Foi uma boa surpresa a reação do irmãozão
com a chegada da pequena Gabi. Ele se apaixonou logo de cara!
Fico pensando e acho que pra ele também deve
ter sido importante vê-la nascer. Afinal, ele estava lá o tempo todo, junto com
os avós, espiando o parto da janela. As fotos não me deixam mentir e uma delas
revela ainda a sensibilidade da enfermeira que levou a irmãzinha enroladinha
bem perto dele, para apresentá-la a quem de mais importante ela terá na vida a
não ser os pais, o irmão.
NA MATERNIDADE
Foi um misto de carinho e agitação. Como tem
sido desde o início, aliás. Assim que ela chegou no quarto, ele estava lá.
Subiu logo no sofá para ficar na altura do bercinho e fazer carinho na
cabecinha. A coisa mais fofa! Mas o amor não contém a energia, claro. No
hospital mesmo, as visitas dele tinham de ser muito breves. No segundo dia, ai
jisuis, Rafael "incendiou" o quarto. Era chegar, tirar o sapato e
começar a abrir a geladeira e querer pegar todos os suquinhos de caixinha que
estavam dentro. Depois, se escondia no armário, subia na pia do banheiro para
lavar mãos e até os pés, levava o banquinho do banheiro para perto do álcool em
gel, que passava o tempo todo na mão para tocar na irmãzinha, apertava os botões
da maca, fazendo descer e subir o tempo todo, fuçava nos botões na parede da
cabeceira e, não bastasse tudo isso para deixar a gente de cabelo em pé, ainda
encontrou no apoio de ferro do soro uma espécie de skate! Inacreditável! Subia
na base descalço e, segurando no suporte,
lá ia ele de um lado para o outro se deslizando nas rodas... Confesso
que quase morri de cansaço! Só de pensar no sufoco já fico podre de novo! A vó
Paula era a que mais tentava por ordem na coisa também, coitada. Era o tempo
todo falando: "Rafael, meu filho, não faça isso!". Ou dando corda
para brincadeira no armário, a mais tranquila. Era ele falando: "Vovó...
vem me procuraaaar!" E ela: "Cadê você?! Será que saiu?!", para
mantê-lo mais quieto! Depois desse dia super agitado, os seguintes foram de
visitinhas mais curtas. Chegava, sentava na cama, me dava beijos e logo queria
pegar a irmã no colo. Eu, orgulhosa, fazia questão de deixar.
ORGULHO
Não tem nada que me faça mais feliz do que vê-lo
carinhoso com a irmã. Adoro quando ele quer se acomodar perto da gente, quando
ela está mamando. Só temos que dosar a forma, porque senão ele se empuleira
junto da almofada de amamentação e até atrapalha.
Diante de tanto amor, as frases de admiração
e paixão não cessam mais. São tão preciosas que tenho anotado algumas desde o
início, para não correr o risco de esquecer. A mais marcante e constante é:
"Você é linda. Eu te amo!". Ou, falando dela pra mim: "Ela é
linda!", com jeito de profunda admiração.
Ele fala espontaneamente, quase todas as
vezes que se aproxima do rostinho para dar os beijinhos, que eu fico vigiando
para não ficar muito perto da boquinha e nem sufocar.
Nas primeiras semanas, Rafael soltou várias
frases de efeito, que anotei pra nunca mais esquecer:
-"Essa menina é uma benção, vovó!" Não
precisa de mais nada, né?!
Falando pro pai, olhando a irmã no bercinho:
"Eu queria tanto ter uma irmã assim... Ela é tão linda. E agora eu
tenho!"
-"Ela é tão linda!", admirado.
Quando ouve um resmunguinho: "Mãe, ela quer
mamar! Ou: "Ela quer peito!"
Outro dia, ouviu o choro lá de baixo. E falou
pra babá: "Deixa que eu resolvo!". Saiu correndo feito um louco e
quase ganhou dela na corrida. Sorte que ela conseguiu alcancá-lo porque a gente
não sabe se ele ia ou não querer pegá-la do berço! rs.
-"Como é que eu posso ajudar?"- falava
o tempo todo no começo. Mas só queria o filé mignon. Quando pedíamos para jogar
fralda no lixo ou para parar de fazer barulho, nada feito. Um dia ouviu da avó
que a gente ajuda do jeito que precisa e não do jeito que quer. Pouco depois,
repeti isso. E perguntei: "Quer limpar o cocô?", só para tirar um
sarro. Não é que ele quase topou?! Respondeu com um: "Tá bom!", quase
que dizendo: já que não tem outro jeito, né?!
-"Eu quero pegar ela no colo!" Sempre
que dá, ponho. Acho fofo ele sentado na cadeira de amamentação com a almofada e
ela no colo.
Fazendo muito barulho na sala, ouve:
"Filho, não faz barulho, sua irmã está dormindo!" Ele: "Eu
não queria ter essa irmã, ela só dorme!". Até entender que demora mesmo
para interagir, vai tempo... hahaha!
No ouvido da irmã, que mama: "Te amo e você
é linda!" Quem aguenta um apaixonado desses? Ela vai ou não ser fã do
menino?
- "Que linda!", ao ver a irmã chegar
na porta do quintal toda enfeitada de lacinho branco, enquanto ele pegava
acerola com o pai no pé. Conquistador natural!
- "Nem acredito que eu tenho uma irmã com
esse quarto lindo! Que legal... Uhhh!" Essa é maravilhosa! E se eu não
tivesse registrado, já teria me esquecido.
O CIÚMES
Apareceu, claro. Com a vovó em casa e o papai de férias, ele sempre tinha
alguém à disposição. Mas de vez em quando ficava choroso pelos cantos. Um dia,
a empregada pegou ele na cozinha
passando requeijão no biscoito. Ela perguntou o
que ele fazia e ele respondeu: "Tô aqui me virando sozinho..."( com
jeito de lástima). Fala sério! Como se ele tivesse ouvido alguma orientação do
tipo ou como se alguém tivesse se recusado a ajudá-lo.
Descontou um tanto na babá que deixou de cuidar
só dele e fez loucuras agressiva nas duas primeiras semanas de fevereiro.
Estava se achando o próprio Avatar (viu o filme entre dezembro e janeiro umas
25 vezes!). Mas não se deu conta
que não estávamos em guerra. E o Carnaval logo no início do mês veio pra
prejudicar ainda mais a situação. Achei que ia pirar! Mas, graças a Deus, e à
nossa atuação imediata, conseguimos contornar as ocorrências em duas semanas.
Agora as coisas estão bem melhor, ufa! Daria pra dizer que nos B.Os atuais só
tem travessura.
A gente sabe que pra ele tem sido duro, afinal,
era único, podia muita coisa, tinha muito poder... Como diz a vovó, a chegada
da irmã transformou tudo. Eu e o
pai sentimos e fazemos de tudo para dar o carinho que ele precisa, sem
fraquejar na imposição de limites. As coisas estão caminhando e temos orgulho
da família que estamos construindo a base de muita disposição, coragem e
trabalho.
MAKING OFF
Ainda no hospital, tivemos a oportunidade de
nos divertir com ele no penúltimo dia, durante uma caminhada pelo corredor. Ele
sabia que em todas as portas havia plaquinhas com os nomes. Daí, pediu: Vovó, lê pra mim?! E lá foi
ela... De repente, a placa: Joaquim Manoel. Quando ela leu, ele disparou:
"Joaquim Manoel?! Que nome esquisito!" Quase morri porque não
conseguia conter as risadas, andando cheia de pontos! Uns três caras que estava
no corredor também se divertiram com ele. Ai, ai... que menino! Que Deus abençõe,
proteja e guarde o caminho dessas duas joias raras, Fefel e Gabi! Amém.