24 de outubro de 2008

A Concepção


Era a noite do dia 16 de junho de 2008, uma segunda-feira, e eu já tinha passado o dia acreditando que estava no período fértil (depois eu conto o porquê). Seu pai sabia e chegou em casa com uma surpresa: um vaso de flores vermelhas lindas, bem arranjadas, perfumadas. Junto, o que mais me emocionou: um cartão no qual ele dizia: "Pri, meu amor, minha eterna e doce namorada, eu te amo!". Chorei, claro. A foto ao lado, tirada com o iphone dele dá para perceber a felicidade. Ele dizia que eu estava diferente naquela noite... E acho que estava mesmo, talvez especialmente apaixonada. Eu olhava para ele e o via super poderoso, desde que apontou na garagem. Engraçado, mas a consciência de que você pode engravidar numa noite específica, tendo escolhido isso depois de 5 anos e meio de casados pensando, planejando, mas evitando, é algo muito forte. E saber que o seu pai tinha o poder de fazer um filho foi demais!  Ah se todos os filhos fossem concebidos assim... teriam todos uma cota de felicidade armazenada já no DNA. Como o seu pai tinha voltado naquele dia mesmo de Maceió, onde estava desde o dia 14 de junho - o dia dos namorados, que nós não comemoramos porque marcaram a ida dele para lá justo na tal data - ele trouxe uns creminhos e sabonetes líquidos de chocolate. Cheirosos... Foi um banho gostoso. Eu tinha me desligado do horário, nem estava preocupada com ter de levantar no dia seguinte cedo, às 6h da manhã. O dia tinha sido especial, a crença na ovulação indescritível... só pensava em aproveitar o momento. E foi o que nós fizemos. Foi pleno. 

Rafael, você talvez ache surpreendente, mas naquela noite eu mentalizei um menininho... era como se tivesse fabricando mesmo um filho encomendado. Talvez tenha sido o melhor namoro da vida, de tanto que foi singular. Seu pai dizia: "Pri, se você engravidar hoje, eu vou jogar na mega-sena!" rs. É, imagine... a pessoa escolher um dia e vivê-lo acreditando que vai ficar grávida e de fato isso acontecer?! Estou certa de que não é para qualquer um. Mas eu já sabia que se nós engravidássemos no tal dia, já seria a conquista do prêmio. E foi! 
No dia seguinte, já no trabalho, eu comecei a sentir um revertério (é a única forma de explicar) na barriga incrível. Parece que as coisas mexiam...e eu não tive a mínima vontade de comer o lanchinho que eu sempre comia - meu sanduichinho integral de queijo branco e peito de peru light. A Laura, logo que cheguei veio correndo me perguntar: "E aí?". Eu disse: "E aí que se tiver que ser, já foi! Não fiz nada para evitar a gravidez ontem... e foi indescritível." Ela ria. E quis saber de tudo. Pior, achava que eu tinha desperdiçado a grande chance porque levantei e fui tomar banho. Engraçado isso! 

As sensações continuavam. Ainda naquela semana ou no início da seguinte, eu fui surpreendida, em vários dias, por um gosto muito estranho na boca. Me lembro que na época eu dizia para o seu pai que era uma sensação de um gelo seco, só que sem ser gelado nem quente. Os livros depois descrevem como a sensação metalizada. Talvez seja mesmo. Na semana seguinte, eu tive ginecologista com a Dra. Paula, indicada pela Fernanda de Luca, da TV (ela ajudou a escolher a médica, que também fez os dois partos dela, já te deu presentinhos e sabe da gravidez desde o início). No consultório eu disse que já tinha tido relação ovulando e que podia até estar grávida. Mas como foi num único dia, ainda tenho dúvida se ela acreditou na possibilidade. Até porque me explicou que a gente só engravida num dia do mês. A tabelinha com os 5 para cá e 5 para lá é só para não correr o risco, mas a gravidez mesmo só acontece num dia. Ou seja, é muita sorte ou muito azar, para quem não quer, né?! Ela disse que não ia me pedir nenhum exame, para não dá azar. Na verdade, acho que no fundo dessa justificativa tinha a preocupação de médica de não estimular uma ansiedade em mim. Afinal, há mulheres que piram na expectativa de um resultado. E eu, por mais que achasse que estava grávida, não tinha porque me preocupar, porque durante todo esse tempo com o seu pai aquela noite tinha sido a única em que a gente de fato não fez nada para evitar. Antes, eu me cuidava muito. Sabia que queria ter um filho, aliás, dois, mas não achava ainda que era a hora...Saí do consultório com a seguinte orientação: os sintomas do início da gravidez e pré-menstruais são muito parecidos. Vc vai sentir uma colicazinha, seu peito vai inchar... mas é preciso esperar o dia 03 de julho para fazer o teste de farmácia. Se não descer e der positivo, daí você está grávida mesmo!" Gente, esperar até o dia 03 de julho? Seriam mais dez dias pela frente e eu já tava sentindo um tanto de coisa...A tal colicazinha veio e eu achei estranho, porque nas vésperas da menstruação, ao longo da minha vida, nunca tinha tido essa sensação dias antes de menstruar. Comecei a achar que estava com gravidez psicólogica. É... uma coisa de doido. O meu corpo sinalizou tudo: a ovulação e o início da gravidez. Um privilégio, porque além de ter escolhido o dia em que você foi fabricado, eu não perdi nenhuma sensação. 


Ovulando, como assim?

Eu já estava sentindo desde o rali do fim de semana em Uberlândia uma sensibilidade extrema no peito... doía com a força da água do chuveiro. Na segunda-feira cedo comentei no café lá na TV com a Laura, que já estava grávida do Lucas há 6 meses. Ela disse: "Então você vai ficar menstruada!". Eu fiz: "Não, fiquei há umas duas semanas". Daí, sem titubear ela disparou: "Então você está ovulando!". Como assim, ovulando? "Se você menstruou há uns 15 dias, está ovulando. Tá tendo corrimento? " Gente, como ela sabia até disso! É a super nanny mesmo! Incomparável! Sabia tudo de gravidez desde o início. Pronto... foi ela dizer isso para eu ficar louca. Imagine... ovulando? Depois de anos tomando pílula, eu não tinha essa sensação, né? Passei o dia pensando nisso, até porque o seu pai voltava de viagem justamente naquela segunda-feira, depois de quase uma semana em Alagoas. Eu pensava constantemente: "Será que estou mesmo ovulando? Será que eu posso engravidar hoje? Será que eu não faço nada para evitar? " Foi um dia inteiro de pensamentos... Falei até com a Paula personal, que sugeriu: "Ah, Pri, veja qual é... não faça nada para evitar. Se for pra engravidar, vai acontecer!" Naquela altura, às 17h, eu já estava totalmente envolvida com a idéia. Liguei para o seu pai e avisei: "Estou ovulando e estou com más intenções! rs." Más não, ótimas, né?! Ele nem acreditou! Mas chegou em casa com as flores, porque eu já tinha anunciado a minha decisão.


Sua mãe

4 comentários:

Anônimo disse...

Maravilha! Milagre!
Amei.

Priscilla disse...

Pri, adoro como você escreve, me emociono toda vez que eu leio. Te amo.
Marco

Bia e Euzébio disse...

Nossa, ia escrever exatamente o que o papai do Rafa escreveu, estou super emocionada amiga!
E como é gostoso ler e poder "vivenciar" seus sentimentos.
Que bom poder compartilhar esse momento tão único e mágico com você.
Que Deus abençoe sua família sempre!
Beijos

Unknown disse...

hahahaha... Adorei.
Me lembro como se fosse ontem o dia D.
E tomar banho logo depois, hehehehe. Dessa não me lembrava.
Beijos