23 de agosto de 2011

Fa-la-ção!


Hoje me dei conta de que tinha de parar para escrever um pouco sobre você, que está im-pos-sível! Que você não me ouça! Digo isso porque até na análise cheguei à conclusão de que gasto energia escolhendo as palavras para você não se prender às características que elas carregam. É duro gastar energia com isso, mas não quero que seja sempre impossível, então, evito falar. Mas a verdade é que você está da pá virada, de "tirar picapau do oco", como diz seu avô Agripino. Ou de tirar picapau do "roco", como vc diz. Muitas vezes eu tenho mesmo vontade é de dizer que você é do "cu riscado", para usar uma expressão cômica que ouvi da Aline, minha prima, numa ida a BH. Ela falava de outra pessoa, mas foi engraçado. Bem, a motivação agora são as suas novas conquistas verbais. Vamos começar por hoje.
Partindo da dificuldade que tem sido te fazer vestir roupa adequada para esse frio polar que atinge SP. Gente do céu - até suspiro -, como isso cansa! Toda manhã é o mesmo desgaste, a mesma chateação, porque você já acorda dizendo: "Vou colocar um short e uma camiseta!" Já disse que a gente tinha de morar na linha do Equador! Ou na Bahia... na viagem de julho foi uma delícia. Mas aqui, desde o começo do inverno eu insisto que não vai ficar com roupa de verão nos dias frios... e, dois meses depois, você só me provoca. Como? Tô na rua e você bem vestido em casa, depois de dar trabalho, claro. Até com a babá insiste pra ficar com roupa de verão. Antes, conseguia...mas agora a gente tá na batalha juntas - ela ainda é mais tolerante. Bom, aí eu apareço e você, do nada, lança a frase-flecha: "Mãe, vou colocar um short e uma camiseta!" Eu já reagi de todas as maneiras possíveis. Tem horas que ignoro. Em outras, parto para a luta. É... aliás, era uma luta. Hoje resolvi colocar em prática uma sugestão da minha fisioterapeuta, Ariane. E não é que funcionou?!
Foi assim: enquanto me vestia para ir ao trabalho estou ouvindo você falar com a babá: "Eu vou colocar um short!", de novo isso. Aí ela disse algo do tipo: "Não Rafael..." E você: "Eu não vou discutir com você!" Haahahahhahahahaha! hahahahhaha! "Eu não vou discutir com você" foi ótimo. Uma reprodução perfeita do que eu te digo quando a gente começa a falar de roupa! Daí, quando vi que você estava de cueca, andando pela casa, querendo arrumar confusão, fiz: "O que foi? Ponha uma calça!" Aí você foi na gaveta - como sempre faz - para escolher. Estávamos querendo te fazer dormir, já que eram quase 15h e eu não te mandei pra escola por causa da gripe que você pegou nessa ladainha. Aí você pega uma calça jeans e diz: "Vou por essa!" Ô mania de trocar de roupa, gente!!! Ficamos eu e a babá tentando te fazer mudar de idéia, até que resolvi: "É o seguinte: você vai colocar esta calça mole (de moleton). Mas você pode escolher! Quer à força ou por vontade própria?", escondendo o medo de que não desse certo. Ai, meu Deus, tinha que dar! Você ainda arriscou, só para me testar: "À força!" Eu repeti: "Tem certeza, à força?" Até que você cedeu, rapidamente: "Não, própria, própria!" Foi cômico! Eu até nem aguentei, mas tentei fingir que não era risada e sim um espirro! Entreguei a calça na mão e, segundos depois, ela estava vestidinha! Ai que benção! Essa foi linda! Já estou torcendo para pegar. O "vou contar até três!" já funciona para muitas coisas. Foi uma conquista!

FALA DE TUDO

De tudo mesmo! No teatro, no domingo, na peça do Chapeuzinho Vermelho, dizia, sentado entre mim e o papai: "Eu não tô com medo! É um homem fantasiado de lobo... É uma mulher fantasiada de Chapeuzinho!", assim mesmo! Inacreditável! Hoje pediu para ver as fotos dos "atores". Aí disparou: "A vovó era a mãe!" Para confirmar, perguntei: "O que? Como você sabe que a vovó era a mãe?" Achei que você não tivesse percebido que a mesma atriz fez os dois papéis. Aí você completou, com perfeição: "É... era a mãe. Depois ela se vestiu de vovó!" Gente, gente, gente! "Se vestiu" foi demais pra mim. Nem eu acredito que você fala tão certinho, apesar de te estimular e corrigir com delicadeza seus erros, assim: "Filho, não é assim que fala. É assim...", e explico. Hoje Dorinha, a babá, estava dizendo: "As crianças não falam plural. Ele fala direitinho... "Os papéis", deu o exemplo. Betânia, a empregada completou: "A moça que trabalhou aqui dizia que a dona Priscilla deveria levá-lo para televisão!" Elas insistem para eu te levar para fazer comercial, porque você vai falar tudo. Seria engraçado... mas a mamãe não tem tempo! E está feliz com o seu desempenho entre os conhecidos mesmo, sem precisar te exibir na TV. Rs!

MAIS

Outro dia, ouviu o pai falar um "Ai!!!" alto e fez: "Dramático!" Ouve tudo!
De vez em quando fala comigo: "Calma mãe!" hahahaha.
Vira e mexe se gaba: "Eu sou esperto!" rs.
Sobre os peixinhos em Morro de São Paulo, na piscina natural, que escaparam de você, que tentava insistentemente segurá-los, reproduz: "Eles fugiram... eles são espertos!" E já chegou a dizer: "São mais rápidos do que eu!", exatamente como eu te expliquei.
Você tem uma capacidade de reter informações e vocabulário incrível. Por isso, até a gente se surpreende. Na escola, outro dia, a filha da dona, que também trabalha na coordenação disse: "Ele tem cada argumento! Você vai sofrer!" Como se eu não conhecesse, né?!
Ah, e as relações? Sabe quem é mãe de quem, quem é pai de quem, sobrinho, neto, tio, etc... Ex: "O que você é do tio Pedro?". A resposta: "Sobrinho!". Ou então, quando está contando uma história, diz: "O seu pai fez tal coisa... ", se referindo ao avô, meu pai! É engraçado!
No mais é isso. Fiquei lembrando dos primeiros registros sobre falação, antes dos seus dois anos de idade... Quem diria agora, com dois anos e meio, recém completos. Você tá que tá!