24 de novembro de 2011

Rafael e a escolinha

Que orgulho é esse que a gente sente de filho quando as coisas andam bem? Tô assim, hoje! Efeito da reunião de fim de ano na escolinha. Fomos hoje, eu e seu pai.
Chegamos lá sabendo que teríamos de dar a notícia que nem você sabe ainda: vai mudar de escola, coisa que eu decidi e que está partindo o meu coração. Mas isso ficou para o fim.
Passamos boa parte do tempo ouvindo sobre o seu perfil, seu comportamento, suas atividades, suas provocações com a querida Maria Tereza, tadinha! Regiane, professora, disse que você é participativo, se envolve nas atividades e gosta de determinar para que as coisas saiam do seu jeito. Disse ainda que você é prestativo ao ponto de tirar de alguém a função que foi pedida para o outro. Ex.: "Valentina, traz isso pra mim!", a professora diz. Você vai lá, corre, pega da mão da colega e traz para professora. Aí não pode, né, filho?! Mas a Cilene, que se antecipou à chegada da coordenadora, já havia dito que toda criança dessa idade - 2 anos - é egocêntrica. E a escola é importante para que vocês percebam que as coisas não são apenas como vocês querem, que há outros desejos e vontades diferentes também. Pra quem tem personalidade forte, como você, é ainda mais difícil de lidar. Coisa que elas não verbalizaram, mas a gente sabe.
Simone, coordenadora, disse que você é uma criança completamente diferente do primeiro semestre. Que hoje é possível te ver paradinho, numa atividade. Disse que você é um desafio, porque toda hora elas tem de propor algo diferente. Não existe achar que você vai ficar muito tempo numa atividade específica, monótona, que exija ficar quieto, parado... Que você exige coisas diferentes, senão perde o interesse. Ela perguntou se a gente te leva bastante no teatro, porque você adora... fica com os olhos brilhando, prestando atenção. Eu contei que tem fim de semana que você diz algo do tipo: "Mãe, hoje vai chover pra gente ir no teatro, né?!" Imagine, fruto de uma única vez que eu disse que teatro é para dia chuvoso, de tempo ruim... quando faz sol a gente vai para o clube.
Isso também apareceu no discurso. "Para o Rafael, uma única vez é suficiente para ele nunca mais esquecer!", disse a coordenadora. "Ele capta as coisas muito rapidamente, faz associações e tem uma memória incrível!" Deu um exemplo: outro dia estavam ela e a professora falando do tempo, que parecia que ia chover. Você escutou e disse: "Lá na minha casa também choveu!" Numa outra vez, pediu para a professora assistente contar a história do cabrito que fazia sei lá o que... você já contou aqui, mas eu me esqueci. E elas disseram que você lembrava detalhes depois de ouvir uma única vez. É assim também com músicas. Foi quando a coordenadora disse o que nós da família já percebemos, mas eu nunca tinha ouvido da escola: "Ele tem uma inteligência alta, acima da média. Precisa de desafios o tempo todo. Como pega as coisas muito rapidamente, ele também cansa muito rápido. E pra mantê-lo interessado não é preciso quantidade e sim qualidade. São pequenas coisas que podem despertar a atenção dele e que representem uma coisa nova, desafiadora." A descrição perfeita sobre você!
Elas contaram ainda que você conta tudo da sua vida, que foi pra Monte Verde, que lá tem o cavalo Campeão, que fala da Dorinha, divide as experiências e que todas as suas vivências têm muita importância para você. Nessa hora eu fiquei muito feliz, porque é a comprovação de que você tem uma vida bacana e de que você é feliz, como seu pai sempre diz.
Bom, no fim, quando elas foram falar do ano que vem, que o trabalho é para manter pelo menos uma pessoa que já é uma referência para as crianças, chegou a hora da gente dizer. Eu comecei a falar, seu pai completou e eu disse que ainda não tinha tido coragem de te falar, porque você ama a escola. Ela disse que era melhor mesmo, porque ia despertar uma ansiedade desnecessária. A minha decisão foi tomada num período de frustração. Eu acreditava que tinha progredido mais do que os outros no trabalho com você. Mas depois isso passou e, já há algum tempo, acho até que você pode querer voltar pra lá depois de pouco tempo na nova escola - que é encantadora, mas não é a que você já ama. A coordenadora foi bacana. Me surpreendeu até. Disse que você já se adaptou a muitas mudanças - como a troca de babás - e que ela acha que você vai se adaptar sim, mas que a escola estará sempre aberta para te receber. Saí um pouco triste, confesso. Mas, como diz seu pai, ouvimos muita coisa que fortalece a escolha de uma escola que parece ter muitos componentes para captar o seu interesse. É um lugar muito bacana também. E, se o afeto não vir, a gente tá pronto para voltar atrás. Porque você filho vai extrair o melhor de onde você estiver. Como disse a Simone: o trabalho com você precisa ser artesanal. Pode ser uma coisa simples, mas tem de ser interessante. É o que a gente busca em tudo na nossa relação com você. Foi um orgulho! Você é o nosso orgulho.