9 de abril de 2010

Amamentação - o fim de um processo delicioso

Mamãe está aqui, um pouco catando milho por causa do polegar direito quebrado numa porta de aço contra incêndio da TV, porque não dá mais para adiar esse registro. Já faz quase um mês que você deixou de mamar (com 1 ano e 1 mês de vida) e o fim desse processo é, para mim, um grande marco na sua vida. Aliás, na nossa!
Eu confesso que foi difícil decidir reduzir algumas mamadas, o que provocou a diminuição do leite, até a secagem completa. A principal dificuldade se deveu ao fato da Sociedade Brasileira de Pediatria recomendar a amamentação até 2 anos. Eu nem pensava ir tão longe, sinceramente. Mas achava que, já que tem essa orientação, deveria pelo menos passar pelo próximo inverno te amamentando. Até largar, você NUN-CA tinha tido um nariz escorrendo sequer!
Mas, o problema é a sociedade! Um horror filho! As pessoas ironizam, pressionam, criticam, perturbam quem amamenta até um pouco mais tarde. E olha que hoje, depois de ter você, que eu nem acho um ano tarde assim. Pelo menos quem tem filho deveria entender o que digo.
Foi a coisa mais maravilhosa do mundo, um prazer inigualável! Até o quinto mês, me orgulhava de saber que tudo que você era tinha saído de mim, afinal, você só mamou no peito até ali. Depois, fomos com leite materno até o oitavo! E, aos poucos, fui introduzindo leite industrial ( uma mamadeira por dia). Até o Ano Novo, ainda mamava três vezes ao dia (antes da mamãe sair para o trabalho, quando ela chegava - uma delícia para matar a saudade - e à noite, antes de dormir. Foi quando tirei a da tarde e comecei a complementar a da noite.
Queria mesmo diminuir pelo menos uma, já que você completaria um ano dali a pouco mais de um mês. O pediatra sugeriu que eu diminuísse a frequência a caminho do fim dessa fase. Isso foi tranquilo e me deu liberdade para não ter de voltar correndo, apesar de sempre ter feito no maior gosto.
Quando você fez um ano, confesso que eu não estava decidida, mas acabei deixando de pegar você no berço pela manhã antes de ir trabalhar. Era um momento muito gostoso pra mim e importante pra você também. Mas, em alguns dias, você já não voltava mais a dormir, como fez durante meses. Coloquei na cabeça que isso poderia estimular ainda mais o seu sono matutino e que isso me beneficiaria nos fins de semana de folga, sem babá. Coisa que não aconteceu muitas vezes, já que nas nossas folgas você costuma acordar mais cedo do que o normal. Pra aproveitar, né?! Se bem que já são quase 9h da manhã e ainda está dormindo.
Bom, voltando à decisão de não te pegar, eu já sabia que isso ia provocar o secamento total do leite e estava insegura. Não estava certa de que era uma decisão correta. Me sentia cedendo à pressão social e isso me incomodava profundamente. Sem ir à análise, ouvi seus avós maternos durante o primeiro fim de semana de março, numa visita à BH. Seu avô mamou até 1 ano e 1/2 e ainda hoje quase não adoece, graças a Deus. Mas eles disseram que o argumento de estimular mais o sono era uma boa decisão, que você já tinha recebido a imunidade suficiente... e que a história da SBP era para mães que não tem condições para comprar leite de qualidade, etc. Acabei tomando a decisão. Acho que ouví-los era o que faltava para ter segurança.
No dia que seu pai viajou para a Medelín, a trabalho, 14 de março (nosso aniversário de casamento, de 7 anos!) um domingo, não dei mais. Até ofereci, mas você sugou muito forte e doeu! Era o sinal!
Na segunda-feira, não ofereci e pensei na terça: "Vou tirar a prova hoje!". Não deu outra, não tinha mais nada. Doeu de novo e, desde então, não te ofereci mais.
Para a minha surpresa e também alívio emocional, você não teve problema algum. Já estava super bem adaptado ao leite de mamadeira e nem procurou mais o peito. Isso foi até bonitinho! Cresceu e superou super bem o fim desse processo, que nos uniu, nos fortaleceu e nos fez amar ainda mais um ao outro. Eu acredito nisso! Foi delicioso, filho! Obrigada por ter me ajudado a ser uma mãe que amamentou. Isso não tem preço!

Escrito em 05/04

Um comentário:

Manoela Maia McGovern disse...

Nossa (peguei com a sua mãe Rafael essa mania de falar "nossa"), me emocionei com o texto e quero te parabenizar Pri por ter sido tão persistente. Sei bem o que você passou porque aqui em Nova York as mães que conheço são preguiçosas e ficaram me aconselhando a não dar de mamar. Umas diziam que os meus seios iam cair, outras que o leite materno parece água e que não é forte o suficiente e uma outra disse que pro bebê ficar gordinho e fofo eu deveria dar leite artificial. Sinto muito orgulho de amamentar apesar dos conselhos e das dificuldades normais do início. Pretendo amamentá-lo pelo menos até os 8 meses. Ler um texto como esse só me faz ter mais orgulho do que estou fazendo e manter firme nesse processo que conecta mãe e filho de uma forma tão linda. Rafael você é abençoado por ter uma mãe tão consciente e determinada!