24 de julho de 2010

Férias em Porto de Galinhas





Nossa, estou atrasadíssima com as notícias e, por isso, vou disparar quase tudo aqui mesmo, num mesmo registro. A maior motivação agora é falar das nossas férias na praia, em Porto de Galinhas, Pernambuco. Chegamos anteontem, com você preto e curando de uma provável infecção na garganta, que te levou aos 40 graus de febre no quarto dia por lá. Também, você não queria perder um segundo e entrava na piscina logo cedo. Pode parecer absurdo, mas era uma guerra tão grande para tentar evitar e você ficava tão feliz e radiante dentro, que a gente acabou cedendo. Foram três dias de alegria constante, até a gripe, que fez com que você perdesse o interesse.
Lá clareia cedo e você madrugava, praticamente. Seis da manhã, quase todos os dias, já estava de pé, do lado da nossa cama (te colocamos numa caminha infantil no pé da nossa cama, foi uma delícia!). Antes das oito, você já queria entrar na água. Gritava: "Piscina, piscina!!!" Com o tio Pedro lá, também animado a enfrentar a água gelada, aí é que você insistia mesmo. Mas foi maravilhoso. Você entrava tão animado, de bóia, com água até o peito sem reclamar. De um dia para o outro já estava se equilibrando sozinho e atravessando a piscina com "badinho"- baldinho - e "gador"- regador - na mão, jogando água pra todo canto. O melhor, que acabamos não conseguindo gravar, foi a arguição diária do tio Pedro: "Rafael, o que é isso?", perguntava apontando cada hora para uma parte do corpo. Contei 15 que você respondeu sem pestanejar, assim: "Abeça - cabeça; abelo - cabelo; olho; naíz - nariz; olêa - orelha, claro; boca; dente; baí - barriga; bigo - umbigo; baço - braço; mão; dedo; péna - perna; pé e dedo, do pé também". Gente, foi incrível. O tio Pedro gostava tanto que ficava repetindo a dose. Na piscina era o máximo. Uma dó não termos gravado. Quando a gente tentou, no terceiro dia, você percebeu e não quis mais brincar.
Íamos para a praia um pouco mais tarde, por causa da maré. Como tem os arrecifes, quando abaixa fica calminho, dá para brincar melhor. Você adorou ficar na beirada da água, com o baldinho, fazendo bagunça com os castelos que o tio fazia. Não deixou um de pé durante toda a viagem. Seu prazer era destruí-los! Passou a maior parte do tempo de protetor solar constantemente renovado, chapeuzinho e camiseta que protege do sol, apesar de ser inverno. Também não dava para bobear. A chuva que arrasou várias cidades do estado no início do mês quase não deu sinal na nossa estadia. Chovia raramente à noite. O sol tava de quarar. Deu para aproveitar à beça.
Um destaque: feito o cocô, era hora de colocar a sunguinha azul e branca! Meu Deus, dava vontade de morder o corpinho formoso! Que delícia, filho!

A ESCOLHA DO LUGAR

Seu pai e eu ficávamos celebrando as férias, a casa, a praia, o lugar. Foi um esquema per-fei-to. Pura sorte. Aliás, sorte e gentileza ímpar da Mari, Marianne, amiga do seu pai do trabalho, filha de um ícone da TV. Acho que o pai dela, Chico José, é o repórter mais aventureiro do Brasil. Numa conversa no nosso quarto dia lá, o seu primeiro de gripe, ele contou algumas das histórias vividas. É impressionante. Já esteve com gorilas na África, mergulhou nos sete mares, fez 82 Globo Repórteres, pegando e desafiando cobras, inclusive. O jornalista com o maior número de programas desse tipo na emissora. E, aos 65 anos, pulou de buggy jump na Nova Zelândia. Eu fiquei admirada!
Bom, seu pai pediu uma indicação para ela, porque estávamos mesmo querendo ir para o Nordeste, para fugir do frio. Pensamos na Barra de São Miguel/ Alagoas, mas não tínhamos conseguido definir nada. Foi quando ela disse que tinha o lugar ideal para o que procurávamos: lugar bacana, tranquilo, estrutura de serviços para bebê - empregada, babá, com acesso a atendimento médico de qualidade caso precisássemos. E ofereceu a casa da família, a menos de 500 metros da praia. Topamos na hora. Teríamos empregada e babá in loco, mas acabamos levando a Gisele, sua nova babá, que estamos trazendo da casa da vovó Paula para cuidar de você. E abrimos mão da Simone, que tem um tino para criança raro de se ver. Uma pena não poder ter as duas! rs. A mãe dela, 'Maía' ficou conosco todos os dias. Êita mulher eficiente! Que sonho. Como ela mesmo diz: "Não é atoa que trabalha na casa há 11 anos!". Tomávamos café, esperávamos a hora da maré e íamos para a praia quando quiséssemos. Foi maravilhoso. Você pegou e aprendeu a falar conchinha, bebeu água do mar (quando isso acontecia, anunciava por conta própria: "bebeu!"), fez bolo na areia, tomou água de côco, viu 'angada' - jangada; 'pôba' - pomba - voar, correu pela areia, se divertiu. Nós amamos. E pensar que a nossa lua-de-mel foi ali do lado, sem que a gente pudesse imaginar que, sete anos depois, estaríamos vivendo a nossa primeira experiência com você na praia, de verdade.

SALVOS PELO EDVALDO

Na madrugada da febre, a de sábado, seu pai saiu pela vila atrás de uma farmácia. Às 04h da manhã, não tinha mesmo nada aberto. Ele deu uma sorte danada de achar, numa barraquinha de cachorro-quente uma alma boa, Edvaldo. "Ô homi!", nos salvou da angústia. Se ofereceu para pegar você em casa com seu pai, levar-nos ao postinho médico, esperar e nos trazer de volta, já que não tem nem táxi disponível a essa hora. O salvador da pátria tem 11 filhos, "três no casamento e oito fora", como ele mesmo definiu. Além disso, só consegui saber o nome dele e que mora no Recife e vai para Porto quase todo fim de semana. Nunca mais o veremos na vida, provavelmente. Fiquei pensando filho, em como são as coisas... um homem desconhecido, do bem, aparecer assim para nos ajudar na sua primeira ida à um 'hospital' desde que nasceu. Disse para o seu pai que ele conseguiu encontrá-lo porque ele também é uma pessoa do bem. Você há de aprender isso: Quem planta o bem colhe o bem!, eu confio!

'GALÍNA'

Depois de 'pocotó' esse foi o nome de bicho que você mais falou. Também, era uma a cada passo dado. Tinha galinha para todo lado. Lá, você aperfeiçou a pronúncia de várias palavras e se viciou no programa do Iphone com os animais. Mas, infelizmente, ele só ajudou você a abrir a boca pra comer no primeiro dia e olhe lá. Seu pai aceitava te entregar o aparelho na mão, para tentar te fazer comer. Mas foi tudo em vão. Uma luta infeliz. Pra mim, você fez greve de fome. Seu pai não concorda, diz que perdeu o apetite por causa da doença. Mas nada me tira da cabeça que a sua peraltice ainda continua fazendo você controlar a vontade e ficar a secas, sem comer. Depois de 10 dias, hoje, sábado, foi melhorzinho. Ainda assim, foi-se o tempo de prato cheio, com legumes, arrozinho integral, macarrão, barriguinha cheia.

COM A MÃO

Chegamos da praia e fomos para o pediatra já no dia seguinte. Queríamos falar da gripe e da medicação - você está tomando antibiótico, pela primeira vez na vida, desde o quarto dia de febre. Mas a minha maior angústia era com a alimentação. Eu não aceitava de jeito nenhum que você comesse com as mãos, fazendo uma zona, jogando comida para todo lado. Confesso que preferia te deixar com fome do que aceitar isso, que eu achava absurdo. Imagine, um menino de 17 meses achar que pode comer como quer... eu pensava. Seu pai, mais tolerante, não se importava e sempre te deixou fazer a festa. Até discutimos por isso. Não é que ele, sem saber, estava fazendo a coisa certa?! Filho do céu, você é muito precoce! O pediatra tinha dito que isso era lá pelos dois anos - recusar comida e ficar mais seletivo. Você já entrou na fase. Agora não topa mais as mesmas coisas e quer tudo com a mão. Quer saber mais? PO-DE! O Dr. Fran disse que pode e que devemos deixar você pegar em tudo num prato que seja só seu. A expectativa é de que você aceite as nossa colheradas entre uma mãozada e outra... Ai, ai, ai. É duro pensar que vai ser essa zona, mas foi um alívio imediato no meu desespero de estar criando um filho sem limites. Tirou com a mão! Se pode e faz parte da tal "fase anal", eu já estou aceitando. Vamos ver como se comporta amanhã, no último dia de férias do papai. Nós ainda voltaremos para BH.
(ÀS FAMÍLIAS MATERNA E PATERNA, UM RECADO: logo logo faço um registro sobre as visitas a BH e a Fartura, na casa da vó Nair e vô Agripino!)