26 de outubro de 2008

O livro, a agenda, os registros

No dia seguinte ao teste de farmácia, ganhamos o nosso primeiro presente, o livro ESPERANDO MEU BEBÊ, das inglesas Daphne Metland e Anna McGrail. Um livro lindo, super bacana, que o seu pai escolheu a dedos na Fnac da Paulista. Chegou em casa com a surpresa, com direito a dedicatória, que eu amo: "Pri, amor da minha vida, que este livro nos ajude a planejar a chegada do nosso bebê. Te amo." O bacana é que, em quase 500 páginas, ele te dá um acompanhamento de todas as semanas da gravidez. É uma maravilha. Eu sabia, por exemplo, que antes da 20a semana você já começou a sentir alguns sabores...aprendi que até o terceiro mês era a fase mais importante, porque é nesse período que o feto adquire tudo o que vai precisar: todos os órgãos e membros. Depois desse trimestre, o resto é se desenvolver e crescer. Eu comia direitinho, seguindo as orientações, fazia quase tudo que era sugerido, com prazer. Outra coisa que eu encontrei lá foram informações sobre a dor no cóccis, que começou dois dias antes de completar 16 semanas. Ele ensina até a fazer uns exercicioszinhos para ajudar a aliviar. O livro tem sido ótimo e vai me acompanhar até os primeiros meses depois que vc nascer. Além dele, comprei a AGENDA DA FUTURA MAMÃE, na Fnac de Pinheiros. Foi uma indicação da Marina, jornalista que escreve na revista da Mitsubishi e faz uns ralis com a mamãe pelo Brasil afora. Ela sugeriu que eu a comprasse logo no início, lá em Curitiba, no dia 05 de julho. Ou seja, eu estava grávida de cinco semanas apenas. Na verdade ela me pegou numa conversa "bem suspeita" com o seu pai e me perguntou sobre a gravidez. Como ela é fofa e já tem a Pietra e o Lorenzo, eu quis contar. Foi ótimo... na mesma semana fui procurar a agenda e descobri, já naquela época, que poucas mulheres descobrem a gravidez no início, afinal, eu estava na quinta semana e só tinha espaço para escrever a partir da 7a. Até hoje eu escrevo, mas depois do blog, é verdade que tenho deixado o diário um pouco de lado. A vontade de registrar tudo é grande.
A vida inteira gostei de ter diário, de escrever sobre tudo. Ainda tenho vários guardados da adolescência. Os do intercâmbio então, são inacreditáveis. Acho que herdei o hábito da vó Paula, que faz e guarda até hoje todas as agendas do passado. De vez em quando me pergunto para quê guardo, se um dia terei tempo de ler tudo... mas não tenho coragem de jogá-las fora. Quanto ao que faço durante a gravidez, sei que vai interessar. Tem muita gente lendo e acompanhando a sua formação. Além do mais, quem sabe se quando eu estiver velhinha, com tempo livre, não recupero as histórias para lembrar detalhes dos momentos que valeram um registro, né?!

Sua mãe

25 de outubro de 2008

A translucência e a maior emoção de todas

Nossa, é difícil descrever o que eu senti quando ouvi: "Tudo perfeito!" Gente do céu, te ver formadinho, já grandinho, foi indescritível. Quando você resolveu mostrar o pezinho e a mãozinha então, me apaixonei. Eu nunca tinha sentido nada parecido - nem no casamento, nem na descoberta da gravidez, nem nos primeiros ultrassons, em nenhuma super viagem internacional, nada, nada se compara! É um sensação de prazer, de plenitude ímpar. E ainda hoje, aos cinco meses de gestação, estou para dizer que aquele foi o momento mais feliz até agora. E olha que a gente é feliz todo dia, hein, Rafa!?!
A translucência era o exame que mais me afligia. Já tinha lido quase tudo sobre e sabia que através dele, uma série de síndromes poderiam ser identificadas. Seu pai dizia que era pura bobeira minha, que não ia ter nada... sua avó também. Mas não tem jeito, enquanto eu não vi e ouvi que estava tudo nota dez eu ainda tinha uma apreensão. Foi o primeiro exame na nova clínica, o Centro Paulista de Medicina Fetal. Longe da nossa casa, lá na Vila Clementino, perto da Vila Mariana. Pra variar, o perrengue do trânsito. Saímos de casa umas 4h10 e o exame estava marcado para às 17h30. Seu pai pegou a Paulista. Foi a pior opção! Quando o trânsito parou, literalmente, eu me desesperei. Acredite se quiser, ficamos uns 20 minutos para andar 1 quarteirão...Só sei que deu 5h20 e a gente ainda estava longe. Tudo parado! Pra quê, resolvi ligar para a clínica. Parece até judiação, mas a mulher disse que se eu não chegasse em 15 minutos, ela não garantiria que o exame seria feito. Gente, é brincadeira, né? Justo a translucência, o meu grito de guerra!? Chegar à 12a semana de gestação parece que foi o período que mais demorou a passar, de tanta ansiedade para fazer o tal exame. Eu já tinha resolvido que só contaria da gravidez no trabalho e para os amigos (para quem o seu pai ainda não tinha contado, claro) depois do exame. Além do mais, eu precisava ter certeza de que estava tudo bem com você. No desespero, resolvi descer do carro e pegar um metrô, numa estação logo ao lado do mega congestionamento. Fui...
Vixe, parecia que eu estava junto com a torcida do Corinthians lá dentro. Um horror! Gente empurrando de uma forma que eu ia no fluxo, levada pela multidão. Ainda tive que fazer baldeação para pegar o trem certo. Foi uma loucura, mas eu queria te ver. Da estação final ainda tive que pegar um táxi para chegar à clínica o mais rápido possível. Quando despontei na esquina, adivinha o que vi? O carro do seu pai! Lei de Murphy total! Desci do carro, me meti no meio do povão no desespero para não perder a data e o seu pai ainda chegou antes. Tudo bem... Era umas 6h da tarde e a punição por termos nos atrasado meia hora foi termos sido deixados por último. Só entramos na sala para fazer o exame umas 7h, 7h30. Mas quando chegou a nossa vez, te ver compensou o esforço. Eu não me esqueço, seu pai sabatinou a médica. Ele fazia cada pergunta que a mulher deve ter ficado desconcertada. Foi assim: primeiro ela começou a ver as medidas - fêmur, osso nasal, nuca... e a cada uma delas descartava a possibilidade de síndrome. Disse que estava tudo ótimo, perfeito, várias vezes. Eu tinha vontade de sair gritando para o mundo: o meu nenem é perfeito!!! Daí ela disse que ia ver se dava para olhar o sexo. A gente já sabia que talvez fosse possível e eu estava confiando que conseguiríamos porque a Dra. Paula insistiu na clínica e disse que eles só fazem isso, exames pré-natais. Portanto, as chances da médica conseguir ver eram de fato grandes. De repente ela disse: "Olha, tudo indica que vai ser um menino, hein?!" Eu ri! Seu pai: "Então é um menino doutora!?". Ela disse: "80% de chance." Daí ele disparou: "Mas qual é o percentual de erro? Quais as chances de ser isso mesmo? A senhora mais erra ou mais acerta? ". Eu confesso que achei maravilhoso, mas enquanto ele mordia, eu assoprava: "Meu amor, olha o que você está perguntando...o que é isso!". A médica disse com um tom de brincadeira: "Se eu mais errasse, eu nem abria a boca, né?!" rs. Pronto, foi o suficiente para, a partir desse momento, o seu pai sair contando para todo mundo que o filho que a gente esperava era um menino! Ele mandou até email dizendo isso para os amigos! Ai, ai, ai... ela disse 80 e ele ouviu 100%. Não tinha quem o fizesse dizer: "tudo indica que será um menino", como eu fazia até ter certeza absoluta de que você é um menino.
Independentemente disso, para mim, o forte do exame foi saber que estava tudo bem. Liguei para todo mundo: vó Paula, tio Pedro, vô Marcos, vó Nair, Tia Beth, Bia, Laura... e mandei mensagens para Larissa, Cris de Salvador... fui espalhando a notícia.
Saímos de lá e fomos jantar no JAM, aquele Japa super bacana do Itaim, que a gente ama. Nossa, foi uma maravilha... Seu pai ficou só pensando em você ser um menino. Ele disse: "Nossa, Pri, vai ser tudo diferente mesmo agora, né?! Um menino...". Estava emocionado, feliz, orgulhoso. Eu posso dizer que aquele foi um dia em que eu ganhei a vida! Não faltava nada, graças a Deus.

Sua mãe

Dois centímetros e meio, só

Não vou me esquecer nunca de nós dois, eu e seu pai, sentados no Fifty's do Shopping Morumbi depois do segundo ultrassom, o das 9 semanas. Ficamos rabiscando você no verso do jogo americano de papel. Na verdade, tentando estimar como é possível um feto ter cabeça, tronco e o broto dos bracinhos e pernas e medir apenas 2,5 cm. Você tinha crescido bastante, afinal, três semanas antes ainda era a ervilha pulsante - tinha menos de um centímetro. Mas aquele tamanho de agora ainda era uma coisinha... no seu ultrassom (que a gente vai tentar colocar numa fotinha ao lado) dava para ver o que era. A gente ficava estimando com os dedos o tamanho real. No fim, acho que talvez nunca tenhamos conseguido de verdade, porque era muito pequenininho. Como a natureza é perfeita, né? Você começou um brotinho e agora não pára de crescer. Que lindo!
Quanto ao sexo, não dava nem pra supor, mas até aí eu tinha uma idéia fixa: queria muito um menino. Mas confesso que, olhando para o ultrassom, eu só pensava em uma coisa: "Ai, meu Deus, abençoe para que esses brotinhos pulem para fora e os bracinhos e as perninhas cresçam!" Parece bobo dizer, mas eu orava para você ser perfeitinho, com os membrinhos todos bem formados. No shopping, a gente desenhou, desenhou, desenhou e, claro, saímos com um presentinho. Como eu já tinha comprado várias roupinhas naquela loja do Vila Lobos da qual eu virei cliente, eu não quis gastar muito. Também estava na fase de convencer seu pai a ir para os Estados Unidos fazer seu enxoval por lá. Por isso, tudo parecia uma fortuna aqui. Acabamos levando o macaquinho da YOU, de algodão orgânico, com bolinhas entre o lilás e o marrom. Lindo. Não vejo a hora de ver você dentro.

Sua mãe

A ervilha pulsante




Depois do exame de sangue, tivemos uma consulta com a ginecologista. Saímos com o pedido para o primeiro ultrassom. O dia do exame foi uma emoção, mas ainda com um alto grau de surpresa e queixo caído. No caminho, o suplício para chegar. Marcamos num laboratório lá de Moema, bacana até. Seu pai viu o endereço e disse que o achou no mapa. Hã...a gente saiu com a corda no pescoço, porque já estávamos atrasados e já perto, deu aquela confusão... vira para cá, pra lá, ou pra onde? Inacreditável, mas seu pai tinha visto o mapa e me mandado ler no sentido contrário. Ou seja, vínhamos de um lado, mas estávamos lendo o mapa como se estivéssemos do outro. Ai, que loucura! Fiquei nervosa, lógico... até porque eu queria muito te ver e a clínica disse que dependendo do atraso, iam avaliar a possibilidade de fazer o exame. Credo! Ainda bem que passou a agonia e a gente chegou. Vinte minutos atrasados, talvez...nada que o paciente já não espere na ante-sala de qualquer lugar, mas pra pressionar eles são ótimos. Tomamos um chazinho de cadeira e chegou a hora... fomos lá para salinha. Seu pai sacou o Iphone e começou a tirar fotos: várias de mim deitada na máquina (a mais bonitinha é essa aqui, ao lado). A médica entrou em seguida (era uma moça jovem, super simpática, Juliana) e já vieram as primeiras perguntas. Uma delas, a que realmente mais se ouve ao longo do pré-natal: "Qual foi o dia da sua última menstruação?". "Trinta e um de maio", respondi com precisão. Logo logo começamos a ver as imagens... Víamos uma bolinha branca, oca, no meio de uma bolsa em formato de pêra, negra. Seu pai ficava lá, perguntando um tanto de coisa, tipo: "Mas é essa bolinha? Pequenininha?" Depois de avaliar um tanto de coisa que a gente nem tem idéia, ela foi medir o seu batimento cardíaco. Nossa, 180 batimentos por minuto! Uma coisa intensa, rápida. E é assim que tem que ser, segundo os médicos. Quando a gente perguntou o tamanho, a surpresa: menos de um centímetro. "Meio centímetro!, disse a médica". Gente, como assim? Meio centímetro, batendo a 180 por hora? É uma ERVILHA PULSANTE!!! Como se repetiu em todos os ultrassons seguintes, ligamos para todo mundo. A vó Paula riu da expressão, mas eu não encontrei melhor forma para descrever o que você era naquela época. Saímos de lá direto para o shopping, para comemorar e comprar, claro. O seu pai na Chicco pirou. Queria comprar tudo. Fez questão de levar as roupinhas mais bonitas e mais chiques também. Só sei que a gente comprou um tanto de pagãozinho, uns macaquinhos lindos (o da calça de plush amarelinha com o desenho do cachorrinho é o meu favorito. Tem um azulzinho com um bichinho pendurado que o seu pai amou. Uma fortuna. Engraçado é que a gente estava comprando um monte de coisa e eu só tinha pouco mais de um mês de gravidez. Naquela época ainda andava ressabiada, porque a médica tinha dito que até o terceiro mês era de muita vulnerabilidade. Eu só pensava em você ficar coladinho dentro de mim e crescer, com saúde. Mas preferi não sair contando sobre a gravidez. Seu pai, ao contrário, já queria fazer o enxoval todo... se deixasse ele tinha comprado todas as roupinhas da loja. A verdade é que estávamos os dois muito felizes, desde o início, com a nossa ervilhinha.

Sua mãe

A confirmação - será mesmo que estamos grávidos?

Como era de se imaginar, nem eu nem seu pai aguentamos esperar o tal dia 03 de julho. Seu pai estava ainda mais ansioso do que eu. Passou os dias anteriores, 29, 30 e 1o. perguntando: "E aí, Pri?" para saber sobre a menstruação. Eu dizia: "Nada ainda, mas você não pode ficar assim... imagine se não tiver nada?". Acho que a ansiedade dele talvez tenha sido estimulada pelas minhas sensações. O peito inchou, doeu, o gosto diferente na boca apareceu e as colicazinhas breves e em dias diferentes também. Tudo indicava algo especial. Mas como eu mesma já testemunhei, podia ser tudo psicológico. Fui para a academia no dia 02 e a Paula já dizia que eu estava grávida, desde o dia seguinte da concepção. Segundo ela, me vesti de forma diferente e estava já com cara de mãe. Resolvi acabar com a dúvida. Eu tinha uma certeza: se não estivesse grávida, não ia ser um dia que mudaria tudo... se já estivesse, ia aparecer no teste de qualquer jeito. Passei na farmácia da Praça Panamericana e comprei o indicado pela Laura: CONFIRME. Nossa.... cheguei em casa maluca. Li tudo na bula, entendi as orientações: depois do xixi, se aparecesse um traço rosado ou roxo, era positivo. Fui lá, fiz o teste e olha a tal lista lá! Eu não acreditei, juro. Tinha certeza que o xixi passou do ponto, atingiu uma parte não permitida do teste, pensei em tudo. Ao mesmo tempo que a gente queria muito, parecia inacreditável ter engravidado mesmo numa única noite, na escolhida. Liguei para o seu pai na TV. Uma das primeiras coisas que ele disse foi: "Por que você não me esperou para fazer o teste?" Detalhe: ele já sabia que eu ia comprá-lo, mas não achou que eu fosse fazer logo que chegasse em casa. Mas não aguentei! Imagine, com o negócio na bolsa, ficar esperando...uma agonia. Eu falei para ele do resultado e disse que não acreditava. Ele já tinha procurado um tanto de coisa no GOOGLE. Tá achando o que? Leu tudo, sabia de tudo... "Pri, é positivo. Não tem erro! Se apareceu o tracinho, você tá grávida mesmo!". Eu disse: "Mas a cor tá meio clarinha... o xixi passou da conta...não, não vou confiar. Compre e traga outro quando estiver voltando para casa!". A gente passou o fim da tarde toda se ligando, se falando. Eu já não lembro muito bem da cronologia, mas acho que liguei para mamãe, a vó Paula, no primeiro resultado. Disse que duvidava e que o seu pai ia trazer outro, mas que esse tinha dado positivo...e pedi: "Não conte para ninguém, só para o Alexandre!". O mesmo pedido foi feito para o seu pai, que ganhou o apelido de bocudo naqueles primeiros meses... Gente, ele não se continha! Saía anunciando a gravidez para Deus e o mundo. Quer ver um exemplo? Ligou para sua vó Nair da farmácia dizendo: "Mãe, estou comprando um teste de gravidez para a Pri!" Precisa mais? Quando ele chegou em casa, eu fiz tudo certinho, para não ter erro. Peguei um copinho de plástico de festa, fiz o xixi no copinho e joguei em cima do medidor. Tinha que deixar 5 minutos parado, na pia, pra esperar o resultado, mas o negócio foi ficando rosa logo... Eu entrei no banho, sem acreditar... seu pai, do lado de fora, também. Ficava lá com o olho em cima do visor: "Pri, não tem erro! Tá grávida!". A gente falava sobre isso, mas a ficha ainda não tinha caído não... acho que nenhum de nós dois acreditava que de fato tinha dado certo a tentativa. rs. Tô rindo ao escrever isso daqui .... foi engraçado. Saí do banho e comecei a ligar. De novo, para a vó Paula: "Mãe, o segundo teste deu positivo" Ela dizia: "Eu não tinha dúvidas... depois do primeiro, minha filha! Que bacana, Deus abençoe... um filhinho vindo aí..." Eu insisti para não divulgar até que eu fizesse o exame de sangue. Vai que estava errado, né? Mas já no dia seguinte soube que ela não se aguentou. o Alexandre ligou para parabenizar e disse que ela estava impossível, já tinha contado para um tanto de gente e só fala nisso, em ser avó.
Guardei os dois testes, para arquivar no meio das suas memórias e saímos. Era aniversário da Helena Fruet, num bar cubano. Eu me lembro bem, porque tentei falar com o seu avô de primeira viagem, mas ele não atendeu o telefone, estava dando aula. Quando ligou de volta, nós estávamos lá, curtindo. Deu vontade de contar para as meninas da TV. Seu pai queria brindar com todos...mas eu o contive e conseguimos ir embora sem que ninguém suspeitasse. O vô Marcos ficou super feliz, deu os parabéns e disse: "Que Deus abençoe!" Ah, ele também perguntou sobre a minha preferência, por menino ou menina... eu disse que gostaria de começar com um menino... mas não dava para prever, né? E ainda ia demorar para descobrir. No fim, você era mesmo o menino que eu tanto desejei no início.


As únicas amigas a saber e o exame de sangue.

No dia seguinte ao teste de farmácia, cheguei no trabalho maluca... Fui direto na Laura, que estava no figurino trocando de roupa para apresentar. Levei os dois escondidos numa capa de escova de dente rosa que eu tinha. Não queria que ninguém da TV suspeitasse. Quando abri e mostrei, ela deu um escândalo. "Priscilla, eu não acredito! Isso é positivíssimo, não tem erro. Menina, parabéns!" Depois vieram os comentários sobre como foi rápido, como foi impressionante... como eu sou fértil. Ah, coisa que a vó Paula também falou, né? "Minha filha, se foi rápido assim, imagine se você não tivesse prevenido antes... já teria vários!". Também contei para a Lidi, grávida da Sarah. E pedi segredo absoluto. No mesmo dia, liguei para a Dra. Paula, para pedir um exame de sangue. Liguei do trânsito e falei dos dois testes. Ela falou: "Um já não tem erro, dois então... Você está grávida!" Eu disse: "Ainda assim queria um pedido para fazer o exame de sangue..." Ela mandou eu passar lá e fui logo buscar. No dia seguinte ou no próximo eu já estava no Lavoisier... o laboratório dos carniceiros ou vampiros. Um horror. A mulher que tirou o sangue parece que tinha começado naquele dia... como doeu! A idiota errou a veia no braço direito. Isso nunca tinha acontecido. As minhas veias são como as do vô Marcos, aparecem rápido e são fáceis de localizar. Daí falei que não dava conta, que estava doendo. Ela deu uma desculpa esfarrapada, com se o problema fosse da veia e foi tirar no outro braço. Outro suplício... credo, não gosto nem de lembrar. Depois, no fim daquela barbárie, a infeliz ainda me mandou colocar gelo nos dois braços. Eu saí de lá chorosa, tentando falar com a minha mãe e com meu pai. O seu pai Rafael, ficou p. da vida. Disse que não era para eu voltar nesse lugar nunca mais. Que era para fazer no melhor laboratório de São Paulo, custasse o que custasse!
Uns dois ou três dias depois, não me lembro bem, já tinha o resultado pela internet. A Laura (personal gineco) insistiu no exame de sangue porque disse que já dava para saber se eram gêmeos. Gente do céu, até isso ela sabia. Eu fiquei com medo naqueles dias, confesso. Acho lindo, uma graça gêmeos, mas é punk! Dois na barriga, dois pra tudo ao mesmo tempo... torci para você ser único. No resultado, a contagem do tal hormônio deu 5.000 mil. Ou seja, positivíssimo, mas feto único, segundo a super nanny, que acertou mais uma vez. Daí liguei para a vó Paula e o vô Marcos de novo, confirmando, mas eles não tinham dúvidas. Desde o teste da farmácia, já se preparavam para ser avós. hahaha. Ah, além das duas grávidas da TV, a única amiga da mamãe de BH que soube da gravidez desde início foi a Tia Bia Mignolo, que andava sempre conversando comigo pelo messenger. Pedi para ela não contar para ninguém... mas já previa que isso fosse impossível. Tudo bem, no fim, quase ninguém guarda segredo mesmo. Ainda mais quando a notícia é boa. Além dela, também contei para a Tia Manu, que está em Nova York. Ela vivia insistindo para eu engravidar ainda na época do desemprego. Dizia: "Aproveite... tenha logo esse filho. Coitado do bichinho (seu pai), não aguenta mais esperar!" Ela sabia que desde 2003, pouco depois do casamento, seu pai já falava em filhos. Quando nos mudamos para Maceió e ele foi antes, escolher o apartamento, ele falava para os amigos que teríamos filhos em breve. Demorou, hein?!

Sua mãe

24 de outubro de 2008

A Concepção


Era a noite do dia 16 de junho de 2008, uma segunda-feira, e eu já tinha passado o dia acreditando que estava no período fértil (depois eu conto o porquê). Seu pai sabia e chegou em casa com uma surpresa: um vaso de flores vermelhas lindas, bem arranjadas, perfumadas. Junto, o que mais me emocionou: um cartão no qual ele dizia: "Pri, meu amor, minha eterna e doce namorada, eu te amo!". Chorei, claro. A foto ao lado, tirada com o iphone dele dá para perceber a felicidade. Ele dizia que eu estava diferente naquela noite... E acho que estava mesmo, talvez especialmente apaixonada. Eu olhava para ele e o via super poderoso, desde que apontou na garagem. Engraçado, mas a consciência de que você pode engravidar numa noite específica, tendo escolhido isso depois de 5 anos e meio de casados pensando, planejando, mas evitando, é algo muito forte. E saber que o seu pai tinha o poder de fazer um filho foi demais!  Ah se todos os filhos fossem concebidos assim... teriam todos uma cota de felicidade armazenada já no DNA. Como o seu pai tinha voltado naquele dia mesmo de Maceió, onde estava desde o dia 14 de junho - o dia dos namorados, que nós não comemoramos porque marcaram a ida dele para lá justo na tal data - ele trouxe uns creminhos e sabonetes líquidos de chocolate. Cheirosos... Foi um banho gostoso. Eu tinha me desligado do horário, nem estava preocupada com ter de levantar no dia seguinte cedo, às 6h da manhã. O dia tinha sido especial, a crença na ovulação indescritível... só pensava em aproveitar o momento. E foi o que nós fizemos. Foi pleno. 

Rafael, você talvez ache surpreendente, mas naquela noite eu mentalizei um menininho... era como se tivesse fabricando mesmo um filho encomendado. Talvez tenha sido o melhor namoro da vida, de tanto que foi singular. Seu pai dizia: "Pri, se você engravidar hoje, eu vou jogar na mega-sena!" rs. É, imagine... a pessoa escolher um dia e vivê-lo acreditando que vai ficar grávida e de fato isso acontecer?! Estou certa de que não é para qualquer um. Mas eu já sabia que se nós engravidássemos no tal dia, já seria a conquista do prêmio. E foi! 
No dia seguinte, já no trabalho, eu comecei a sentir um revertério (é a única forma de explicar) na barriga incrível. Parece que as coisas mexiam...e eu não tive a mínima vontade de comer o lanchinho que eu sempre comia - meu sanduichinho integral de queijo branco e peito de peru light. A Laura, logo que cheguei veio correndo me perguntar: "E aí?". Eu disse: "E aí que se tiver que ser, já foi! Não fiz nada para evitar a gravidez ontem... e foi indescritível." Ela ria. E quis saber de tudo. Pior, achava que eu tinha desperdiçado a grande chance porque levantei e fui tomar banho. Engraçado isso! 

As sensações continuavam. Ainda naquela semana ou no início da seguinte, eu fui surpreendida, em vários dias, por um gosto muito estranho na boca. Me lembro que na época eu dizia para o seu pai que era uma sensação de um gelo seco, só que sem ser gelado nem quente. Os livros depois descrevem como a sensação metalizada. Talvez seja mesmo. Na semana seguinte, eu tive ginecologista com a Dra. Paula, indicada pela Fernanda de Luca, da TV (ela ajudou a escolher a médica, que também fez os dois partos dela, já te deu presentinhos e sabe da gravidez desde o início). No consultório eu disse que já tinha tido relação ovulando e que podia até estar grávida. Mas como foi num único dia, ainda tenho dúvida se ela acreditou na possibilidade. Até porque me explicou que a gente só engravida num dia do mês. A tabelinha com os 5 para cá e 5 para lá é só para não correr o risco, mas a gravidez mesmo só acontece num dia. Ou seja, é muita sorte ou muito azar, para quem não quer, né?! Ela disse que não ia me pedir nenhum exame, para não dá azar. Na verdade, acho que no fundo dessa justificativa tinha a preocupação de médica de não estimular uma ansiedade em mim. Afinal, há mulheres que piram na expectativa de um resultado. E eu, por mais que achasse que estava grávida, não tinha porque me preocupar, porque durante todo esse tempo com o seu pai aquela noite tinha sido a única em que a gente de fato não fez nada para evitar. Antes, eu me cuidava muito. Sabia que queria ter um filho, aliás, dois, mas não achava ainda que era a hora...Saí do consultório com a seguinte orientação: os sintomas do início da gravidez e pré-menstruais são muito parecidos. Vc vai sentir uma colicazinha, seu peito vai inchar... mas é preciso esperar o dia 03 de julho para fazer o teste de farmácia. Se não descer e der positivo, daí você está grávida mesmo!" Gente, esperar até o dia 03 de julho? Seriam mais dez dias pela frente e eu já tava sentindo um tanto de coisa...A tal colicazinha veio e eu achei estranho, porque nas vésperas da menstruação, ao longo da minha vida, nunca tinha tido essa sensação dias antes de menstruar. Comecei a achar que estava com gravidez psicólogica. É... uma coisa de doido. O meu corpo sinalizou tudo: a ovulação e o início da gravidez. Um privilégio, porque além de ter escolhido o dia em que você foi fabricado, eu não perdi nenhuma sensação. 


Ovulando, como assim?

Eu já estava sentindo desde o rali do fim de semana em Uberlândia uma sensibilidade extrema no peito... doía com a força da água do chuveiro. Na segunda-feira cedo comentei no café lá na TV com a Laura, que já estava grávida do Lucas há 6 meses. Ela disse: "Então você vai ficar menstruada!". Eu fiz: "Não, fiquei há umas duas semanas". Daí, sem titubear ela disparou: "Então você está ovulando!". Como assim, ovulando? "Se você menstruou há uns 15 dias, está ovulando. Tá tendo corrimento? " Gente, como ela sabia até disso! É a super nanny mesmo! Incomparável! Sabia tudo de gravidez desde o início. Pronto... foi ela dizer isso para eu ficar louca. Imagine... ovulando? Depois de anos tomando pílula, eu não tinha essa sensação, né? Passei o dia pensando nisso, até porque o seu pai voltava de viagem justamente naquela segunda-feira, depois de quase uma semana em Alagoas. Eu pensava constantemente: "Será que estou mesmo ovulando? Será que eu posso engravidar hoje? Será que eu não faço nada para evitar? " Foi um dia inteiro de pensamentos... Falei até com a Paula personal, que sugeriu: "Ah, Pri, veja qual é... não faça nada para evitar. Se for pra engravidar, vai acontecer!" Naquela altura, às 17h, eu já estava totalmente envolvida com a idéia. Liguei para o seu pai e avisei: "Estou ovulando e estou com más intenções! rs." Más não, ótimas, né?! Ele nem acreditou! Mas chegou em casa com as flores, porque eu já tinha anunciado a minha decisão.


Sua mãe