25 de fevereiro de 2009

A dor da despedida

Filho, infelizmente, você também vai saber que nenhuma despedida é fácil. A de hoje então deixou a mamãe de coração apertado... só de pensar nesse dia, eu já estava sofrendo, mas não foi possível evitar: sua vó precisou voltar para casa. Saiu agora há pouco daqui... O feriado de Carnaval terminou, hoje é quarta-feira de cinzas e, amanhã, ela já recomeça a rotina em BH. Mamãe tá aqui chorosa, triste. Fazer o que, né?! A recompensa é que você é o meu amor e está coladinho. A tristeza maior é de não morar na mesma cidade. Vê-la indo e saber que você vai perder o colinho de depois de cada mamada, das noites, os braços que te seguravam nos banhos desde a chegada da maternidade... as cantigas, o "xuuuuuuuuu" no pé do ouvido para alcamar. Mamãe queria que você já tivesse aprendido a reconhecer a voz dela... Vivi todos esses momentos tentando evitar pensar nisso, mas nesses últimos dias, não teve jeito. Vovó foi embora agora com o tio Pedro e o vô Alexandre e pediu para a mamãe não ficar assim, porque ela também fica triste. Vou tentar até porque não quero que você sinta nada de negativo. A sua chegada foi só alegria e a sua vida também só é motivo de comemoração. Quando eles saíram, você estava mamando... depois, ainda te segurei no colo um tempo - você estava todo emboladinho - delícia! - te fiz declarações de amor, mas resolvi deixar você no seu bercinho para escrever. Acho que falar dessa tristeza aqui talvez possa ajudar.
Foram 12 dias de uma ajuda preciosa, que a mamãe nem sabe como descrever. Vovó se dedicou por inteiro. Talvez tenha se cansado mais até do que a mamãe. Ela também fez a maior parte do seu diário de bordo, enquanto eu te amamentava. Vamos guardar tudo! Anotava o tempo das mamadas, o horários do Mylicon, funchicória e até troca de fralda com cocô, se fosse de madrugada. Mamãe vai continuar com os registros... Nesses dias, ela interpretou traços da sua personalidade. Disse até que você é voluntarioso. Ou seja, se não quer, não quer... A definição veio depois de uma noite de muito mal estar em que depois de ter arrotado, feito cocô, recebido fralda nova e muita ninada, ainda estava bravo, se contorcendo... chorando. Vixe! Mamãe tá torcendo para as noites não serem muito duras, principalmente as próximas. Seu pai ainda tá sarando da gripe que o derrubou nos últimos dois dias e a mamãe tá tentando se livrar de uma que começou nesta madrugada, com dor de garganta. Pelo menos, vovó deixou de herança, entre outras coisas, a descoberta do banho relaxante. É, na hora que a coisa aperta e que a gente sabe que não são gazes, temos no banho de água quente o grande aliado para te acalmar. Ontem, depois dele, você mamou e dormiu. Mamãe espera ter aprendido com a vovó a reconhecer se um movimento é de dor ou de fissura, que pode ser contornado com uma mamada... certamente, muitas lições vão ficar. Se vovó disse que estava aprendendo a ser uma boa avó comigo, eu também vou aprender a ser uma boa mãe com ela. Apesar da tristeza da despedida, tê-la por aqui nesses dias foi um privilégio. Nós dois sabemos disso.

Vô Alexandre e tio Pedro

Outros dois amores na sua vida. Tio Pedro te olhava e dizia: "Gente, como pode uma coisinha assim tão pequena?!"; "Que coisa fofa!".... hoje cedo, ajudou a mamãe a trocar a sua fralda. Te pegou no colo, todo responsável e orgulhoso. Esse tio.... saiu daqui dizendo: "A gente volta viu, Rafa!?"

Vô Alexandre ajudou muito a vovó na primeira noite de gripe do seu pai. No dia seguinte disse: "Depois que a gente pega, parece que aumenta o amor!". Você gostou do colinho dele também. Mamãe tem tanto orgulho dessa família.

Você tá fazendo um barulhinho... mamãe tá indo ver...
Quinze minutos depois....
Você mamou mais um pouquinho, já arrotou e agora tá deitadinho no colo... mamãe já aplacou a tristeza.

21 de fevereiro de 2009

Seu pai, uma paixão



Ele te desejava há anos... e agora, com a sua chegada, se sente pleno. Não faz corpo mole e tem disposição para ajudar nas horas difíceis. Já passou pelo menos duas noites sofridas ao lado de sua avó, tentando administrar o seu mal estar, enquanto a mamãe dormia para descansar e estar bem na hora de te amamentar. Na mais dura, a primeira em casa, ele foi poupado, porque quis comemorar a sua chegada tomando vinho com o Marcos Aurélio e a Kika. Mas se preocupou em "pedir permissão" para sua avó. Numa outra, depois de você dar um couro de duas horas no colo da vovó, mamãe foi te amamentar.

Vovó, morta de cansada, foi tomar banho. Papai ficou no quarto enquanto você mamava e te pegou logo depois para te fazer arrotar. Eu, preocupada com a dureza que seria para ele ter de lidar com o seu mal estar quando a vó não estiver por perto, ouvi: "Eu sou o pai, estou aqui para isso!". Vovó, ao saber no dia seguinte, disse: "Que frase mais linda! Que força!"
Você, nos braços dele, fica ainda menorzinho ... quando ele te pega de frente, peito com peito então... mamãe ama ver! Você adora. Ele te nina, te admira... tem paciência. Você relaxa. Fica te observando e diz que você é a cara dele!

Mamãe confessa que as mãozinhas, os pezinhos e as orelhinhas são uma miniatura da versão do pai. Ainda bem... quando você estava na barriga, a gente ficava pensando o que deveria puxar de quem, para ser lindo. Os pés, mãos e orelhas estavam na cota do pai. Veio como encomenda. O cabelo então, é do pai mesmo. Preto, lisinho... a coisa mais linda. Todo mundo que te vê, desde as visitas na maternidade, fala: "Gente, como é cabeludo!".

Ele está tão orgulhoso que quer te levar para todo canto... sair passeando por aí para te mostrar para o mundo. Se orgulha do seu crescimento e, muitas vezes, te chama de "gordo". Um jeito carinhoso de comemorar o seu desenvolvimento.
Mamãe fica muito feliz de tê-lo como companheiro, porque sabe que ele está pronto para tudo, para ajudar, para dividir, para cuidar. Seu pai é a nossa paixão.

19 de fevereiro de 2009

Ser avó




As pessoas me perguntam: como é ser avó? O que voce está sentindo em ser avó?
Antes de me materializar em uma avó de verdade, eu dizia que ser avó de um neto de filha era algo maravilhoso pois através das fases da gravidez eu podia me identificar com os anseios e expectativas da filha (futura mãe). Como para toda mulher, algumas questões sempre se repetem no imaginário das mães. Mas agora que me tornei de fato uma avó, pois tomo nos braços o sujeito que me colocou definitivamente nesta posição, tenho refletido sobre várias coisas e experimento novas questões, absolutamente diferentes de tudo que eu podia supor saber. Eu deveria ser alguém avisada destes equívocos depois de ter terminado minha análise, mas, como todo ser humano, sofro dos esquecimentos estruturais e descobri que nunca se sabe muita coisa de nada e que os saberes fundamentais sobre o "ser" são construídos na relação com os outros...
É claro que alguma coisa eu sei, não virei de uma hora para outra uma despreparada! Sei perceber quando o incômodo do nenê advém da fome e quando é um mal estar provocado pela ingestão demasiada de leite. Sei acalentá-lo da angústia do desamparo experimentada pela liberdade de movimentos que ele tem agora fora de seu ninho uterino! É claro também que sei como ajudar a filha querida a evitar que o nenê transforme seu seio em uma chupeta materna, ficando o tempo todo pregado à seu corpo. Sei ajudá-la a ter tempo para aliviar suas dores corporais resumidas no corte da cesariana, no inchaço absurdo do corpo, na dor dos mamilos que insistem em dificultar a decisão de amamentar o filho "custe o que custar".
Verifico o quanto o desejo cobra seu preço e quanto à isso, uma psicanalista que está na posição de avó materna deveria saber como negociar este preço. Mas, ser avó me mostrou que todo o saber do mundo, adquirido pela própria experiência de ter também vivido esses tempos de mãe de récem- nascido e de ter feito dos livros de psicologia meus maiores companheiros, não servem de muita coisa quando voce é chamada à ajudar uma filha neste inicio de vida como mãe. Aí sim, ser avó de filha também tem uma especificidade, pois me coloquei à sua disposição dia e noite para ajudá-la e negligenciei com o fato de que o pai pudesse estar ficando "de escanteio" num jogo em que ele é de fato e de direito um dos personagens mais importantes. Neste momento, o nenê passa a ser o centro das atenções. A filha tem um lugar de destaque e está amparada pela mãe que saiu de BH e veio para preencher suas necessidades. E o pai? Cheguei à conclusão de que, se eu não atentasse para essa questão (descoberta em conversas com a filha amorosa e atenta), toda a minha dedicação poderia se transformar em algo bastante pesado para ele e tudo estaria perdido. As boas intenções não são suficientes para que o outro se sinta de fato considerado em sua singularidade.
Agora quero dispor de meus cuidados sem aparecer demais... Não quero me fazer tão necessária!! Fico no meu canto esperando que minha presença se faça realmente desejada, não só pela filha que me quer verdadeiramente do seu lado, mas também quando sei que o pai não se sentirá invadido nem desprestigiado. Minha filha tem me ajudado a ser uma boa avó.
Manejo com a difícil tarefa de não tomar partido em relação à filha querida e nem demonstrar muito saber... Que as coisas apareçam na medida do tempo que se fizerem necessárias. Assim, espero que eu possa ajudar ambos (mãe e pai) e que, dessa forma, meu netinho aproveite do clima harmonioso que a casa pode ter quando todos estão felizes com a presença sincera de outros.
Ser avó então é fazer um pouco de mágica e repetir todo o amor que se teve para com o filho de forma dobrada, pois a filha não é mais sua! Não sei se é mais fácil ou mais difícil ser avó do que mãe. Às vezes escuto que ser avo é ser mãe com açúcar... Não sei bem o que isto significa e, como não vejo muito valor no açúcar (por motivos óbvios), acho que só o amor pode trazer o doce que não faz mal. No entanto, amar não é coisa simples nem fácil e, por isso, estou ainda sem saber o que é ser avó! Posso dizer que vivo uma fase da vida que tem suas belezas, pois vejo na filha o prosseguimento de uma vida. Vejo também que a filha adquiriu a consciência de que há que se ter respeito pelo outro, mas que nunca deve se deixar de sustentar seus próprios valores sem deixar seus sentimentos em segundo plano. Acho que amar é um encontro e que o esforço de estar junto só justifica quando percebemos que o outro também sofre quando perde o seu lugar em nosso desejo.
Saber sobre o que é ser avó para mim, ainda está por ser inventado e eu não sei onde isso vai dar... Só sei que estou afim de me lançar nesta aventura de fazer existir um tempo para outra função, quando queixo de não ter tempo para nenhuma outra tarefa!
Acho que isso se resume em ser uma mulher e como eu já encontrei a essência deste "ser" no exercício do amor, eu o reviverei sendo uma avó.
Talvez isto possa fazer sentido para muitas avós, embora saiba que nem todos entenderão meu texto. Espero que minha amada filha tenha uma suposição de que entende o que eu digo e possa assim me ajudar a ser a cada dia de minha vida uma mehor avó para seu filho.

PS: Hoje é dia 18 de fevereiro, 13: 35 hs e eu fui ali no quarto e vi a filha e o neto dormindo... eu os amo do fundo do meu coração.

17 de fevereiro de 2009

Meu primeiro banho de sol







Seu primeiro banho de sol, filho, foi já no dia seguinte à primeira consulta ao pediatra - Dr. Fran, para os íntimos. rs (daqui a pouco mamãe conta mais da avaliação sobre o seu crescimento). Ele disse que você não teve e também não apresenta sinais de icterícia - aquele tom alaranjado na pele de muitos recém-nascidos, mas sugeriu um banhinho de sol diário por dez minutinhos no máximo, antes das 10h da manhã ou depois das 4h da tarde. Ele serve para fixar o cálcio nos ossos. A gente deu sorte, porque o tempo estava bem fechado no fim de semana, mas melhorou. É o verão de volta! Mamãe passou um protetor solar no rosto e foi com você para o nosso quintal. Que delícia. Você estava lindo, de "body", com as perninhas, pezinhos e bracinhos de fora. Parece que adorou, porque estava super relaxadinho. Papai não perdeu a chance de registrar! Agora tem sido assim, quase toda manhã a gente vai lá pegar um solzinho. Mamãe fica te namorando, dando beijinhos nos pés, toda boba com a sua beleza. Deus te abençõe, sempre!

A consulta

Filho, que orgulho! Em quatro dias, desde a alta na sexta-feira, você engordou 200 gramas, o que corresponde a 50 por dia. "Ótimo", segundo o médico. O mais comum é entre 20 e 40 gramas diárias. Cinquenta é bastante. Além disso, cresceu 2 centímetros nesse período. Ou seja, chegou aos 49 cm. E hoje (mamãe tá escrevendo no dia 21) você já deve estar maior. Já percebi que suas mãozinhas estão maiores e mais gordinhas. As bochechas também estão crescendo. Também, você tá que mama!!!

16 de fevereiro de 2009

Rafael é paulistano! A saída da maternidade


Era manhã de sexta-feira, dois dias após o parto e nós tivemos alta da maternidade. Foi super rápido, porque estávamos bem. Dra. Paula passou para dar alta e disse que tudo seria bem melhor em casa e que eu sentiria um prazer danado em sair dali com você para ir para o nosso mundo. Confesso que fiquei em dúvida... sei lá, achava que talvez fosse mais garantido passar mais uma noite na maternidade, só para ter certeza de que íamos sair sem parecer que o lugar tinha pressa para abrir novos leitos. É, o engarrafamento por lá continua. Seu pai até ficou "pê da vida" com a velha que estava entrando no nosso quarto para nos apressar. Eu então, pirei quando ela deu uma viradinha no seu bumbum para tentar te fazer mamar mais rápido. Desaforo! Ele disse que se ela aparecesse com ele no quarto ia ter... porque nós tivemos que esperar para entrar, então eles que nos esperassem para sair quando estívessemos prontos. Com razão. A partir daí, eu nem me preocupei. Além disso, o Dr. Fran, que será seu pediatra graças à coincidência de ser quase da família paterna, tinha passado há pouco no quarto para te liberar. Ele tinha vindo cedo, mas com a obstetra por lá, foi dar alta a outros bebês e voltou bem mais tarde. Seu pai estava no cartório para te registrar e a mamãe conversou com ele sozinha.

Ele passou algumas informações sobre esses dois dias e meio por lá. Você, que nasceu com 2.910kg, tinha perdido um pouco de peso de quarta para quinta (normal, afinal todo bebê nasce muito inchado - prova disso é o seu rostinho nas fotos do parto, bem diferente do bebê que você está se tornando). Mas da quinta para a sexta-feira, ganhou peso! É, saímos com você pesando 2.795kg. Perdeu só 115 gramas, muito menos que os 10% comuns. Segundo ele, era sinal de que você já estava mamando leite. Que maravilha ouvir isso. Dr. Fran explicou que o leite costuma descer entre o 3o e 5o dias... mas que já dava para dizer que era leite, porque o colostro não dá ganho de peso.

Te amamentar é uma delícia, apesar da dor que sempre é a primeira sugada! Você vem sempre numa ânsia furiosa que a mamãe fica pra morrer. Vovó Paula hoje até saiu de perto de tanta aflição (foi engraçado!). Mas a agonia dura pouco... uns 2 minutinhos depois, a dor passa e o resto do tempo é só alegria. Mamãe curte demais esses momentos. Ficar olhando para o seu rostinho não tem preço.

A saída

Pois bem, já era quase meio dia e você, que só tinha mamado de madrugada, lá pelas 5h30, ainda não se interessava em mamar de novo. Ainda bem... (mamãe logo explica porque). Seu pai foi colocar as coisas no carro e a mamãe ficou esperando ser chamada no quarto para descer com você. Nossa, que orgulho sair de lá MÃE. A enfermeira não me deixou te carregar. São normas de segurança. Ela te leva até a portaria, o segurança checa a pulseirinha e só da porta pra fora é que os pais podem pegar. Você já foi direto para o seu bebê-conforto que, de tão nota 10, nem precisa de nada para apoiar o pescocinho. Você ficou super bem encaixadinho. Chovia filho... como nos dois últimos dias, em que a mamãe achava até que estava na Europa, olhando pela janela, de dentro do quarto.
O trânsito estava daquele jeito: pa-ra-do! Seu pai dirigindo e a mamãe atrás, do seu lado, namorando-o pelo espelhinho do carro. Uma delícia voltar para casa em família!
A Av. Paulista simplesmente não andava e foi simultâneo o comentário: "Olha o trânsito! Ainda bem que a gente não poder andar rápido!". Mamãe nunca agradeceu tanto por um engarrafamento como aquele. Só começou a dar uma fome absurda, de deixar até nervosa. Você estava lá como um anjo, dormindo, lindo, abençoado... Uns 40 minutos depois de sair da Pró-Matre, ainda estávamos no Pão de Açúcar da Heitor. Seu pai parou, foi comprar algo para comer e mamãe ficou com você. Foi só parar que você passou mal, vomitou pela primeira vez. Deve ter sido o movimento. Tadinho... mamãe te pegou correndo, tirou a sua blusinha e pronto. Você nem reclamou, voltou a dormir de barriguinha pra baixo, desta vez. Ficamos parados no estacionamento, pra te dar um tempinho e continuamos no caminho. Eu com você no colo e o papai passando uns pãezinhos de queijo... mamãe estava com tanta fome que até comeu um pão francês puro depois. Foi engraçado e, só de me lembrar estou rindo... seu pai dizia: "Ave, olha só... estamos parecendo dois retirantes famintos..." Só para me fazer rir, ainda com os pontos, sem cinta... foi duro conter as risadas. Mas a fome era tanta que não dava para esperar chegar em casa. Não daria mesmo! De lá para cá, em menos de três quilômetros, gastamos mais de 25 minutos. E na hora que andava um pouquinho mais rapido, a uns 30 km/h, mamãe pedia para seu pai andar mais de vagar.

Chegamos! Que sensação gostosa. Mamãe te apresentou a casa e foi direto deitar no sofá com você, onde ficamos um bom tempo até o almoço.
Sentamos na mesa e olha quem aparece no portão: sua avó Paula. Oba!!!! Eram pouco mais de 14h horas... e a nossa vidinha em casa começava. Neste início, com a ajuda divina da sua vó, que se encantou logo de cara. Você é a coisa mais linda do mundo!

15 de fevereiro de 2009

Rafael é paulistano!




Em breve, a história da saída da maternidade. A 10km/h, num mega engarrafamento de uma sexta-feira chuvosa na capital paulista. Ainda bem que a gente não podia acelerar mesmo...

Pele de pêssego



Filho, foi a maior emoção da minha vida... sentir o seu rostinho recém nascido encostar no meu meu...(suspiros!). Só de pensar meus olhos enchem d'água. Você tinha a pele de pêssego! Veio empacotadinho, só com o rostinho de fora e a touquinha na cabeça: a coisa mais liiinnnnnda do muuunnnndo! Que plenitude! Nunca vou me esquecer daquela sensação indescritível.
Era pouco mais da meia noite e meia do dia 11 de fevereiro de 2009. Você nasceu aos exatos 00:35. Mamãe ouviu a equipe médica anunciar, mas como estava desde o início da anestesia quietinha, de olhos fechados, quando você apareceu foi uma surpresa maravilhosa. Só consegui dizer: "Ele é lindo!", enchendo o peito de alegria e orgulho. Apesar de prematuro - 36 semanas e 4 dias - nasceu perfeitinho, sem nenhuma incapacidade do pré-termo. Mamãe ouviu os parabéns da equipe e lembra principalmente do anestesista, que ela nem conhecia. Me lembro da Dra. Paula chamá-lo de Seráfi. Ele foi uma benção. Tranquilizou a mamãe desde o início. Se apresentou e começou os procedimentos. Tudo muito rápido. Mamãe começou a tremer de frio pouco depois da primeira anestesia e reclamou disso, porque não queria ficar batendo queixo. Mas ele disse que naquele momento não poderia me dar uma medicação para conter o tremor antes do bebê nascer e avisou que ia ser rápido. Eu, para evitar a apreensão provocada pela tremedeira, resolvi fechar os olhos e não falar nada. Foi a melhor coisa que fiz. Curioso, porque o seu tio Pedro, na conversa por telefone antes da gente ir para a maternidade aconselhou: "Irmã, feche os olhos na hora, porque vai ser bem melhor. A tia Eliane viu tudo e sentiu muita dor (ou algo do tipo)!". Sábia sugestão, vinda de quem tem apenas 12 anos (você vai se orgulhar desse tio, inteligente, cuidadoso e decidado que só ele mesmo!). Ao decidir ficar quietinha, de olhos fechados, tudo pareceu rápido e tranquilo. Mamãe não sentiu uma dorzinha sequer e só ouviu o que interessava: o anúncio do nascimento, os parabéns, a médica dizer que você nasceu super bem e o seu peso - 2910 kg. Mais do que o estimado no ultrassom que nos mandou para a o parto. Foi uma benção, porque eu estava super preocupada com as suas condições dentro da barriga sem o líquido amniótico. Ah, mamãe também não se esquece do seu choro intenso ao nascer.

Logo depois, uma médica se apresentou como pediatra e disse que você estava ótimo e que iria para observação. Ela disse: "Eu vou dar uma chance para ele mostrar se está bem mesmo, porque nasceu um pouquinho antes do tempo..." e disse que logo você poderia estar conosco. Dito e feito, apesar de ter vindo antes, você nem foi para a UTI neonatal. Chegou com peso de alguns bebês que nascem até de 40 semanas. Se você tivesse líquido suficiente para ficar mais umas semanas na barriga, ia nascer um bezerrinho, grandão. Durante o pré-natal a médica dizia que você era um "meninão". O que se confirmou, afinal, quase um mês antes da data máxima - 07 de março - você chegou pesadinho e grandinho.


Seu pai




Ele estava o tempo todo comigo. Só nos separamos quando me levaram de maca da triagem direto para o centro cirúrgico. Ficamos esperando mais de duas horas porque, como tudo em SP, tinha tráfego...tráfego maternal, principalmente no "pronto-socorro", por onde todas que chegam têm de passar. Ele cuidou da documentação, do registro, da entrega da guia do plano, entre outras coisas. Eu fiquei lá, sentadinha até ele voltar. Enquanto esperávamos, eu tentava ficar tranquila e seu pai ajudava dizendo que logo logo a gente conheceria a sua carinha e que os médicos disseram que estava tudo bem. A Dra. Paula chegou, conversou um tempo conosco, nos fez rir, pra variar, e disse que tudo daria certo. Ela dizia: "Pense, vai ser até melhor... já imaginou você ficar mais um tempo com essa barriga, desse jeito... e citava os incômodos pelos quais eu andei passando. O parto estava previsto para às 23h, mas com o engarrafamento já tínhamos percebido que não ia dar. A médica também tentou agilizar o atendimento, mas acho que esperamos ali até pouco mais das 23h15. Quando fui chamada começaram os procedimentos: inúmeras perguntas, medida de pressão e preenchimento de papelada. Seu pai devia estar desorientadinho apesar de, aparentemente, manter a calma. A enfermeira perguntou a idade dele e ele esqueceu! rs. Eu respondi: 48, recém completos em 06 de fevereiro. Poucos dias antes do seu aniversário filho. Você é aquariano como ele!
Quando subi com as duas Alines - auxiliares do centro cirúrgico, ele foi trocar de roupa para acompanhar o parto. Eu até fiquei preocupada, porque a equipe cirúrgica estava tão ágil com tudo que achei até que fossem começar a cesárea antes dele chegar. Mas logo logo ouvi alguém dizendo que o pai tinha chegado na sala. Que alívio! Ele me deu a mão, ficou ali sentadinho do meu lado e depois foi ver tudo, coisa que eu só soube depois. Olha como são as coisas, o auxiliar da Dra. Paula é irmão de um repórter lá da Gazeta. A coincidência fez com que ele chamasse o seu pai para assistir tudo de frente, em vez de ficar só do meu lado esperando pra ver você sair. Ele que ama Discovery Health e já assistiu trocentos partos na TV não perdeu a chance. E aguentou firme, porque não é brincadeira. Imagine, filho, ele ficar lá vendo tudo: os cortes, os pontos, as conversas dos médicos, até você aparecer. Tem homem que não aguenta, principalmente por causa da emoção, que é forte nessa hora. Eu não quis saber tantos detalhes, mas ele contou mesmo assim. Só não tirou as fotos dessa parte porque também não faria sentido. Mas tudo o que foi importante foi registrado com maestria. Mamãe chora só de ver. Ainda bem que ele tem esse gosto por registrar os momentos importantes. Isso é história e os registros são uma parte importante dela. Você vai se orgulhar de ter tudo isso no seu arquivo de vida, mamãe tem certeza!

14 de fevereiro de 2009

Mais que mil palavras...

São Paulo, 11 de fevereiro de 2009, 00h35: nasce Rafael, 2,910 kg, 47 cm









10 de fevereiro de 2009

Extra, extra! O parto é hoje!




















Hoje é terça-feira, 10 de fevereiro de 2009: adeus barrigão! Rafael vai nascer....

Ai, meu Deus! Só de pensar dá um frio na barriga... Mamãe não imaginou que fosse ser assim, filho, de supetão. Hoje mesmo, no banho, bateu um papo com você, pra tentar combinar a sua chegada para depois do Carnaval, quando você já estaria certamente madurinho e quando a possibilidade de um parto normal poderia ser cogitada. Saímos para o ultrassom da 36a semana e 3 dias e o médico disse que ia ser hoje. HOOOOOJJJJJJJJJJJJEEEEEEEEE filho? Como assim? Mamãe ficou com o coração apertado... ainda está um pouquinho, mas sabe que essas horinhas estão sendo super importantes para eu me acostumar com a sua chegada antecipada. Ouvimos que o líquido aminiótico está quase nulo e que pra você isso não é bom. Atenção: você está bem: com estimados 2.700 kg e 46 centímetros.
Será que o que provocou isso - a antecipação - foi o antiinflamatório que a mamãe tá tomando desde quinta-feira? Pensei só em você... quero que você esteja bem ainda aqui dentro da barriga, nessa temporada que teve o fim antecipado. Mas o medo da cesárea também bateu, não dá para mentir. O dr. Mauro ligou para a Dra. Paula e nos mandou para casa avisando que era para nos preparar para receber você hoje. É o que estamos fazendo desde às 5h da tarde. Mamãe ligou para sua vó Paula com o coração na boca... com medo, pra falar verdade. Ela foi pega de surpresa! Imagine, se preparando para vir para SP ficar com a gente daqui uns 15 dias e, de repente, recebe a notícia de que vai ter de antecipar a vinda, porque você vai nascer. NASCER?!!!! Gente, que coisa! Mamãe e papai vão te conhecer hoje, filho!
Mamãe tá chorando, seu pai aqui me abraçando... já falamos com a vó Paula, que tá se ajeitando para chegar amanhã, com o seu avô Marcos - que voltou para a Bélgica anteontem. Gente, como assim? Por pouquíssimo ele não te vê - com a vó Nair, e com as duas Ju Sih e a namorada do vô. Duas ligações tranquilizadoras... as duas passaram por isso: vai para o ultrassom e direto para fazer a mala, preparando para a cesárea. Mamãe já pediu a benção de papai do céu... é só isso que ela quer! Que tudo dê certo e que ela fique bem tranquilinha para a sua chegada. Vc é abençoado, amado, desejado. Vou terminar de arrumar as coisas porque já são 20h11 e temos que chegar na maternidade por volta das 21h, duas horas antes do início para a sua chegada. DEUS NOS ABENÇOE... hoje e sempre!
A gravidez foi uma delícia... a sua chegada há de ser ainda mais maravilhosa!