: ˜Rafael, grupo 2!" Ai, meu Deus! Pessoinha de compromisso, com nome e turminha, chegando ao fim do expediente! Pois então, quando você termina de subir, sempre pede para chamar as outras crianças, cujos pais aparecem. A babá já me contou essa história. Mas eu ainda não testemunhei. Comigo você quis ir logo aproveitar a pracinha vizinha. Um dia ainda quero ter o prazer de ver. Betânia contou que a Silvia, às vezes, não tem muito interesse de ter você por ali não, mas, na maioria dos dias, cede o microfone e deixa você fazer a chamada, como: “Luísa, grupo 2”. Ela conta também que, se dependesse de você, ficaria ali o fim de tarde, anunciando os nomes. Todo dia pede para moça: “Deixa eu falar?!” De tão ativo, diferente, curioso, falador, entrevistador, já ficou conhecido por todo mundo na escola também. É uma coisa: você tá mais popular que seu avô Marcos, lá em BH. Conhece todo mundo e é conhecido por todos. Nas ruas do bairro, no posto de gasolina, no clube. Por onde a gente anda, é assim. No dia que voltei andando com você da escola, na rua de cima, perto do hospital, te mostrei um cachorro. Quando fui dizer que não precisava ter medo porque estava solto e a moça estava perto, ouvi: “Rafael, você passa aqui todo dia, tá com medo do Paco?” Ai, meu Deus. A moça que cuida do cachorro te conhecia. Mais à frente, mais um: “Oi Rafael, vai cantar o sambinha hoje?”, perguntou o guarda da rua, seu Orlando, uns 60 anos, pelo menos. Você não pensou duas vezes, começou a cantar todo animado… mas continuamos na caminhada de volta para casa, deliciosa ao seu lado. Ô coisa gostosa. Até esqueço a trabalheira que você dá. Ou melhor, até alivia o cansaço… porque você DÁ TRABALHO! Nessas horas, só aparece o orgulho e a felicidade de ser sua mãe.

29 de maio de 2011

“Você é linda, linda, linda…tanto!”


Dormiu assim, fazendo declaração de amor. Que delícia! Te fazer dormir como antigamente, no trabalho anterior, é tão maravilhoso… eu amo! Morro de saudade e, nos fins de semana de folga, é o meu grande prazer. Tomei a iniciativa de escrever porque agora não paro mesmo, para escrever nunca… e o tempo vai passando, as histórias vão rolando e eu, perdendo a linha do tempo… Mas vamos lá. Há algum tempo tenho querido fazer um registro para nós mesmos, eu e seu pai, principalmente. Sobre o seu progresso. Sobre o nosso progresso!

O INÍCIO

Tudo começou assim: fomos chamados na escolinha, no fim de abril, para saber sobre o seu comportamento e a quantidade de ocorrências de mordida. Do início do ano até ali, tinham sido nove. “Fora as que a escola tinha conseguido evitar!”, nas palavras da coordenadora. Eu já sabia que o bicho tava pegando, porque você me contava: “Mãe, mordi fulana.” Todo dia era uma vítima e eu, vítima diária, desesperada. Sem saber o que fazer. E pensando: “Meu Deus do céu, onde foi que eu errei?”. De tanta angústia, seu pai voltou com um papelzinho com o nome de uma psicanalista, especializada em criança. Ai, que alívio foi aquilo, gente. Passei o feriado da Semana Santa, junto com vocês numa pousada linda de Monte Verde, torcendo para chegar segunda-feira e ligar para a bendita. Dito e feito. Marcamos naquela semana mesmo. Pra resumir, já descobrimos de cara que você tinha de perder PODER. Saímos da sessão e fomos almoçar juntos e a minha cabeça pensando a trezendo milhões de megabites (nem sei se isso existe) por segundo! A descoberta de onde tínhamos que começar foi um alívio. Mas de uma semana para a outra, não foi fácil colocar em prática. Tivemos muitas desavenças. A coordenadora já havia sinalizado, na escola, que você tinha que perder. Mordeu? Perdeu. Vai embora da festa, da casa de quem for, perde um brinquedo, um presente… alguma coisa. Mas seu pai discordava profundamente. A segunda sessão foi decisiva. Eu saí de lá angustiada, mas diferente. De lá até ontem, praticamente não dei um grito sequer. Deixei a minha histeria de lado. E seu pai foi deixando de ser só bacana. Passou a me apoiar nas decisões de tirar poder. Como? Aceitando que eu tomasse o seu skate, ou qualquer outro objeto importante para você, mostrando que ERROU, PERDEU! Isso também ajudou na minha transformação e, quase que milagrosamente, você mudou. Tem algo mais, importantíssimo. Para me proteger, o meu marido apareceu na relação de nós três. Agora, se você me ataca, eu chamo o meu marido. O engraçado é que, no primeiro dia em que eu disse que ia chamar o meu marido, você perguntou: “Quem é o seu marido?” Gente do céu, foi demais!!! Pá, pum! Da análise para a prática. E por que a importância do meu marido? Porque ele me protege e é muito maior do que você! Ou seja, é você perdendo poder. Pra que dizer tudo isso? Para deixar registrado que, foi duro, mas parece, agora, simples assim. Quase 20 dias depois, fomos chamados na escola. Você já vinha me contando, havia duas semanas, que não tinha mordido ninguém. Eu, ao ligar do trabalho, deixei de reproduzir a forma da vovó Paula, com o tio Pedro: “Foi harmonia ou confusão?” Todo dia era confusão e eu me arrependia de perguntar. Aí passei a dizer: “E aí, como foi na escolinha, hoje, filho?” Cruzando os dedos, claro. E você começou a responder, diariamente: “Mãe, hoje eu não mordi ninguém!” Eu vibrava, alias, vibro! Dou parabéns, falo que a professora deve ter ficado muito feliz, falo que amo e mais milhões de elogios. E tenho certeza que me transformei na mãe mais feliz do mundo!, de novo. Rs.

A TRANSFORMAÇÃO

A coordenadora quis nos ouvir. Resumimos o nosso aprendizado, as nossas descobertas, a nossa mudança. E ela disse: “Criança responde muito rapidamente às mudanças. O comportamento do Rafael aqui é outro!” Que benção! Depois, disse que os colegas agora estavam tendo a oportunidade de conhecer o outro Rafael: engraçado, conversador, que gosta de contar histórias. As crianças tinham medo. Valentina dava ré quando você passava por perto. E mesmo quando não tinha a intenção de se aproximar dela, ela dizia: “Rafael, você não vai me bater não, né?!” Ai, meu coração ficou partido quando ouvi. Parece que revivi a angústia do mês-problema. Eu já estava até com vergonha das outras mães – que sabiam da sua fama, claro – e pensei até em te tirar para poupar os outros. Mas não faria isso nunca, porque sabia que isso seria pior para você. A coordenadora até disse que já teve caso assim. E eu fiquei pensando: “Coitado da criança filha dos pais que tomaram a decisão!” Bom, ao descrever o seu progresso, o que nos encheu de orgulho, a coordenadora disse que você tinha tentado morder, uma única vez, depois da nossa mudança, mas que você tinha ficado extremamente frustrado na situação. Antes, não podia nem ficar contrariado. Queria dominar tudo, decidir tudo, se impor. Na base da mordida. Ex.: brincadeira. Já tinha passado a sua vez e você dizia: “É a minha vez!”A professora: “Não é… você já foi. Agora é a vez dela!” Você ia lá e mordia a coleguinha. Não sabia ser contrariado. Queria mandar em tudo. Nunca tinha perdido nada na vidinha. Como disse a psicanalista: “Não perdeu o peito (eu que deixei), não perdeu a babá (quando trocamos recentemente por causa de inúmeros problemas que estavam refletindo bastante no seu comportamento e te tornando mais agressivo) – no dia em que ela foi embora você ganhou o presente dos seus sonhos, o skate; nunca perdeu nada, né?!”
Ouvir isso foi uma mensagem e tanto para mim. Graças a Deus você não perdeu nada importante – e que continue assim – mas perder poder, estava mesmo precisando. Isso fez de mim uma mãe ainda mais falante. Antes, não queria por a blusa, fazia birra e ouvia, na força: “Vai por porque tá frio!”, ou algo do tipo. Agora é assim: “Vai por porque tá frio, eu sou a sua mãe, eu sei o que é melhor para você, não tem nem que discutir! Tem que por!” e se vierem os trezendo porquês, respondo todos… e a blusa entra, muito mais facilmente. Sem escândalos como antes. Eu sou a mãe, eu estou no poder.
Bom, ainda na escola, no fim da reunião, a coordenadora disse: “Vocês estão de parabéns. Eu nunca tive um caso em que os pais buscassem a solução tão rapidamente. Há casos aqui em que a criança está no jardim 1 – com 5 anos, mordendo!” Eu e seu pai ficamos felizes pelo reconhecimento mas, principalmente, pelo resultado. Até na análise foi assim. Eu cheguei lá achando que a gente ia passar uma vida para tentar resolver as nossas diferenças. E, na terceira sessão, de ANÁLISE - não é aconselhamento, reforço – a psicanalista disse: “Acho que a gente encontrou um caminho aqui, né?! Foi muito rápido até… e isso é muito bonito!”. Fiquei orgulhosa de mim e do seu pai, filho. Casamento não é coisa fácil, mas é muito bacana quando a gente consegue se encontrar no que antes parecia inegociável. A gente saiu do ângulo de 90 graus e começou a andar paralelo. Isso é parte da sua história. É herança bacana de negociação, de tolerância, de força de vontade, de persistência e coragem. Nós tivemos coragem, muita coragem, para fazer de nós pais melhores, e, de você, um filho melhor e um menino melhor. Um aluno melhor, um coleguinha bacana. Estamos na luta, junto com você, porque você há de ser um cara bacana. Um amigo do bem, um homem corajoso e batalhador, mas que respeita os outros, um Fefel admirável! Você é lindo, lindo, lindo! Tanto!

17 de abril de 2011

Nosso skatista!


Que saudade de escrever sobre o seu desenvolvimento, filho! Hoje a vó Paula cobrou notícias no blog... e eu me lembrei que, no sábado passado, tentei escrever mas o computador estava desconfigurado. O motivo do registro era e é um marco na sua história. Na verdade, a realização do primeiro sonho, como bem traduziu o seu pai: a conquista do skate!
Foram dois meses de intensa pressão. Virava e mexia, eu ouvia: “e aí, quando você vai resolver dar o presente para o menino, coitado?!” Eu, com medo do perigo, resisti... Mas não foi fácil, quase fraquejei várias vezes antes mesmo do dia em que cedi. Aconteceu umas duas vezes de você acordar num dia qualquer e soltar um: “Mãe, ‘compa’ um skate pá mim!” E eu lá, com o que as doidas das tias Lidi e Laura deram de aniversário, escondido. A decisão de dar no sábado passado, dia 09, um dia depois do meu aniversário de 33 anos, foi provocada por dois motivos:
1 – a nossa ida para o clube e as suas investidas nos skates dos outros meninos. Você foi antes com o seu pai e eu não tive dúvidas do lugar onde ia encontrá-los: a pista. Não estavam dentro, mas estavam perto... e você, no skate dos outros.
2 - achei que realmente seria uma grande emoção no dia em que a babá que ficou 8 meses conosco ia embora de vez. Eu queria que a ida dela fosse uma coisa secundária e foi. Eu estava super bem resolvida com isso e, também, a Fê, sua irmã, estava aqui.



A HORA H

Bom, chegamos do clube, você morto, já eram umas 16h... Papai fazendo churrasco no quintal e eu resolvi dar logo. Você se jogou no chão de prazer já com o anúncio: “Filho, você vai ganhar um presente! Adivinha.... adivinha!" Foi um suspense rápido, mas emocionante, até que o papai pegasse a máquina para registrar fotos. Até parecia até que você sabia o que seria... De repente, você deitado no tapete, a mamãe em cima e, ao abrir o embrulho, você deu uma risada rouca e um grito, quase sem acreditar: “Um skate! Hãhãhã!” Na hora que foi subir em cima, se lembrou: “Cadê a minha ‘tocoveleira’? E a minha ‘joelha’? “ Pegamos cotoveleira, joelheira e capacete – kit que você chama de “minha poteção”- e você se sentiu preparado para as primeiras manobras. Surpreendentemente, parecia que nasceu sabendo. Quem vir o vídeo há de convir que é demais... não é só corujice não!
Nós não acreditamos quando colocou um pé numa base, suspendeu o outro lado, botou o outro pé e subiu, já se equilibrando. Foi demais! E você dizia: “ Gente, olha isso!”, todo exibido. Eu perguntei: “Filho, agora você é o que?” “SKATISTA”, respondeu orgulhoso. Seu pai, impressionado, ficava: “Como ele sabe fazer isso?”. A gente logo veio com a resposta: “Passou a vida observando os meninos na pista do clube!” Mamãe lembra da época em que você, antes de um ano e meio, invadia a pista para subir em cima dos skates dos outros. Éramos eu e a Dorinha no começo, segurando. Tirei fotos daquelas investidas... ainda não reveladas, claro!
No tal sábado, você quis até andar de skate na rua, onde andam os vizinhos adolescentes. Seu pai disse que eles diziam, ao te ver: “Olha a criaturinha!” Engraçado é que você se sente do tamanho deles. Não se intimidou e se exibiu: “Olha o meu skate!”, antes de partir para as entrevistas. Perguntou nome de todo mundo, quem era irmão de quem, etc. Ô menino articulado!
Bom, pra tentar resumir, foram grandes emoções, mas tomou uns tombinhos - um deles, tropeçou e caiu em cima da ponta do skate, na rua, enquanto eu dava ré para ir ao salão. Chorou muito eu desci já com o coração na boca, quase arrependida... Mas, graças a Deus, machucou só um pouquinho. Bem perto do olho, diga-se de passagem. Graças a Deus, foi protegido. Mas passou uma semana com as cascas do machucado.
Depois da ferida, entrou no carro comigo e com seu pai, me levou ao salão e já apagou no caminho, agarrado no skate. Até aí, já tinham sido 1h30 grudado no ‘bicho’- como diria a sua bisavó Natalícia. Acordou depois de uma hora e meia, já na fissura: “Cadê meu skate?” Ficou das 18h30 até umas 22h30 “skatando”, para minha preocupação. A Fê chegou umas 20h aqui em casa e você, estava mais fera ainda. Não parava! Eu, toda preocupada, me lembrando daquelas orientações da escola sobre outras atividades: “Ele não terá limites, como toda criança dessa idade. Somos nós que temos que impor restrições, porque eles se entregam e depois são prejudicados.” Mas não consegui nada. Seu pai repetia, insistentemente: “Deixa o menino, era o sonho dele... depois isso passa!” E ficou... até aceitar tomar banho. Agora pergunte onde o skate ficou? Colado. Queria até colocar na banheira, “pra dá uma lavadinha”, nas suas próprias palavras. Depois, só aceitou dormir agarrado no skate. Foram duas noites assim... Agora, uma semana depois, já aceita até ir ao clube sem levá-lo.
Mas, no domingo seguinte, saiu de casa com o kit todo e ficou um tempão no skate. Chamou a atenção do clube inteiro. Gente de outras mesas comentando... achando engraçado. Ouvimos de vários: “Que fofo!; “Olha o menino no skate!”; “Gente, olha só” e “Desse tamanho andando de skate é demais!”, falou uma mãe de dois meninos, um de 4 e outro de uns 6. Foi engraçado! Imagine o que não pensaram dos seus pais? O monitor da pista disse que você se equilibra bem e vai gostar mesmo de andar de skate. O mascote do clube já é. Vamos ver como será quando crescer. Que Deus te proteja, sempre!

22 de março de 2011

"Ai, meu Deus do céu" - volta do Dr. Fran

"Eu não vou lembrar disso", disse, ao ser orientado a contar para os pais dos amigos do clube que chamou um de Guego e a outra, mãe, de Guega. A gente ria demais, no carro! A idéia veio da própria cabeça, porque me ouviu falar no nome da Dorinha, a antiga babá, na volta do pediatra, e lembrou dos irmãos Dorinha, Geórgia e Igor, filhos do casal "Guego". Eu e a Gi ainda ficamos provocando, dizendo que era o Seu Guego e a Dona Guega e você fez: "O Dono Guego e a Dona Guega!". Essa vou ter de contar para eles. "Ai meu Deus do céu!", suspira.
O caminho todo foi uma tagarelice só, da Vila Mariana até aqui em casa. É uma graça te ouvir conversar, filho! No meio da Av. Paulista – que sempre me faz lembrar da saída da maternidade – disse: "Xixi, xixi!". E como é que para com aquele trânsito de carro e ônibus, mais os amarelinhos da companhia de tráfego com caneta a postos para multar? Impossível! Vou começar a carregar uns copinhos de plástico grandes, porque aí dá para fazer xixi dentro, como no teatro – conto essa história já. Tivemos que lançar mão da fralda, para não correr o risco e não te deixar desesperado, segurando eternamente. Nem sei se molhou, porque foi direto para cama depois de chegar, enquanto eu pagava umas contar por aqui.
Bom, a consulta em si foi, de novo, uma alegria. Levamos a Gisele, babá, pela primeira vez. Também, desde julho do ano passado, quando você ainda tinha um ano e 5 meses, não íamos lá. "Bom sinal", como diz o pediatra. Saímos com um conjunto de remedinhos Welleda para fazer a profilaxia anti-vírus da escolinha e que você anda trazendo pra casa com gripes. E um xaropinho, leve, para ajudar a limpar o nariz. Se eu não tivesse tomando antibiótico para a minha conquistada sinusite bacteriana, ia tomar também.
Bom, lá confirmamos a sua nova altura: tá medindo 89 centímetros! E pesando uns 12,5 kg. Não deixou tirar a roupa, então descontamos um pouco dos 12,9kg.
O médico reconheceu que é um falante. Durante a consulta, você falou: "Lembra da Buxa? ", a bruxa da Branca de Neve. Outra: "Lembra do espelho?", perguntou para ele. E depois, ainda soltou um: "Olha Dr. Fran!", para mostrar que tinha conseguido brincar com a borboleta que sobe e desce na corda, atrás da porta dele. Durante a consulta, deu uma chorada quando ele foi ouvir o peito, para ver se tinha chiado. Não queria de jeito nenhum. "Se sentiu invadido", como disse o pediatra. E não gostou de mostrar o pipiu' também. Mas tudo foi por uma boa causa.
Na saída já não queria vir mais. Ficou perguntando por que a gente foi embora. Circulava livremente pelo corredor, entrando na cozinha, querendo subir a escada, chamando pela Maria José, secretária.... uma coisa! E tudo nota 10.
Sobre as fraldas, ele disse que você é precoce mesmo por ter saído delas com 1 ano e 10 meses. Já sobre as noturnas, ele falou que tem de antecipar a hora do leite noturno para, no máximo, 20h, e levantar a criança perto da hora que vaza mais. Perto do amanhecer, talvez. Mas me falou para adiar o processo porque, segundo ele, no frio é melhor deixar tudo quentinho, sequinho, sem riscos. Gostei.
E, depois da consulta, tô pensando que talvez tenha que te dar o skate. Você disse lá que ia crescer "para andar de skate"- igual falou no teatro. Aí eu o consultei. Ele disse que tem de proteger, ficar de olho. E que uns vão com quatro, se desequilibrando, mas vai acabar aprendendo. Algo assim. Vou comprar o super-mega-ultra capacete e vamos ver se animo.
Bom, é isso. Ah, não posso esquecer de reagistrar um dos meus maiores orgulhos pessoais. Ele perguntava da sua saúde e eu disse que você era melhor do que eu. Que graças a Deus não tem alergias, entra embaixo da cama e sai como se nada tivesse acontecido, que quase não espirra, só quando está gripado... etc. Aí ele fez: "É, mas você teve um papel importante nisso. Amamentou bastante... ele já ganhou as proteções aí!" Já tinha me esquecido disso! É uma delícia lembrar.

12 de março de 2011

Tudo ao mesmo tempo, agora! 2 anos

Gente do ceú, que loucura essa nova vida. Não estou conseguindo registrar as maravilhas do desenvolvimento do Fefel, que fez dois anos há um mês. Vamos ao "pout-pourri" de notícias, começando pela de hoje:

1 - Começou, oficialmente, a fase do "POR QUE?". Acredite, se quiser.
Filho do céu, o que é isso?! Não é à toa que, por todo canto, as pessoas dizem que você é acima da média. Hoje ouvimos isso da mãe da melhor amiga, Vittoria, na festinha de aniversário. Durante o dia foi um tal de "por que?" pra lá, "por que?" para cá que eu só ria... já pensando no que vai ser de mim para responder tu-do! "Mãe, por que a Gi subiu?"; "Mãe, por que a Gi desceu?"; "Mãe, por que a 'Banca de Neve' caiu no buraco?; "Mãe, por que a Banca de Neve tá deitada?"; "Mãe, por que o moço mandou a Banca de Neve correr?"; "Mãe, por que a gente vai na Fnac?"; "Mãe, por que a menina ficou sentada no banco?"; "Mãe, por que você estourou a minha espada, por que?" Gente do céu, fala sério!!!!! São dois anos e um mês, só! Tô boba! E feliz, claro. Orgulhosa também, confesso. Agora fico me perguntando: "Como é possível?"

2 - OBJETO DE DESEJO
Não para de pedir skate. Mamãe perdeu o texto completo sobre a paixão por essa aventura - papai disse que vai tentar encontrar, mas está suspeitando que o uso indiscriminado do computador MAC tenha sido o motivo. Ai, ai..."Prayse the lord!"
Hoje, quando acordou, às 7h30 da manhã, disse que queria levantar. Aí, não me lembro ao certo o que eu falei e você fez: "Eu vou ficar grande, para andar de skate. Mãe, compra um skate pra mim?". Ai, meu Deus. Até hoje o objeto de desejo está escondido na lareira. Será até quando eu vou conseguir segurar?

3 - ESCOLA
Tá indo bem. Mas, como diz a coordenadora, descobriu que não é um parquinho e que lá é um lugar onde há limites. Na segunda semana, mordeu a testa de um menino (ai, Jesus!) e foi repreendido. Por isso, nas últimas duas semanas até falou: "Mãe, vai para escola comigo?"; "Mãe, fica aqui... não vai trabalhar não!". Nada que o impeça de ir, ficar e curtir. Não tem dado trabalho nenhum na adaptação. Aliás, adora a professora, sabe os nomes dos coleguinhas e já ficou popular. Coordenadoras, professoras e dona dizem: "Ele sabe o nome de todo mundo!". Até do porteiro, diga-se de passagem, nada fácil: Adaílton! A Dinha, professora simpaticíssima, te chama de "ticaba", em referência aos olhos pretinhos, da cor de jabuticaba. Mamãe gosta. Acho carinhoso e, como toda mãe corujíssima, fica achando que ela tem muitos motivos para gostar bastante de você. Você não passa batido! A Gi me conta que ela também te chama de mineirinho! E já me disse que "não aguenta" o seu RRRR. Ex.: "Papai 'tabalha' na TV Recorrrrrrr".

4 - CARNAVAL: foi o máximo! Pena que não estive na matinê do clube por causa do plantão na TV, onde você até desfilou. Você conta para todo mundo que te pergunta. E a Gi diz que você foi o único que entrou sozinho, todo corajoso, sem ninguém segurando a mão. Deus sabe como eu gostaria de ter estado lá. Essas perdas são duras. Mas não fico pensando muito para não sofrer, porque você mandou super bem.
Tudo começou com a fantasia. Comprei a roupa do homem aranha, como combinado com você, na sexta-feira. Liguei para casa avisando e quando cheguei, você já olhava pela greta do portão gritando: "Mãaaaaaeeeeeeeeeeeeeee!!! A minha fantasia!". Olhou, amou, pediu para vestir, claro. Depois foi duro tirar, mas deu tudo certo. Conseguimos até esconder na mochila como se não fossemos mandar para a escola. Eu tive dúvidas quanto à liberação. Na entrada, você até falou que deixou em casa. Quando te mostrei, ficou todo feliz. Soube que fez a festa por lá. E você chegou contando que as amigas Olívia e Valentina se vestiram de 'Banca de Neve". Ah, por falar nisso, o filme é o blockbuster desses últimos dias. Só perde para Os Três Porquinhos. À noite, quando cheguei do trabalho correndo para me arrumar para desfilar com o seu pai no Sambódromo de SP, você estava elétrico, pulando pela casa, todo todo. Quando nos viu fantasiados, gritou: "Eu quero por a minha fantasia!" Eram 22h e lá estava você, de novo, de homem aranha. Pena que a máquina de fotos não funcionou direito. Conseguimos uma única foto embaçada de você e do papai. (Papai tem de colocar aqui, se a gente não se animar para vestir tudo de novo e registrar!) Para sair de casa sem te levar, só não foi mais difícil porque a Gi te despistou. Mas você queria ir junto. Vai ser legal quando der pra levar! Já é folião, igual ao pai.

5 - FESTA DE ANIVERSÁRIO DE DOIS ANOS.
"Toy Story", foi o tema. Sua paixão. Foi super gostoso. Vovó Paula, vovô Marcos, tio Pedro e vô Xande vieram de BH. A maioria dos convidados eram amigos com filhos, da sua idade. Mamãe amou, porque foi bem mais bacana que no ano passado: babá trabalhou, tinha piscina de bolinha, pintura de mão e rosto e estava um clima super íntimo, do jeito que a mamãe planejou. Assim não teve corre-corre, todo mundo da mesma idade. Vieram: Ana Luísa, da Ariane, Vittoria, Sarinha, Lucas, Felipe, da Ju do antigo trabalho, Bernando, Maria e Ester. Perfeito! Ausências sentidas: Michelle, Cauã e o outro Lucas. Mamãe só sentiu de não ter posado mais para fotos ao longo da festinha... mas também, as do aniversário de um ano até hoje não foram reveladas. Fala sério!

6 - NATAÇÃO.
Já ia me esquecendo disso, filho! Tá demais! Essa semana não teve, por causa do Carnaval. Mas tá maravilhoso. É o tempo mais precioso que a mamãe tem com você nessa vida corrida que está levando desde janeiro. Na piscina, ficamos grudados. As aulas são ótimas, gosto muito da metodologia - da Flávia, principalmente. Os substitutos são simpáticos, mas não tem a técnica dela. E eu fico com o coração apaixonado, especialmente quando você mergulha. Eu super estimulo. O jeito preferido é quando você está na plataforma, dentro da piscina, sozinho, e pula para vir até mim, um pouco mais distante. Levanta com o olho todo arregalado, rosto ensopado, cara boa e diz: "Eu mergulhei!". É uma alegria ímpar!!!! Será que é possível a mamãe gostar mais do que você?

7 - FALAÇÃO.
Trava conversas como se tivesse 3, 4 anos. Sem brincadeira. É uma coisa de louco. Tipo:
"Mãe, hoje você vai para a reunião?"; "O porquinho fez a casa, o lobo mau soprou e derrubou a casa do porquinho!"; "Eu vou viajar de avião lá para casa da vó Paula/ ou do vô Marcos"; "Não quero colocar o 'croc' do Buzz não. Quero colocar o 'amalelo'"; "Mãe, vamos no clube? Eu vou colocar minha sunga!"; "Eu fui no shopping com meu pai e ganhei 'pesente'". E a conversa com o jardineiro, na sexta: "Ferrela, eu quero cortar, com a 'tesoa'. Ficou o seguindo pelo quintal e jardim da frente, querendo pegar ferramentas e subir na escada. Conversando como se fosse gente grande. rs.
Tem também as respostas às perguntas. "Rafael, cadê você?", é uma bem tradicional por aqui. As respostas são sempre completas: "Tô aqui, subindo na escada!"; "Tô aqui, na 'intenet'"; "Tô aqui no 'banhelo'. Aos poucos o r começa a sair melhor, mas ainda tem som de l. Outra dificuldade, talvez a única, é pronunciar palavras como máquina e Mônica. Vem sempre: "mánica" e "môquina".
Ao telefone, conta histórias. Para mim, quando ligo do trabalho, costuma dizer: "Mãe, vem aqui!" e depois, "Eu tchiii amo!"
Nós também, nosso amor, nossa vida, nosso orgulho, nossa inspiração. Deus te abençõe, sempre. "Amém".

24 de fevereiro de 2011

"Eu vou dar uma skatada..."

Onde?, o pai pergunta. "Lá no teto!", responde!
Tudo isso porque há dois dias, desde que chegaram as joelheiras e cotoveleiras - complemento do presente de aniversário das tias Lidi e Laura - ele não fala em outra coisa! "Pai, compra um skate?!", pediu agora há pouco. Ele nem imagina que o skate está em casa há pelo menos uma semana, escondido, porque a mãe não consegue deixar de pensar no perigo. O medo maior das quedas é com os dentinhos!

Essa fascinação por skate começou cedo. Antes de você completar um ano e meio. Ficava no clube, pegando o skate das crianças na pista, subia, como se fosse gente grande. E a gente atrás, fazendo de tudo para evitar tombos. ...

Mamãe vai sair para reunião de trabalho, mas volta a escrever já. Essa história é maravilhosa!

9 de fevereiro de 2011

CONQUISTAS - Adeus às fraldas, olá escolinha!

Tô decepcionada comigo mesma de não ter conseguido escrever mais nesses últimos dois meses, filho. Você está tão esperto! Traçando diálogos incríveis com quem quer que seja. Qualquer conhecido, né?! Porque quando chega em meio a desconhecidos, trava. Como se fosse tímido, até. Bom, hoje é a véspera de um momento muito importante na nossa vida. Na sua, principalmente. A véspera da ida para a escolinha! Você está animadíssimo, sabe falar o nome da escola "Alto d'Pinheiros" - Alto de Pinheiros, conta que lá tem jaboticaba - coisa que eu te contei antes de você entrar para conhecer; e tartaruga, desenhada na fachada e no uniforme. Ah, outro dia também estava contando que tinha um Paulo lá, igual ao da rua, guardinha. Em janeiro, comecei o processo para te fascinar. Passava na porta quase todos os dias de carro, contava histórias, falava da professora e, na hora de te reeprender, ainda aproveito para dizer que "na sua escola, a professora vai te colocar pra pensar", se você continuar a fazer tal coisa. No caso, essa tal coisa é falar "puta merda". Você pegou gosto pela expressão! Fica soltando a frase, vira e mexe. De graça ou oportunamente. Eu, desesperada, prego para que você desista. Seu pai não aguenta e costuma rir. O pior é que você aprendeu a entonação e a aplicação comigo. Acho que foi num dia que bati o pé em algum lugar e soltei um "puta merda!" Não teve jeito. Colou. Bom, espero que na escola se convença a usar o "putis grila", que vem sendo negociado. Senão vou passar vergonha! Ai, ai... e o medo de alguém te perguntar "Quem te ensinou isso?".
Então, amanhã é o grande dia. Você escolheu a mochila do homem-aranha. Eu até pensei em comprar algo do meu interesse, mais chiquezinho, confesso. Mas, consultando seu pai, ouvi: "Compre o que ele quiser, pra ele ter prazer. Mesmo que arrebente logo!". Concordei e, depois da reunião na escola, sexta-feira passada, cheguei a conclusão de que tinha que ser algo do seu interesse mesmo. Entre outras coisas, a dona e diretora pedagógica - que tem cerca de 70 anos, disse: "Coloquem o nome em tudo porque eles não se lembram do que é deles... mochila então, eles pegam a que mais gostam!" hahahaah. Você então não vai confundir a sua nunca, porque ganhou justamente a que escolheu. Eu apurei que na loja do shopping não teria e fui buscar na internet. Te chamei para comprar e ouvi: "Não, quero ir na loja!" Ah, menino. Só que, quando você viu a imagem, amou. Dizia: "Mãe, quero essa. A mala e a bolsinha!", porque tinha a mochila com roda e um estojo do mesmo tema. Resolvido, comprei. Chegou super rápido, em um dia útil. Mas você só a viu hoje de manhã. Como a Gi, babá, mesmo previu, não largou da mochila o dia inteiro. Ela disse que até na hora de jantar você conversou com a bolsa: "Espera aí, viu?! Eu vou comer muito, pra ficar forte...." Que alegria ver que você amou. Melhor foi a sua cara na hora que tirou da caixa. Arregalou um olho, fez uma cara de prazer impagável! Depois saiu correndo de um lado para o outro, a empurrando. Essa ninguém leva embora. Ainda que o nome não tivesse sido escrito, você já se apaixonou e não vai desgrudar, tenho certeza. Na hora de ir embora, vai se lembrar dela.
Amanhã, papai vai fazer fotos com a camiseta do uniforme e mochilinha, todo paramentado para ir à escolhinha. Que delícia, gente! Como o tempo passa rápido. Outro dia sua vó Paula chegou para te conhecer pela primeira vez... E eu e a vó Nair aqui, andando de um lado para o outro, para administrar a sua cólica...
Papai e mamãe acham que você estará no grupo dos que se envolvem rapidamente com a escolhinha. Achamos que vai encarar numa boa, sem traumas. Se bem que, ultimamente, você anda bastante colado em mim, confesso. Para sair para o trabalho, costumo te deixar contrariado. Às vezes até chora. Mas quando ouve que tenho que ir trabalhar para comprar as frutas, o picolé, para gente poder fazer a natação, etc, costuma aceitar.
Tem mais, da turminha da qual você fará parte, será um dos únicos que já chegarão sem fralda! Que bacana, filho. Percebi na reunião que muitas mães esperaram a ajuda da escola. Eu não tive dúvida que era a hora, há dois meses. Antes do Natal, logo que você fez 1 ano e 10 meses. Vamos à esse registro super bacana.


ADEUS ÀS FRALDAS DIURNAS
Era um sábado, 11 de novembro. Você tinha completado meses no dia anterior. Eu estava de folga, fim de semana de sol, íamos para o clube. Pensei: "Vai ser hoje mesmo! Não dá para esperar mais!" Uns 15 dias antes, já tinha te levado para comprar o troninho, que ficou no banheiro enquanto a mamãe falava que era nele que você faria cocô e xixi. Depois, as cuecas. Comprei algumas do Ben 10 para você se animar, já que adora o personagem. No tal sábado, decidi. No clube foi mais fácil. Teve uns xixis na sunga, na beirada da piscina e outros em casa, nas cuecas ou no chão. Até precisei comprar mais algumas, porque as três primeiras molharam num mesmo turno. Alguns você avisou.
Passamos o sábado e o domingo neste esquema. No segundo dia já estava bem melhor. Na segunda, foi tarefa da Gi, porque eu tinha que trabalhar cedo. Com ela deu super certo. Até o cocô você avisava, que bonitinho. Eu só fiquei com a função durante às tardes, quando chegava do expediente. Sempre com a tática: "Segura, segura!!!!" e corrida em disparada ao banheiro. Ainda hoje é assim. Mas tenho percebido que o seu controle já está bem melhor.
No sábado seguinte, uma semana depois da saída da fralda, fomos para BH, para o Natal antecipado. Vovô Xande e vovó Paula até compraram um troninho que eu levei para todo canto, inclusive para casa do vô Marcos. Imagine, início do processo, tudo indo bem... a gente não podia correr o risco de regredir. De lá, fomos para a vó Nair, levando o piniquinho também. Foi engraçado até, na estrada. Você pediu para fazer xixi só para sair da cadeirinha, porque não queria viajar sentado lá. Ô menino! Na vovó você também me testou viu!?! Anunciava que queria fazer xixi ou cocô, me via correndo, e quando chegava lá, nada. Tinha horas que eu tinha vontade de te tacar uma fralda e deixar, de tão cansativo que foi. Mas, disciplinada como sou, não consegui. A decisão estava tomada e eu, como mãe, aceitei a dificuldade. Passada a viagem, as coisas melhoraram. Você ainda faz umas maladragens - hoje mesmo ouvi a Gi dizer que você estava fazendo hora com a cara dela - mas, de uma forma geral, tá mandando super bem. Tá usando só as fraldas noturnas - da "Môquina!" porque esta etapa, segundo li, só deve ser iniciada depois de seis meses. Sem pressa! Estamos indo muito bem. Eu morro de orgulho.
Os banheiros estão adaptados, com degraus que eu comprei para você subir e fazer xixi de pé. O troninho, depois de dois meses, já foi deixado de lado. Agora é redutor e degrauzinho. Hoje, por incrível que pareça, você viu o troninho no aparador da banheira grande e disse: "Piniquinho, que saudade!" Do nada! Eu ri! Ai, que delícia, filho! Você é demais, como diz o seu pai.

23 de janeiro de 2011

Natal 2010 na família Nascimento

Tia Gi já pressionou pelo Facebook, ironizando a falta das fotos do Natal na vovó Nair e vô Agripino. Eu disse que ia escrever o texto no fim de semana passado, mas não consegui. Tô atrasada mesmo, ai, ai, ai. Com a mudança de trabalho, fico muito menos com você e à noite, acabo não abrindo o computador em casa, já que chego do expediente às 22h15. Justificado o atraso, vamos ao registro, o que realmente interessa aqui.
Foram três dias e meio, que você curtiu bastante.
Fomos para o interior numa quarta-feira, dia 22 de dezembro, um dia depois de voltar de BH. Saímos tardíssimo, por volta das 15h. Eu achei péssimo o horário, mas não tive muita escolha. Na estrada deu tudo certo - você me deu umas enganadas de que queria fazer xixi ou cocô só para sair da cadeirinha, até eu perceber e aceitar que você ia chorar até cansar. A viagem de carro pra lá é longa pra você, que se entedia e sempre fica chato por pelo menos duas horas do trajeto. A uns 100 km de lá, dormiu. Já era tarde, não tinha dormido de dia... acabou cedendo ao cansaço. Chegamos lá por volta de onze da noite, se não me engano... eu até tentei te tirar da cadeirinha dormindo, mas você percebeu que tinha chegado e ficou ligadaço. Viu a vó Nair, ficou feliz e gritou "Vó!". Foi pro colo dela e já estava acordado para o mundo. Até quase duas da manhã, ficou pegando fogo. Até carne comeu! E, desde o primeiro dia, grudou no tio Du. Tia Rô e tia Gi chegaram com as filhas no dia seguinte. E no outro, tio Lelo com os meninos e a tia Si.

ANIMAÇÃO DIÁRIA
Você estava super bem, brincando, curtindo tudo. Queria entrar na piscina cedo e conseguia até ficar brincando com a mangueira de água gelada. Não sei como o seu avó não reclamou formalmente daquela gastança de água lá, viu?! Mas, se ninguém se queixou, não era eu quem ia fazer, né?! Não na casa da família Nascimento. Você não parou um segundo. Vovô não aguentou esperar a data e te deu, antes da noite de natal, um caminhão lindo, de madeira, feito por ele, cheio de pecinhas - quadrado, retângulo, régua. Embaixo da carroceria escreveu o seu nome: "Rafael 25-12". Achei lindo e você amou. Ficou puxando de um lado por outro. Muito original! Tio Du comprou uma cegonheira com trocentos carrinhos em três andares, que também foram levados para a piscina. Nos quatro dias que ficamos lá, você acordava cedo - antes das 8h - e queria que todo mundo levantasse, principalmente o tio Du, que dormia na sala. Você não deu sossego para ele! "Tio Du, vem bincar", chamava. "Tio Du, quer carninha", pedindo o churrasco. Paciente e disponível como só ele mesmo, ficou à sua disposição. Você não queria nem deixá-lo vender os frangos por telefone: "Tio Du, não fala no telefone não!"
Na piscina, vocês se esbaldaram. De tão relaxado, até levou um caldo um dia. Eu não me animei a entrar, mas também tinha muita gente para cuidar de você nessa hora, que eu aproveitava para descansar, porque, apesar da casa cheia, você não pa-ra-va. E eu, como mãe, não podia sossegar. Mexia em tudo, tirava tomada, pegava telefone, entrava em banheiro, corria pro jardim da frente, fugia para a rua, queria voltar pra piscina quando acabava de se secar, anunciava xixi, desligava a televisão, puxava a peça do som, ligava e desligava os ventiladores e o vídeoame, tirava porta-retrato da prateleira, abria o lixo, queria mexer no bidê, fuçava em bolsa, pegava escova de dente alheia, vixe, vixe! Tudo, o tempo todo, a toda hora. É um ritmo insano!
Voltando a falar em piscina, teve um dia de manhã, em que você estava brincando lá fora, com o tio Lelo e, de repente, caiu de cabeça na piscina. Acho que foi pegar alguma coisa dentro e desequilibrou. Eu, que estava dentro da casa, não vi. O tio te pegou às pressas, mas você ficou com a cabeça toda e parte da roupa ensopadas. A Tia Si, pra aliviar, começou a brincar dizendo: "Rafael, você fez puft?" Pronto, te ganhou. Por causa desse puft, que você repetiu sem parar, você grudou nela. Tudo era: "Tia Si... tia Si!" ou "Puft, puft!". A tia Gi, às vezes ouvia e dizia: "Você tá chamando a tia Gi?" E você: "Não, tiaaa Siiii!", só para provocar. Para completar, quando ela vinha te dar um beijo dizendo: "Rafael, você me ama?", você negava! Ela morria de rir. E tinha a tia Rô também, que virou "Rô do céu", pra lá e pra cá, depois que você me pegou a chamando assim. Como pode repetir tudo, gente?! Tia Rô é doce, se dispunha a ajudar dizendo inclusive que se eu quisesse descansar, ela ficaria com você. Mas você estava colado em mim. Ficava brincando, curtindo, mas tinha que me ver. E eu ainda tive o cansaço de ficar cercando o xixi e cocô já que havia apenas uns 12 dias em que você estava fora da fralda. Pra não perder o que havia sido conquistado, fiz plantão. E você me testou, filho. Virava e mexia anunciava que ia fazer, eu saía correndo e, quando chegava no troninho, nada. Ai, ai, ai... Tive que contar carneirinhos, confesso.
Bom, a parte boa é que a casa estava cheia, como sempre, e você foi super estimulado. A Fê, sua paixão, estava lá. Dos primos, a Kalu - preta igual você. Mais parece irmão do que primo dela; a Júlia, que ajudou no banho e te vigiava; Flávia, com quem fomos na venda de frutas e em quem você se agarrou para encher de beijo e acordar num dos dias; Marcela, de quem você não esqueceu desde a ida anterior e em quem deitava de manhã, no sofá; Duduzinho, "é o filho do tio Du"; além de Luca e Breno, em quem você também grudou. Ficava lá imitando os gestos deles para brincar de videogame e desligando a televisão para atrapalhar. Vou te contar, viu, menino! É da pá virada mesmo! Vô "Gipino", como você o chama, estava impressionado com você. Seu pai dizia que ele falava: "Como pode um menino assim? Em 71 anos, eu nunca vi um menino tão inteligente!" Ele ficou impressionado com a sua falação e com a forma como você reagia às conversas. Você sempre soube que quem deu o caminhão foi ele e, toda vez que ele perguntava quem fez, você respondia: "O tio Du!", só para provocar, de novo. Ele achava engraçado.
A vovó também fica impressionada, te comparando, imitando coisas que você diz, surpresa.
Na ceia, já estava dormindo. Uma pena, mas também foi uma forma da mamãe poder curtir um pouquinho e jantar tranquila. Ficamos lá até o dia 26, de manhã, quando voltamos só os três para SP, porque a Fê já tinha vindo antes.
Ao contrário de BH, estar com a família paterna é sempre uma imersão com todo mundo. Vovó Nair recebe todos os filhos em casa e a gente fica todos os dias dormindo e acordando juntos. Isso faz com que você se aproxime. Sua relação com os tios e primos paternos é muito mais sólida do que com os de BH, por exemplo. Tirando tia Gá e Tia Beth, as outras tias você pouco vê. Mamãe acha esse contato importantíssimo, valiosíssimo, e sente que a gente esteja longe. Mas, se toda vez for assim, será bacana. Com o passar do tempo, você estreita os laços e reforça a memória de cada um. No próximo encontro vai ser ainda mais bacana.

9 de janeiro de 2011

Natal antecipado em BH

De saída do antigo emprego, mamãe ainda teve de cumprir o aviso prévio. Isso significou trabalhar no Ano Novo, na posse, e folgar no Natal. Sendo assim, viajamos para BH para antecipar as festas com a família materna e depois fomos para Fartura, para ver avó, tios e primos paternos.
Fomos no dia 18 de manhã, um sábado. Chegamos lá na casa da vovó por volta de uma da tarde. Nem passeamos neste dia, porque estávamos cansados. Vovô 'Xande' foi comprar um troninho - para não atrapalhar o processo iniciado havia uma semana de saída da fralda - e ficamos por lá.
Você, feliz da vida, grudado no tio Pedro! Vovô Marcos foi nos ver e te fez dormir. Vovó estava ocupada com a preparação das coisas para o jantar com a família. Mamãe estava feliz da vida com os quatro dias que ficaríamos por lá, sem pressa de fazer as coisas correndo e ter de ir embora.

Natal com a família da vovó Paula

Bom, por volta das oito da noite, a família começou a chegar. Foi gostoso. A casa ficou cheia: Tia Myrthes - ai que saudade da vovó 'Talícia', filho. Pena que você não a conheceu - estava com Luciana, Aloísio e o neto caçula. Dos irmãos da vovó e primos, só faltaram o tio Helder e família. Os outros foram todos. Lilica tá linda, enorme. Foi a minha maior surpresa. Marcinha e família também foram. E, para completar, dona Sarah e todos os irmãos dos vovô. A ida do Bernardo, o mais velho, foi garantia de música certa e boa até 01h da manhã, mas você nem ouviu... Foi o encontro mais gostoso por lá dos últimos tempos. Além do violão ainda tinha o "cajon" do Aloísio, instrumento super bacana, que a mamãe não conhecia. Se você tivesse visto, não ia dar sossego.
Enquanto você estava acordado, ficou de um lado para o outro, mas o astral já não era o mesmo do dia, claro. Sem ter dormido direito à tarde e tendo acordado bem mais cedo para viajar, você estava morto. Ainda assim te acharam falante. Tia Patrícia dizia que você não gostava dela! rs. Até parece, né?! É uma pena estarmos longe, porque os encontros são raros. Enquanto você é pequeno, fica difícil a aproximação, ainda mais em contatos noturnos. Imagine, essas tias você só viu em encontros à noite, quando está sempre cansado. Mas, quando crescer vai entender melhor que todo mundo é família e estará mais aberto a receber o carinho de todos.

Natal com a família do vovô Marcos

Domingo, era dia de encontro com o bisavô Lu. Fomos para casa do vovô Marcos por volta das 11h. Você até dormiu no carro, mas só nos últimos cinco minutos antes de chegar. Deu pena. Tentei te manter dormindo, mas quando descemos e você percebeu, já ficou todo ligado. Vovô foi nos encontrar na rua. Aí é que você se animou mesmo. Chegamos lá e já estavam todos: tia Gá, Matheus, Aline, tia Beth, Letícia, Bruno, Debora e Larissa, de 8 meses. Achei bonitinho uma hora em que você beijou os pezinhos dela, por iniciativa própria. No geral, ficou lá, pegando fogo. De dia, de bom astral, interagiu, falou, brincou, se divertiu. E passou um bom tempo dando trabalho porque insistia em mexer na tomada do ventilador, nos interruptores - todos ao seu alcance - e na TV. Ganhou um carrinho à pilha 'invocado' do vovô e o cabeça de Batata do Toy Story da tia Gá. Eu contei que você fala dela toda vez que usa a tolha de banho que ela deu quando você nasceu. Da tia Beth, a lembrança é sempre da raquete de matar mosquito. hahaha. Que você reviu, claro. Foi uma delícia! Do vô Lu você também nunca esqueceu. Lembra da cana, que a gente sempre chupa no quintal. Desta vez, ele disse que não tinha madura, mas que ia guardar para a nossa próxima ida.
Ficamos lá o dia todo. O almoço foi gostoso, feito pela Nely. Você comeu como nós, mas o que mais pediu foi... PALMITO. A sua mais nova preferência. Agora, quando falo que vou fazer compras você diz: "Comprar palmito..." Aprendeu com o vovô Marcos, por acaso, na nossa ida em novembro para BH. Comendo o que ele te oferecia do prato dele, num restaurante do shopping.
Bem, depois de tanto mexer e brincar, só aceitou dormir no colo do seu avó. A casa já estava vazia e você passou mais de uma hora dormindo no peito dele. Ê delícia, hein, filho?! Tem de curtir mesmo. Eu e seu pai aproveitamos para dormir na cama do vovô. Mais tarde chegou a Ju, de quem você também lembra bem. Só faltou o Pedroca.

APRONTOU
Já no fim da tarde, estávamos na sala assistindo um DVD de samba do vovô e você saiu do ambiente. Eu, sentada, fiquei com preguiça de sair correndo atrás de você de novo. Mas sabia que não devia relaxar e numa hora pensei: "Não dá, daqui a pouco vai ser pior se ele se machucar!" Levantei e saí gritando: "Rafael, cadê você?" Tia Beth veio atrás, feito um furacão. Enquanto eu procurava na área e no banheiro de serviço, ela te achou dentro do banheiro do vovô. Todo ensopado, com a água jorrando do bidê no teto! ahahahhahaah. Foi até engraçado. Sorte que ela é meio vó também, porque morreu de rir e nem ficou brava. Só disse algo do tipo: "Menino, menino, olha a bagunça que você fez!". Te enfiei no banho - coisa que você amou - enquanto ela teve o trabalho de secar o que você aprontou. Ôh menino!
Moral da história: estar em família é sempre maravilhoso. Não estar lá é sempre uma saudade! Já estou esperando o nosso próximo encontro.

obs.: acredite se quiser, não fizemos NENHUMA - NEM UMA - foto. Ah, que pena!!!

Amiguinhos de BH

Só estou postando hoje um texto escrito há duas semanas, porque estou hiper atrasada com as notícias. Ainda falta falar sobre o Natal e sobre as novidades de fralda e cama nova!!!

O registro agora é sobre o encontro com os amigos de BH, na casa da vovó Paula, nas vésperas do Natal. Felizmente as meninas estavam de férias e conseguiram levar o Gustavo e a Maria Fernanda lá na tarde de segunda-feira, dia 21 de dezembro, durante o nosso 'feriado' antecipado.
Tia Alê e Gustavo foram os primeiros a chegar. Ele logo se sentiu em casa, esticou os pezinhos pedindo para eu tirar o sapato dele e ficou descalço feito você. Ficaram lá brincando e curtindo a sala ainda sem móveis. Ele é um doce! Tranquilo, gentil, calminho, uma coisa. Bom, foi o que eu achei, né?! Você, elétrico desde o início. Ele depois saiu correndo pela casa também, coisa que fez a mãe dele rir e dizer: "Olha a carreira do Gustavo. A gente vê quando o menino tá feliz, né?!" Sinceramente, eu acho que eu estava mais feliz que ele! hahahahaa
Você gostou também, porque emprestou os brinquedos sem chatice. Só teve uma hora que pegou e bateu, mas com o choro dele, foi pedir desculpas. Aceitas, claro! Você tem mesmo um amiguinho em BH.
A tia Renata chegou mais tarde com a Maria Fernanda, de vestidinho e calcinha por cima da fralda, toda fofa, sem sapato. Com aquele calor, dava vontade de andar pelada mesmo. Ela é uma linda, cabelinho chanel com franja, branquinha, perninhas desenhadas, nariz arrebitado e a boquinha, que parece pequenininha se abre larga como a da mãe na hora da risada. Adorei! Quatro dentinhos só! Dois em cima, dois embaixo. Ai, que fofa! Ficou lá, sassaricando também. Mas não desgrudou da mãe um segundo! Normal, né, filho?! Até você é assim em muitos ambientes não familiares. E, muitas vezes, nos familiares também, diga-se de passagem.
Bom, ficamos lá, tentando colocar parte de alguns papos em dia. Alê ainda não sabe se quer outro filho. Renata falou em 2013. Eu, às vezes, queria pra já, mas com a mudança de emprego, vou ter de esperar mais um pouco para pensar sobre isso.
Mais tarde, chegou a tia Érika, pra prestigiar. Foi do trabalho ver os babies e você, principalmente, que não mora na cidade. Elas acharam curioso ver você falar, "frases inteiras", como disse a Alê. E olha que você nem falou muito, hein?! Sério, tá um negócio louco de tanto que dispara.
Ah, por falar em disparar, confesso que agora estou dando como exemplo, pra quem conhece, a tia Larissa, mãe do João. Eles apareceram mais tarde, quando as meninas já tinham ido embora. Foi bacana, mamãe gostou muito. A tia Larissa é, sem dúvida alguma, imbatível. Fala muito, mas muito mais que eu. hahahaha. Você tá ficando igual ela. Começa e dispara. Acho que é pra não perder tempo! hahahahahahahahhahahahahahaha. Adoro!!!!
Bom, voltando um pouquinho, preciso dizer que foi tão gostoso que o Gustavo até chorou na hora de ir embora, gente! Que coisa! Estava tão feliz, curtindo tanto, que queria ficar. Pena que já tinha passado das 19h, estava ficando tarde... A gente combinou assim: toda vez que formos para BH vamos fazer um encontro. Assim a amizade se mantém. Eu acho ótimo, quero mesmo que você tenha amigos em BH. Quem sabe não vira uma amizade como a da mamãe e a da tia Cris de Salvador: apesar da distância de sempre, o carinho e o gosto pelo reencontro são sempre enormes. Viva os amigos! Obrigada meninas pelo esforço.

(Pra variar, ainda não baixei as fotos e as que a Alê mandou por email não consigo anexar aqui!)